Parece difícil (quase impossível) visualizar um mundo sem o Instagram. Lançado em outubro de 2010, a rede social está completando 15 anos. Lá atrás, a plataforma funcionava basicamente com um álbum de fotos com filtros retrô. Agora, dita tendências, transforma relações de consumo, cria profissões, informa (e desinforma) e promove debates.
Em 2012, o aplicativo foi adquirido pelo Facebook por US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) — um dos maiores negócios da época no setor de tecnologia. Atualmente, acumula três bilhões de usuários ativos mensais; no Brasil, são mais de 140 milhões de usuários, o que coloca o país em terceiro lugar no ranking dos que mais acessam a plataforma em todo o planeta.
Um estudo do Opinion Box mostrou que 93% dos usuários acessam o Instagram pelo menos uma vez ao dia, sendo que 57% entram várias vezes ao longo do dia e 17% chegam a manter o aplicativo aberto o tempo inteiro. No ano passado, foi a plataforma mais acessada (68%) pelos brasileiros para informação, de acordo com um relatório do Aláfia Lab, seguida por YouTube (55,9%) e Facebook (43,7%).
Ainda segundo o levantamento, o nicho de Viagem e Turismo lidera no ranking do tipo de conteúdo que mais atrai os usuários, com 52% demonstrando interesse nesse tema. Em seguida, temas relacionados à Saúde/Fitness (44%), Gastronomia/Receitas (42%) e Humor (42%) surgem no ranking.
Os dados por si só já indicam uma mudança significativa na maneira como nos comunicamos. E isso é reflexo dos diferentes recursos criados pela plataforma para transmitir uma mensagem, como vemos abaixo.
Notícias em tempo real
Lives e stories transformaram a velocidade da informação: hoje, um acontecimento não é apenas noticiado, ele acontece para o público em tempo real. Essa proximidade cria engajamento imediato, mas também aumenta a responsabilidade: cada clique pode amplificar fatos corretos ou incorretos, e entender essa dinâmica é essencial para marcas e veículos.
O poder do visual
No Instagram, o visual é protagonista. Imagens e vídeos emocionam antes de explicar, criando conexões instantâneas. O que antes dependia de textos longos agora pode ser comunicado em segundos, tornando a informação mais envolvente e memorável — uma prova de que, no digital, ver é muitas vezes acreditar.
Hashtags como mobilização
As hashtags funcionam como ferramentas de organização e visibilidade global. Movimentos sociais, causas ambientais e debates políticos utilizam hashtags para criar comunidades de interesse, consolidar narrativas e amplificar vozes que, muitas vezes, não encontrariam espaço nos meios tradicionais, transformando usuários individuais em coautores de processos culturais e sociais.
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A era do efêmero
Com os Stories, a urgência passou a ditar o consumo de informação: o conteúdo desaparece, e a atenção precisa ser conquistada a cada segundo. Essa efemeridade mudou a forma de produzir, planejar e narrar histórias, tornando a comunicação mais dinâmica, ágil e focada na relevância imediata.
Influenciadores como fontes
Criadores independentes se tornaram referências confiáveis, disputando espaço com veículos tradicionais. Essa mudança evidencia que autoridade não é mais só institucional: é construída na confiança, autenticidade e proximidade, redefinindo como marcas, jornalistas e públicos interagem.
Algoritmos e bolhas
A personalização do feed transforma a experiência em relevante e eficiente, mas também cria ecossistemas fechados, onde informações circulam apenas entre quem pensa parecido. Entender essa lógica é chave: marcas e usuários precisam equilibrar relevância com diversidade de perspectivas, para evitar reforçar vieses e polarização.
Informação como economia
No Instagram, atenção é moeda. Cada like, share ou save não é apenas engajamento: é um indicador de valor estratégico. O conteúdo deixou de ser neutro e se tornou ativo econômico, integrando informação, marketing e comportamento em um ecossistema digital que recompensa quem sabe capturar e traduzir atenção em experiências significativas.
“Cada feed, cada algoritmo e cada formato de interação carrega potencial para ampliar vozes, democratizar oportunidades criativas e gerar experiências significativas, mas, como tudo, tem dois lados: também apresenta riscos, como bolhas informativas e desinformação”, avalia o Palestrante de Inteligência Artificial, especialista em dados e professor de MBA da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Kenneth Corrêa.
“O desafio para os próximos anos é equilibrar alcance, diversidade e qualidade da informação, usando a tecnologia não apenas para informar, mas para conectar pessoas, gerar empatia e fortalecer narrativas que sejam ao mesmo tempo humanas e responsáveis”, acrescenta o autor do livro “Organizações Cognitivas: Alavancando o Poder da IA Generativa e dos Agentes Inteligentes”.
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