Desde que foi descoberto, o cometa 3I/ATLAS está na mira de diversos telescópios espaciais e terrestres. As observações são analisadas por cientistas do mundo todo, empenhados em desvendar os segredos do objeto, que é apenas o terceiro visitante interestelar já detectado no Sistema Solar.
Após se encontrar com o Sol no fim do mês passado, o “forasteiro” começou a trilhar o caminho de volta para casa (seja lá onde for). No trajeto, ele vai alcançar a distância mínima da Terra, enquanto segue viagem para além das fronteiras da nossa vizinhança cósmica. Essa aproximação representaria algum risco para o planeta?
Antes, vamos relembrar a história do visitante:
- Quando foi detectado, em julho, o objeto foi temporariamente chamado de A11pl3Z;
- Ele foi identificado como um cometa interestelar logo no dia seguinte, recebendo os nomes de C/2025 N1 (ATLAS) e 3I/ATLAS (entenda aqui);
- Em um dos primeiros estudos sobre o cometa, astrônomos estimaram que o objeto pode ter cerca de sete bilhões de anos;
- Isso faz dele mais velho que o Sistema Solar;
- Não demorou para surgirem especulações sobre possível origem tecnológica alienígena;
- Refutada pela maioria dos cientistas, a ideia foi descartada pela NASA;
- A teoria se baseia em detalhes como a composição química “bizarra” do corpo celeste, com a presença de níquel atômico, por exemplo;
- Missão SPHEREx, lançada pela NASA em março para mapear o céu em infravermelho a fim de investigar a origem do Universo, detectou dióxido de carbono na nuvem de gás que envolve o núcleo do cometa;
- Essa nuvem, chamada coma, brilha em verde e tem quase 350 mil km de extensão;
- Imagens capturadas por telescópios em solo mostram que o 3I/ATLAS desenvolveu uma cauda voltada para o Sol – chamada de anticauda;
- O objeto atingiu o periélio (ponto mais próximo da estrela) em 29 de outubro;
- Antes disso, ele passou relativamente próximo a Marte, sendo analisado por espaçonaves que orbitam o planeta;
- Missões dedicadas a investigar Júpiter e suas luas, como a Juno e a Europa Clipper, ambas da NASA, e a JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA), também estão sendo aproveitadas para estudar o ilustre visitante;
- Após dias desaparecido no brilho solar, o cometa voltou a aparecer no céu da Terra;
- Cientistas notaram que ele apresentou uma mudança de cor e uma aceleração diferente;
- O objeto atinge o ponto de aproximação máxima com o planeta em dezembro, a caminho de deixar o Sistema Solar.
Cometa não passa tão próximo assim da Terra
Há algum tempo, principalmente nas últimas semanas, o cometa 3I/ATLAS tem gerado uma onda de especulações e até certa preocupação nas redes sociais.
Relatos alarmantes de uma suposta “ameaça iminente”, envolvendo a ativação de protocolos de defesa planetária da NASA e a possibilidade de um impacto catastrófico, têm circulado em larga escala.
Scientists say a massive alien spaceship is hurtling towards Earth. Why aren’t more people talking about this?!?! 😱😱😱 pic.twitter.com/Q2NvVdcXa7
— Steven Greenstreet 🐷 (@MiddleOfMayhem) September 29, 2025
Não é de se espantar tanto interesse por um viajante cósmico de outra vizinhança que está atravessando o nosso céu a uma velocidade impressionante de mais de 210 mil km/h. E se ele chocasse com a Terra? Será que existe esse risco?
A resposta dos especialistas em astronomia e das agências espaciais é unânime: Não. O cometa 3I/ATLAS não representa qualquer perigo para o nosso planeta. Sua trajetória o mantém a uma distância segura, permitindo que ele seja analisado por cientistas como uma janela inédita para outros sistemas estelares.
Forasteiro carrega segredos mais antigos que o Sol
O cometa 3I/ATLAS se tornou um dos alvos mais importantes para a astronomia recente. Ele é chamado de objeto interestelar por ter origem fora dos limites de influência gravitacional do Sol.
Sua órbita é hiperbólica, o que atesta que ele está apenas de passagem pelo Sistema Solar e, diferentemente dos cometas nativos, não tem retorno previsto. O 3I/ATLAS é apenas o terceiro corpo celeste com essas características já catalogado (depois do asteroide 1I/’Oumuamua e do cometa 2I/Borisov).
Análises preliminares de sua composição sugerem que ele pode ter mais de sete bilhões de anos, tornando-o potencialmente mais antigo que o próprio Sistema Solar (com aproximadamente 4,6 bilhões de anos). Isso representa uma chance sem precedentes de perscrutar os processos de formação de planetas e cometas em outras regiões da Via Láctea.
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Colisão do cometa com a Terra é impossível
Astrônomos de todo o mundo, incluindo equipes da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), são categóricos: o 3I/ATLAS não está em rota de colisão com a Terra. A certeza é fundamentada no rastreamento contínuo de sua órbita, cujos dados são irrefutáveis.
Com a passagem pelo periélio concluída, o foco agora se volta para a aproximação máxima do cometa com o nosso planeta, que está prevista para ser alcançada em 19 de dezembro.
Nesse dia, o 3I/ATLAS não chegará a menos de 270 milhões de quilômetros de nós – o que é quase o dobro da distância entre a Terra e o Sol. Após essa passagem, o objeto continuará sua jornada, afastando-se permanentemente do Sistema Solar.
Então, podemos ficar tranquilos. Os cálculos de precisão confirmam que o cometa 3I/ATLAS não representa qualquer risco para a Terra, afastando de forma definitiva qualquer boato que circule nas redes sociais a esse respeito. Esse fascinante objeto é uma oportunidade rara para a ciência estudar materiais de outros cantos da Via Láctea – e não motivo para pânico.
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