Fósseis de 183 milhões de anos encontrados no Xisto de Posidonia, no sudoeste da Alemanha, intrigam os cientistas devido à tonalidade dourada que apresentam. Em um primeiro momento, acreditava-se que o revestimento era de pirita, o chamado “ouro dos tolos”, nome popular para dissulfeto de ferro, que, na verdade, só tem aparência de ouro, mas vale muito menos do que o metal precioso.
O Xisto de Posidonia abriga muitos desses fósseis de tom dourado, particularmente de animais marinhos de corpo mole, como lulas e embriões de ictiossauros que viviam por lá no início do Período Jurássico.
Embora a pirita tenha sido considerada a fonte desse brilho, uma inspeção mais detalhada revelou mais sobre as condições em que os materiais foram formados, em um estudo publicado recentemente na revista Science Direct.
Um dos fósseis dourados encontrados no Xisto de Posidonia. Crédito: Sinjini Sinha
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Rowan Martindale, professor associado da Escola de Geociências Austin Jackson da Universidade do Texas, nos EUA, um dos coautores do estudo, disse em um comunicado que a equipe quase não identificou pirita nos fósseis. “Mesmo os fósseis que pareciam dourados, são preservados como minerais fosfatados com calcita amarela. Isso muda drasticamente nossa visão desse famoso depósito fóssil chamado Konservat-Lagerstätten”.
A equipe usou microscópios eletrônicos de varredura para examinar mais detalhadamente esses espécimes dourados. Embora os pesquisadores tenham encontrado vestígios de cristais microscópicos de pirita chamados framboides no material circundante, eles descobriram que em todos os espécimes os fósseis eram compostos principalmente de minerais de fosfato.
A composição desses fósseis revela pistas sobre o ambiente que eles formaram há milhões de anos. A pirita se forma em condições anóxicas, enquanto os minerais de fosfato precisam de oxigênio – o que sugere que, inicialmente, o fundo do mar era anóxico, ajudando a preservar os fósseis, mas que uma afluência de oxigênio era substancial para incentivar os processos químicos necessários para esse tipo de fossilização.
A equipe acredita que os fósseis não foram preservados em condições anóxicas na água de fundo do sedimento, mas sim que a fosfatização aconteceu no limite das condições anóxicas e oxigenadas dentro do próprio sedimento, e que o oxigênio foi crucial para a preservação desses fósseis. Eles também apontam que essas condições são responsáveis por trazer à tona o brilho dourado dos fósseis.
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