As bebidas energéticas, cada vez mais populares entre jovens, atletas e gamers, prometem combater o cansaço e melhorar o desempenho.
No entanto, com a crescente expansão do mercado, surgem também dúvidas sobre os verdadeiros efeitos de seus ingredientes – especialmente a taurina, um dos principais compostos presentes nessas bebidas.
Segundo Gulshanara Begum, professora sênior em Nutrição e Ciência do Exercício na Universidade de Westminster, a taurina tem sido associada a benefícios como suporte cardiovascular e melhora cognitiva, mas novos estudos indicam que, sob certas condições, ela pode representar riscos sérios.
“A taurina tem potencial terapêutico, mas não deve ser tratada como uma solução universal e segura para todos os contextos”, alerta.

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Os riscos oferecidos pela taurina
- Um estudo publicado na revista Nature em maio de 2025 mostrou que células leucêmicas conseguem absorver taurina do ambiente para acelerar sua multiplicação.
- Em experimentos com camundongos e células humanas, bloquear esse processo retardou significativamente a progressão da doença.
- Para Begum, esses achados “sugerem que a suplementação de taurina pode piorar os resultados em pessoas com leucemia”.
A taurina é naturalmente abundante no corpo humano, especialmente no coração, músculos e cérebro. Ela pode ser obtida pela dieta e também sintetizada pelo organismo, desde que haja disponibilidade de nutrientes como vitamina B6.
A maioria das pessoas consome de 40 a 400 mg de taurina por dia apenas com a alimentação, enquanto bebidas energéticas geralmente contêm cerca de 1 grama por dose – valor abaixo dos 6 gramas diários considerados seguros pela EFSA.

Atenção na quantidade
Ainda assim, Begum destaca que a segurança está no contexto: “Tomar taurina como parte de um tratamento clínico é muito diferente de ingerir grandes quantidades em bebidas açucaradas e cafeinadas.
Essa combinação pode sobrecarregar o organismo e trazer riscos, especialmente para pessoas vulneráveis.”
Mesmo com algumas pesquisas sugerindo que a taurina possa aliviar efeitos colaterais da quimioterapia, a especialista ressalta que os efeitos do composto são complexos e dependem da condição individual.
“O que é benéfico em um cenário pode ser prejudicial em outro. Por isso, moderação e orientação médica são fundamentais.”
No fim das contas, segundo Begum, adultos saudáveis que consomem bebidas energéticas ocasionalmente não precisam se alarmar.
“Mas é prudente evitar excessos e não fazer uso de suplementos por conta própria. Uma alimentação equilibrada continua sendo a forma mais segura e eficaz de manter os níveis de energia”, ressalta a professora.

O texto original sobre o assunto foi publicado no The Conversation.
O post Bebidas energéticas: aliada do desempenho ou risco à saúde? apareceu primeiro em Olhar Digital.