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Trocar o dia pela noite faz mal à saúde?

by Fesouza
9 minutes read

Você se considera aquele tipo de pessoa que funciona melhor à noite? Ou, por causa do seu trabalho, precisa viver quando quase todo mundo está dormindo

Muitas pessoas, por escolha ou necessidade, acabam trocando o dia pela noite. Algumas se sentem muito bem com isso, outras vivem cansadas e acham esse ritmo pesado demais. Mas será que essa inversão faz mal à saúde?

Se você troca o dia pela noite, continue lendo para saber se esse hábito pode prejudicar sua saúde.

Por que dormimos?

Imagem de montagem de mulher dormindo entre nuvens
Imagem Pexels

Antes de entrarmos no assunto de trocar o sono da noite pelo dia, é importante ressaltar a importância do ato de dormir. Dormir é fundamental para todos os seres vivos. E, para nós, humanos, dormir bem é essencial. O sono fortalece o sistema imunológico, regula o apetite, equilibra os hormônios, melhora a memória e ajuda o corpo a se recuperar do desgaste do dia.

Se deixarmos de dormir, os efeitos surgem rápido: cansaço, irritação, dificuldade de concentração. Com o tempo, o risco de doenças físicas e mentais aumenta. Dormir bem não é opcional, é uma necessidade do corpo.

Todavia, você já se perguntou por que geralmente dormimos à noite?

Por que dormimos à noite?

Homem dormindo em casa
Além de usar meias para dormir, preparar o ambiente também pode ajudar a ter um sono mais reparador. Imagem: Tavarius/Shutterstock

Bem, nosso corpo segue um relógio interno chamado ritmo circadiano. Ele se ajusta naturalmente à luz do dia e à escuridão da noite. Mas por que é assim? Será que isso é apenas um hábito cultural ao qual nosso corpo acabou se adaptando? Ou existe uma necessidade biológica por trás desse padrão?

Na verdade, fomos feitos para funcionar assim. O organismo humano evoluiu ao longo de milhares de anos para se alinhar com o ciclo natural do planeta: acordar com a luz do dia e descansar durante a noite.

Esse ritmo regula a liberação de hormônios, a temperatura corporal, o nível de alerta e o funcionamento de diversos sistemas internos.

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Imagem: Prostock-studio/Shutterstock

Então, por que geralmente dormimos à noite?

Com a chegada da noite e a ausência de luz, o corpo entende que é hora de descansar. Para isso, nosso organismo aumenta a produção de melatonina, conhecida como o hormônio do sono. A melatonina é fundamental para iniciar e manter um sono de qualidade. 

Dormir no escuro profundo reforça esse ciclo natural e permite um sono mais profundo e reparador.

Agora: por que geralmente ficamos acordados de dia?

Durante o dia, a luz solar reduz a produção de melatonina. Ao mesmo tempo, a luz estimula a liberação de cortisol, um hormônio que ajuda a aumentar o estado de alerta, a disposição e a energia para as atividades físicas e mentais. 

Esse equilíbrio entre melatonina e cortisol faz parte do funcionamento do ritmo circadiano, mantendo o corpo ativo e focado durante o dia.

Afinal, trocar o dia pela noite faz mal?

Homem deitado dormindo em uma cama abraçado ao travesseiro
Imagem Pexels

Com toda essa explicação, chegamos à nossa pergunta inicial: afinal, trocar o dia pela noite faz mal? E a resposta é sim, pode fazer.

Inverter o ciclo claro-escuro, como vimos acima, altera o funcionamento de diversos sistemas do corpo. O ritmo circadiano, responsável por regular funções biológicas importantes, é afetado por essa mudança. Com isso, há uma desregulação da melatonina e do cortisol, hormônios essenciais para o equilíbrio do organismo no funcionamento diário.

Além disso, estudos apontam que esse hábito pode trazer riscos à saúde.

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Existe risco a saúde para quem troca o dia pela noite?

Sim, existem alguns riscos à saúde. Abaixo, alguns dos malefícios que podem ser provocados pelo hábito de trocar o dia pela noite.

Problemas metabólicos

O corpo metaboliza melhor os alimentos durante o dia. À noite, esse processo desacelera, e inverter esse ciclo prejudica o controle dos nutrientes. 

Isso reduz a sensibilidade à insulina, favorece o acúmulo de gordura e eleva o risco de obesidade, resistência à insulina, diabetes tipo 2 e alterações nos níveis de colesterol e triglicerídeos.

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(Imagem: Freepik)

Distúrbios do sono

Dormir durante o dia geralmente significa sono mais leve, com mais ruídos e interrupções. A luz solar, mesmo com cortinas, atrapalha a produção de melatonina.

Isso pode resultar em sono fragmentado, insônia ao tentar dormir e sonolência durante o período de vigília (à noite).

Alterações hormonais

O ritmo circadiano regula a produção de diversos hormônios. Como já explicamos, quando esse ciclo é invertido, hormônios importantes como melatonina e cortisol ficam desregulados

Porém, isso também interfere em outros hormônios, como a leptina e a grelina. Esses hormônios controlam a fome, e quando desregulados, causam aumento do apetite e redução da sensação de saciedade.

Mulher madura deprimida deitada na cama com frasco de comprimidos vista superior, cobrindo a cabeça com travesseiro
Crédito: Fizkes/Shutterstock

Impacto na saúde mental

A falta de sono profundo e a desregulação do ritmo biológico aumentam a irritabilidade e a instabilidade emocional

Além disso, estudos afirmam que o hábito de trocar o dia pela noite contribui para o desenvolvimento de ansiedade e depressão.

Redução do desempenho cognitivo

Dormir fora do horário natural prejudica o funcionamento do cérebro. Isso reduz a consolidação da memória, dificulta o foco e a atenção e diminui a velocidade do processamento mental.

Mas eu me dou bem trocando o dia pela noite. Devo mudar meu hábito?

Trocar o dia pela noite faz mal à saúde?
Imagem: Shutterstock/Ground Picture

Se você vive à noite há anos, dorme sempre no mesmo horário, acorda se sentindo bem, tem disposição e seus exames estão normais, não há necessidade de mudar tudo de forma radical. Inclusive, é muito importante termos um horário regular para dormir. Se dormirmos sempre naquele horário específico, nosso relógio biológico não se confundirá.

Todavia, é importante deixar bem claro: mesmo que você se sinta normal com esse hábito de trocar a noite pelo dia, saiba que seu corpo está em esforço constante para se adaptar a um ritmo que não é natural.

Sentir-se bem agora não garante que os efeitos não apareçam mais tarde. Por isso, quem vive à noite precisa de mais atenção com a saúde. Isso inclui acompanhamento médico, boa alimentação, sono de qualidade e algum tempo de exposição à luz natural.

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