Conforme noticiado pelo Olhar Digital, pelo quinto ano consecutivo, o ritmo da rotação da Terra apresenta um ligeiro aumento entre julho e agosto, reduzindo (de forma quase imperceptível) a duração dos dias. E esta terça-feira (5) é o mais curto de todos.
Mas, não aprendemos na escola que o dia mais curto em todos os anos é quando ocorre o chamado “solstício de inverno”, que costuma ser entre 20 e 22 de junho? Sim, mas aí vale destacar a interpretação da palavra “dia”.
Em 2025, o solstício de junho (que marca a chegada do inverno no hemisfério sul e a do verão no hemisfério norte) foi no dia 20. Naquela ocasião, abaixo da linha do equador, o dia foi mais curto e a noite mais longa – ou seja, tivemos menos tempo com a luz do Sol e mais tempo na escuridão. Lá para cima, foi o contrário.
O que acontece nesta terça é outra coisa: um aumento na duração do dia como um todo. Mas, nada que possa ajudar ou prejudicar a agenda de ninguém, já que a “perda” no relógio é de apenas 1,5 milésimo de segundo. Isso representa 0,1% da velocidade de um piscar de olhos, para se ter uma ideia!

Segundo a plataforma Time and Date, 9 de julho foi o primeiro de três dias especialmente curtos de 2025, quando a Terra girou 1,30 milissegundo mais rápido do que o habitual, seguido do dia 22, que foi 1,38 milissegundo mais breve.
Esses cálculos são baseados em dados do IERS (Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra) e do Observatório Naval dos Estados Unidos.
Velocidade de rotação da Terra tem influência de múltiplos fatores
Atualmente, a Terra leva pouco mais de 365 dias para completar uma volta ao redor do Sol (movimento chamado de translação), enquanto gira sobre seu próprio eixo (movimento de rotação), o que corresponde a um ano. Mas, ao longo da história, isso variou bastante.
Registros indicam que os anos já duraram de 372 a 490 dias, o que significa que a duração dos dias (ou seja, a rotação do planeta) nem sempre foi de 24 horas.
Vários fatores podem interferir na velocidade de rotação da Terra. Mudanças no nível do mar, movimentações internas e até eventos sísmicos têm influência. No entanto, o fator de maior impacto é a interação com a Lua. À medida que ela se afasta da Terra, o planeta precisa girar mais lentamente para manter o equilíbrio angular. Essa desaceleração é estimada em menos de 2 milésimos de segundo por século.

Para acompanhar essas mínimas variações, os cientistas utilizam relógios atômicos de alta precisão. Quando necessário, segundos adicionais chamados “segundos intercalares” são incluídos para manter o tempo civil alinhado com o tempo astronômico. Desde 1972, 27 segundos desse tipo foram adicionados. De 2016 em diante, no entanto, nenhum segundo extra foi necessário – inclusive, em 2025, como já anunciou o IERS.
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Proximidade da Lua favorece dias mais curtos
A partir de 2020, a rotação começou a acelerar. Naquele ano, foram registrados os 28 dias mais curtos desde 1960, e novos recordes vêm sendo estabelecidos a cada ano. O mais recente, registrado em 2024, teve um dia 1,66 milissegundo mais curto que os habituais 86.400 segundos.
Segundo especialistas, essa variação pode estar relacionada à proximidade da Lua em relação ao equador terrestre, influenciando a força de maré que age sobre o planeta.
Apesar do monitoramento constante, a causa exata da aceleração recente ainda é desconhecida. Conforme revelado em 2021 à revista Discover pelo Judah Levine, físico do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos, essa mudança não era esperada. Segundo ele, a hipótese predominante era de desaceleração contínua, o que tornava os segundos intercalares uma necessidade permanente.
Leonid Zotov, pesquisador da Universidade Estatal de Moscou, na Rússia, também expressou surpresa ao Time and Date. Para o especialista, modelos atmosféricos e oceânicos não explicam a aceleração atual. “A maioria dos cientistas acredita que seja algo dentro da Terra”, disse ele, embora ainda não haja uma explicação conclusiva.

Terremotos tendem a fazer a Terra girar mais devagar
Eventos extremos, como terremotos, também têm potencial para alterar a rotação da Terra. De acordo com o site IFLScience, em 2011, um terremoto de magnitude 9,0 no Japão deslocou o eixo terrestre em cerca de 17 centímetros, o que encurtou os dias em aproximadamente 1,8 microssegundo. O terremoto na Indonésia em 2004 teve efeito ainda mais expressivo: uma redução de 2,68 microssegundos na duração diária.
“Terremotos podem alterar a rotação da Terra reorganizando a massa terrestre. É isso que uma patinadora no gelo faz para girar mais rápido. Ela aproxima os braços do corpo, aproximando sua massa do eixo em torno do qual está girando”, explicou Richard Gross, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da NASA, à revista Popular Mechanics em 2011.
O IERS continuará monitorando a rotação da Terra e deve confirmar nos próximos meses se os dias de julho e agosto realmente terão sido os mais curtos do ano. Embora indiferentes para o cotidiano humano, essas alterações são fundamentais para manter sistemas como satélites e GPS funcionando com precisão.
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