Conforme reportado pelo Olhar Digital, as primeiras canetas de liraglutida produzidas no Brasil começam a ser vendidas em redes de farmácia nesta segunda-feira (04). O medicamento é produzido pela farmacêutica EMS e se junta à lista de remédios para emagrecer disponíveis no país (o que rapidamente o rendeu o apelido de ‘Ozempic brasileiro’).
O fármaco se chama Olire e também serve no tratamento de obesidade, mas com uma grande diferença: em vez da semaglutida ou da tirzepatida, o medicamento tem a liraglutida como princípio ativo.
Entenda o que isso significa e a diferença entre as canetas emagrecedoras.

Olire, o Ozempic brasileiro
O Olire foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro do ano passado, para tratamento de obesidade. No entanto, como a patente da liraglutida ia até março deste ano, a farmacêutica brasileira EMS teve que esperar.
O Ozempic brasileiro, como foi apelidado, tem como princípio ativo a liraglutida, um similar do Saxenda, medicamento para perda de peso que pertence à Novo Nordisk (mesma fabricante do Ozempic ‘original’) e está disponível no Brasil desde 2016.
A partir desta segunda-feira, o Olire – que é produzido nacionalmente – já pode ser comercializado no país. A promessa é que 150 mil canetas cheguem a farmácias das redes Raia, Drogasil, Drogaria São Paulo e Pacheco.
O preço sugerido é de R$ 307,26 (embalagem com uma caneta), podendo chegar a R$ 760,61 (embalagem com três canetas).
Além do Olire, a EMS também já pode comercializar o Lirux, também com liraglutida como princípio ativo. Ele é recomendado no tratamento de diabetes tipo 2 e é similar do Victoza, também da Novo Nordisk. Neste primeiro momento, espera-se 50 mil unidades dele nas farmácias, com uma expectativa de expansão gradual de ambos ao longo do mês. A embalagem com duas canetas de Lirux tem preço sugerido de R$ 507,07.

Liraglutida x Semaglutida x Tirzepatida
A liraglutida (do Olire e do Lirux) pertence à mesma classe que a semaglutida, princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, e da tirzepatida, princípio ativo do Mounjaro: a dos agonistas do GLP-1.
Entenda as diferenças entre cada um:
- Semaglutida: substância que age no receptor GLP-1 no intestino, promovendo a saciedade e controlando a glicemia. Ozempic e Wegovy usam esse princípio ativo;
- Tirzepatida: substância que atua em dois receptores intestinais, GLP-1 e GIP. Essa combinação proporciona um efeito mais robusto, especialmente indicado para pacientes com obesidade diagnosticada ou diabetes tipo 2. É o princípio ativo do Mounjaro;
- Liraglutida: substância que atua diretamente na liberação de insulina, que regula os níveis de açúcar no sangue. Ela age de forma parecida com o GLP-1, proporcionando um aumento da saciedade.
Apesar de diferentes, os princípios ativos atuam no GLP-1 e ajudam a promover uma sensação de saciedade, o que, consequentemente, diminui a ingestão de alimentos. Por isso, os medicamentos se tornaram cobiçados para o emagrecimento.

Ozempic brasileiro x Ozempic, Mounjaro e Wegovy: qual a diferença?
- Ozempic (semaglutida), Lirux (liraglutida) e Mounjaro (tirzepatida) são indicados no tratamento de diabetes tipo 2;
- Olire (liraglutida) e Wegovy (semaglutida) são indicados no tratamento de obesidade;
Todos esses fármacos são aplicados por meio de injeções subcutâneas e atuam diretamente na regulação do apetite e da glicemia.
Você pode estar se perguntando: se eles têm objetivos parecidos e são aplicados da mesma forma, qual a diferença? O princípio ativo, como falamos anteriormente. Isso vai definir a dosagem do medicamento e a eficácia. Por isso, especialistas alertam que o uso deve ser sempre feito com acompanhamento médico.
Segundo o nutrólogo Arthur Rocha, a principal diferença entre o Ozempic e o Wegovy (ambos com semaglutida) está na dosagem. “O Wegovy permite doses mais altas, o que pode ampliar os efeitos no controle de peso”, explica.
Já de acordo com Rocha, o Mounjaro (com tirzepatida) tende a ter um efeito mais robusto e é mais eficaz para pacientes com obesidade diagnosticada ou diabetes tipo 2.
A endocrinologista Lorena Lima Amato também aponta que o Mounjaro representa um avanço importante no tratamento: “A associação entre GLP-1 e GIP mostrou-se superior à semaglutida na perda de peso e controle glicêmico. Isso o torna uma opção promissora, principalmente quando o paciente apresenta resistência a outros tratamentos”, ressalta.
O Mounjaro também costuma ser mais caro que o Ozempic e o Wegovy, e pode dificultar o acesso ao tratamento.
A dosagem também muda. Enquanto Ozempic, Wegovy e Mounjaro têm aplicação semanal, o Olire e o Lirux são de uso diário. Vale lembrar que o tempo de duração de uma caneta até acabar depende da dosagem. No caso do Ozempic brasileiro, a caixa com três canetas é suficiente para 18 dias de tratamento (pouco menos de três semanas).
No caso da liraglutida, estudos clínicos apontaram uma perda de peso média de 4 a 6 quilos, com pacientes chegando entre 5 e 10% da redução do peso corporal, um desempenho menor que o da semaglutida.
Basicamente, o que muda (além do princípio ativo) é a dosagem e a eficácia na perda de peso.

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Remédios para emagrecer não são suficientes sem mudança de hábitos
Tanto Rocha quanto Amato são unânimes em afirmar que os remédios não substituem a adoção de hábitos saudáveis. “Eles reduzem o apetite, mas não eliminam calorias por conta própria. Alimentação equilibrada e prática regular de atividade física são indispensáveis para manter os resultados”, destaca Arthur Rocha.
A recomendação é que o paciente inclua musculação e exercícios físicos em sua rotina, principalmente para evitar a perda de massa muscular e manter o metabolismo ativo. “A mudança de comportamento é essencial para que os efeitos dos medicamentos sejam sustentáveis”, conclui o nutrólogo.
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