A computação quântica busca criar máquinas capazes de realizarem cálculos complexos de maneira mais eficiente do que as máquinas tradicionais. No entanto, chegar a um computador quântico viável não é nada fácil, e as empresas ainda precisam superar desafios físicos, financeiros e de ciência da computação.
Algumas delas já estão trabalhando nisso, mas a expectativa é que a tecnologia só saia do papel em alguns anos, talvez décadas. A IBM e o Google podem ser as companhias mais próximas de chegar a um computador quântico viável (pelo menos, é o que elas acreditam).

Os desafios do computador quântico
O Olhar Digital já explicou o que é um computador quântico aqui. Enquanto as máquinas normais trabalham a partir dos bits, um sistema binário restrito ao zero e um, as máquinas quânticas usam os qbits, que podem representar várias combinações de zero a um ao mesmo tempo.
O resultado é que um computador quântico pode reduzir o tempo necessário para concluir uma tarefa, já que pode avaliar diferentes combinações de resultados simultaneamente.
Os qbits já existem dentro da computação. O desafio, agora, é escalá-los o suficiente para criar uma máquina viável – o que também traz desafios de design e física. Para atingir uma escala industrial, um sistema deve ter ao menos 200 qbits, mas a intenção é expandi-los para 1 milhão ou mais.
O problema é que os qbits são instáveis por natureza, o que leva a incoerências e problemas operacionais à medida que o número deles cresce.
E tem também os desafios financeiros de toda essa operação.

IBM e Google podem estar próximas do computador quântico viável
As duas empresas dizem que estão avançando em direção a este feito.
Em junho, a IBM afirmou que estava próxima de uma máquina de escala completa após superar desafios de computadores quânticos anteriores. Segundo Jay Gambetta, chefe da iniciativa quântica da IBM, ao Financial Times, a empresa teria decifrado o código para criar a máquina, o que possibilitaria construí-la até o final da década.
O Google também está na corrida e disse que superou um de seus maiores desafios no final do ano passado. De acordo com Julian Kelly, chefe de hardware do Google Quantum AI, todos os desafios restantes – de engenharia e científicos – são superáveis. A big tech acredita que pode construir um computador quântico em escala industrial até o final da década (ou seja, nos próximos cinco anos).

Especialistas duvidam
Apesar das afirmações da IBM e do Google, alguns especialistas duvidam de que um computador quântico em escala industrial chegue tão rápido:
- Oskar Painter, executivo responsável pelo hardware quântico na Amazon Web Services, disse ao Financial Times que, mesmo que os próximos desafios sejam menores, não devemos subestimá-los. Para ele, um computador quântico viável ainda deve demorar 15 a 30 anos;
- Já Subodh Kulkarni, CEO da Rigetti Computing (startup que trabalha com qbits feitos de supercondutores, a mesma tecnologia usada pela IBM e pelo Google), reforçou a natureza incontrolável dos qbits, algo bem difícil de se resolver;
Outro desafio é financeiro. Em uma demonstração, a IBM apresentou seu chip experimental Condor, que conseguiu diminuir as interferências de qbits. No entanto, a complexidade do sistema e o custo de operação tornam isso impraticável em maior escala.
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O Google também enfrenta esse problema financeiro. A big tech diz que pretende reduzir os custos dos componentes por um fator de 10, até atingir o valor ideal de US$ 1 bilhões para um computador quântica de escala completa. O caminho até lá ainda é um desafio, mas a empresa está trabalhando.
A companhia também já demonstrou um chip quântico capaz de realizar correções em si mesmo conforme aumenta de tamanho. Segundo o FT, essa é a tentativa mais avançada do setor até agora em direção a uma máquina viável.
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