O planeta Mercúrio está encolhendo. É um fato conhecido pela ciência há alguns anos. No entanto, os estudos divergem sobre o tamanho desse encolhimento — até agora. Pesquisadores da Universidade da Georgia, na Grécia, acabam de publicar um artigo sugerindo um método mais preciso de cálculo.
Até então, os estudos utilizavam a topografia elevada sobre falhas para medir as mudanças que vêm ocorrendo por 4,5 bilhões de anos à medida que o planeta perde calor. Seria como medir as rachaduras que se formam em um pão de queijo conforme é aquecido no forno.
O problema é que as pesquisas não chegaram a um consenso sobre o número de formas de relevo usadas para calcular a contração global, explicam os autores Stephan Loveless e Christian Klimczak. A estimativa para a mudança de raio variava de 1 a 7 quilômetros.

“Aqui, utilizamos uma abordagem alternativa para calcular a mudança no volume causada por uma população de falhas, escalonando estatisticamente a mudança da maior falha para toda a população de falhas”, diz o artigo.
Mercúrio, o menor planeta do sistema solar e o mais próximo do Sol, é marcado por calor, radiação e vento solar; suas temperaturas extremas variam de 430 °C no lado ensolarado a -180 °C no lado noturno. É um pouco maior e semelhante à nossa Lua — sem ar, rochoso e salpicado de crateras de impacto, grandes e pequenas.
A descoberta…
A nova abordagem incluiu três conjuntos de dados diferentes: um considerava 5.934 falhas, outro, 653 falhas e o último apenas 100 falhas. E o resultado mostrou que a retração fica entre 2 e 3,5 quilômetros, independentemente do conjunto de dados utilizado.
Em um segundo passo, a dupla combinou estimativas anteriores do encolhimento com dados de outros processos que contribuem para o resfriamento do planeta. Assim, chegaram à conclusão de que Mercúrio encolheu entre 2,7 e 5,6 quilômetros desde a sua formação.
Os pesquisadores afirmam ainda que a metodologia pode “estimar a deformação tectônica em quaisquer corpos planetários onde populações de falhas podem ser observadas”, favorecendo pesquisas para além de Mercúrio.

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Revisitando a história
As primeiras imagens em alta resolução da superfície de Mercúrio chegaram aos humanos graças à sonda MESSENGER (abreviação de MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging), da NASA. A nave foi lançada em agosto de 2004 a bordo do foguete Boeing Delta II, que decolou da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, na Flórida.

A missão durou quatro anos e cumpriu seus objetivos: coletou informações detalhadas sobre a composição e a estrutura da crosta, a história geológica do planeta, a natureza da atmosfera e a composição de seu núcleo e materiais polares.
“Antes da MESSENGER, entender Mercúrio e como ele se formou era um dos maiores enigmas não resolvidos da ciência espacial. Esta missão não só nos deu a primeira visão abrangente do planeta mais interno, como os dados que ela enviou continuam a revolucionar nossa compreensão de Mercúrio e do sistema solar interno”, disse Ralph McNutt, que atuou como cientista do projeto.
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