O Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia recomendou aos moradores do Condado de Monterey que não consumam a carne de porcos selvagens. O alerta foi feito após uma empresa local encontrar alguns indivíduos da espécie contaminados com veneno de rato. E como eles descobriram isso? Porque a carne e a gordura do animal estavam azuis!
E não era um azul claro, mas sim um azul neon. Segundo informa o jornal Los Angeles Times, a empresa responsável pela descoberta é a Urban Trapping Wildlife Control, que caça animais selvagens para fazendeiros da região. No caso dos porcos, eles doam os animais abatidos a famílias de baixa renda – e foi assim que descobriram os tecidos azuis.
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Testes de laboratório mostram que os animais sofreram exposição ao raticida anticoagulante difacinona. Trata-se de um veneno popular usado por fazendeiros e empresas agrícolas para controlar a população de ratos, camundongos e esquilos.
A prática, antes comum, já foi proibida em algumas áreas do estado americano. E a proibição ocorreu justamente pelos riscos de contaminação para o homem e para outras espécies de animais.

Como os porcos se contaminaram?
- Porcos selvagens são híbridos entre porcos domésticos e javalis.
- Esses animais são onívoros e não costumam ser muito seletivos para escolher seus alimentos.
- As autoridades acreditam que eles possam ter comido tanto os ratos contaminados como a própria ração com veneno.
- Fato é que eles foram expostos ao pesticida por um longo período, o que explica a carne e a gordura com a coloração azul.
- De acordo com os especialistas, eles só não morreram porque as doses de veneno são fatais apenas para animais pequenos.
- Como os porcos selvagens pesam entre 50 e 90 quilos, a substância não os matou, mas começou a minar seus organismos.
- Além dos tecidos azuis, as criaturas podem sofrer com outros sintomas, como letargia e problemas sanguíneos.
- A situação é similar nos seres humanos, embora os sintomas se manifestem se forma mais leve.
- Pesquisas, no entanto, já associaram o consumo de pesticidas específicos a doenças como diabetes, câncer e até a diminuição da taxa de espermatozoides.

Preocupações sanitárias e ambientais
De acordo com o Departamento de Pesca e Vida Selvagem da Califórnia, um estudo de 2018 descobriu que cerca de 8,3% dos porcos selvagens testados tinham traços de resíduos de rodenticida anticoagulante.
Esses dados levaram à criação de uma lei de 2024 que proíbe o uso de difacinona em várias partes do território, mas não em todas.
Ao redor do mundo, grupos de proteção da vida selvagem defendem o fim do uso de pesticidas químicos devido aos danos colaterais que esses venenos causam. Não só em porcos selvagens, mas também em corujas, abelhas e várias outras espécies.

São animais que consomem o veneno diretamente ou são afetados pela exposição secundária ao comer outros animais que ingeriram o veneno, aumentando ainda mais a pressão sobre espécies já ameaçadas.
As informações são do Science Alert.
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