Pesquisadores do campus Twin Cities da Universidade de Minnesota (UMTC), nos EUA, identificaram um novo tipo de onda de plasma na aurora de Júpiter. A descoberta, publicada na revista Physical Review Letters, abre caminho para compreender melhor como funcionam os campos magnéticos de diferentes planetas.
Além disso, estudar esse fenômeno em Júpiter ajuda também a entender como o campo magnético da Terra atua como escudo contra a radiação solar, essencial para a vida em nosso planeta.
Em resumo:
- Cientistas descobriram uma nova onda de plasma em Júpiter;
- O estudo ajuda a entender campos magnéticos de outros planetas;
- A descoberta veio de dados coletados pela sonda Juno em 2022;
- As ondas têm frequência baixa, diferentemente do que ocorre na Terra;
- O fenômeno segue sob investigação.

Auroras em Júpiter não se manifestam como as da Terra
A equipe analisou dados obtidos pela sonda Juno, da NASA, durante um voo histórico em órbita baixa sobre o polo norte de Júpiter feito em 2022. Aquela foi a primeira vez que cientistas puderam observar diretamente as regiões polares do planeta.
Em um comunicado, um dos autores principais do estudo, Ali Sulaiman, professor assistente na Escola de Física e Astronomia da UMTC, disse que o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, já havia fornecido imagens da aurora de Júpiter em infravermelho. Porém, a Juno é a primeira espaçonave a orbitar o planeta em trajetória polar, o que ampliou as possibilidades de investigação.

Assim como na Terra, o espaço em torno de Júpiter é preenchido por plasma, um estado da matéria em que os átomos se dividem em elétrons e íons. Com o vento solar, essas partículas aceleram em direção à atmosfera, interagindo com gases e produzindo o brilho da aurora. Na Terra, elas se manifestam em luzes visíveis verdes e azuis, mas em Júpiter o fenômeno só pode ser observado com instrumentos ultravioleta e infravermelho.
Os pesquisadores descobriram que, por causa da baixa densidade do plasma nos polos de Júpiter e da força de seu campo magnético, as ondas de plasma têm frequência muito baixa. Normalmente, elétrons criam ondas de Langmuir, que seguem as linhas do campo magnético, e íons geram ondas de Alfvén, que se movem perpendicularmente.
Em Júpiter, os pesquisadores viram o contrário: ondas de Alfvén com comportamento típico das Langmuir. Isso nunca foi registrado na Terra ou em qualquer outro planeta do Sistema Solar

Segundo o professor Robert Lysak, líder da equipe, o plasma pode se comportar como um fluido, mas sofre influência constante dos campos magnéticos. Essa característica foi essencial para compreender o fenômeno recém-identificado.
O estudo revelou ainda que, em Júpiter, partículas carregadas chegam até a calota polar. Já na Terra, a aurora forma um anel de atividade ao redor dos polos. Novos dados devem surgir à medida que a missão Juno avança.
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Financiada pela NASA e pela Fundação Nacional de Ciências (NSF) dos EUA, a pesquisa também foi liderada pela professora Sadie Elliott e contou com a participação de cientistas da Universidade de Iowa e do Southwest Research Institute (SwRI).
Sonda Voyager 1 gravou som do vento solar ‘batendo’ no gigante gasoso
A sonda Voyager 1, da NASA, foi lançada há mais de 47 anos e segue coletando dados importantes no espaço. Um dos registros impressionantes feitos pela nave é o som do vento solar ‘batendo’ no campo magnético de Júpiter.
O barulho é semelhante ao estrondo feito por uma aeronave supersônica, mas tudo acontece de forma natural. Escute o som e entenda este fenômeno.
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