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Caverna mortal era ritual de iniciação xamânica, revela estudo

by Fesouza
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Nas profundezas dos Pirineus Franceses, a Caverna Etxeberri guarda pinturas de 16 mil anos, um registro das jornadas arriscadas feitas por humanos do Paleolítico para cumprir rituais e gravar sua marca nas paredes de pedra. Pesquisadores analisaram os trajetos enfrentados por esses hominídeos, sugerindo que tais desafios poderiam fazer parte de iniciações xamânicas.

Publicada na revista científica Journal of Field Archaeology, a pesquisa revela que as pinturas da Idade da Pedra foram produzidas com ocre vermelho, carvão e argila, e representam animais como bisões e cavalos, além de figuras humanas e símbolos abstratos.

Segundo os pesquisadores, o trajeto dos exploradores pré-históricos envolvia se espremer por passagens estreitas, descer por paredões verticais e atravessar um grande buraco conhecido como “Sumidouro do Anjo”. A queda principal tem 16 metros de profundidade, mas segue para uma vala maior com até 60 metros.

Caverna mortal era ritual de iniciação xamânica, revela estudo
Pesquisadores seguiram os trajetos arriscados da caverna para encontrar as artes rupestres. (Imagem: Iñaki Intxaurbe et al 2025)

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“Um único passo em falso teria sido fatal sem alguma forma de apoio, como uma corda”, escreveram os autores. Como fibras vegetais levam em média 150 anos para se decompor, qualquer vestígio desse material desapareceu há milênios, tornando impossível confirmar se os humanos primitivos realmente usaram cordas em suas incursões pela caverna.

O estudo descreve o uso de madeira de coníferas (como o pinheiro) e ossos queimados para gerar iluminação, além de gordura animal como combustível para produzir tochas e lâmpadas. Durante a exploração, os pesquisadores também encontraram ferramentas de sílex, aparentemente usadas para desgastar rochas a fim de abrir passagens ou remover obstáculos.

Jovens atravessavam a caverna para se tornarem xamãs, segundo pesquisadores

A equipe acredita que os desenhos na caverna podem ser uma evidência do porquê esses exploradores pré-históricos atravessavam desafios mortais para pintá-los. Segundo os autores, essas gravuras seriam imagens “públicas”, produzidas por xamãs para uso em rituais coletivos.

Outras figuras mais simples encontradas em Etxeberri podem ser o trabalho de jovens que almejavam se tornar xamãs e por isso tiveram de realizar um rito de passagem para chegar aos lugares desafiadores da caverna e produzirem suas artes, segundo a pesquisa.

“Esse estudo mostra o quanto esses esforços exigiam recursos e trabalho em grupo, reforçando que tinham um forte valor simbólico, muito além da mera sobrevivência. A Caverna Etxeberri é um exemplo da resistência humana em condições extremas e do envolvimento com práticas culturais marcantes durante o Pleistoceno”, concluíram os pesquisadores.

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