Atores que licenciaram suas imagens para a criação de avatares digitais alimentados por inteligência artificial generativa no TikTok estão reclamando do uso indevido de seus rostos em projetos diferentes dos inicialmente previstos, conforme noticiou o The New York Times no domingo (17). Eles também criticam os valores pagos pelo trabalho.
No ano passado, o app de vídeos lançou uma plataforma de avatares de IA para anúncios que podem ser utilizados por empresas para a divulgação de produtos na rede social. Eles são criados a partir de imagens de pessoas reais e se adaptam às necessidades do cliente em relação à idade, sexo e etnia dos potenciais consumidores.

Contratos problemáticos
Segundo o ator Scott Jacqmein, que vendeu os direitos de imagem para a geração de avatares hiper-realistas, o contrato com a big tech chinesa não é claro em relação aos projetos nos quais seu rosto pode ser usado. Além disso, ele está aparecendo em anúncios veiculados por outros softwares da ByteDance, controladora do TikTok, e até em redes sociais diferentes.
- O americano relata que versões do seu rosto modificadas por IA também foram vistas em publicidades no Instagram, Facebook e YouTube;
- Na plataforma de vídeos do Google, as propagandas foram retiradas após reclamações;
- Além disso, sua imagem aparece em anúncios de apps de horóscopo, quebra-cabeças e empresas de cotação de seguros, inclusive conversando em outros idiomas, sem que ele possa escolher onde ser mostrado;
- Jacqmein também reclamou do pagamento recebido pelo trabalho, de US$ 750 (R$ 4.104 pela cotação do dia), e de não receber royalties pelo uso do avatar.
Queixas semelhantes são compartilhadas por outros artistas, com a maior parte recebendo no máximo US$ 1.000 (R$ 5.472), sem direito a adicionais e a impor limites quanto ao uso de seus rostos. Alguns relataram que os avatares são utilizados em anúncios constrangedores, colocando-os em situações embaraçosas com conhecidos.
Como muitos dos participantes almejam seguir a carreira artística profissionalmente, eles se mostraram arrependidos de vender suas imagens, mesmo que os anúncios com avatares exibidos no TikTok tenham uma sinalização avisando que foram gerados por IA.

Moderação de anúncios
Para evitar usos indevidos das imagens emprestadas para os avatares, a rede social afirma que possui uma equipe dedicada a analisar os anúncios feitos por meio da plataforma. Os moderadores humanos e tecnológicos verificam se as proibições de discursos de ódio e violência, palavrões e serviços sexuais estão sendo seguidas.
O TikTok também destacou que mantém uma “supervisão rigorosa” no relacionamento com as agências que fornecem as imagens, podendo encerrar as parcerias se identificar que os padrões definidos não estejam sendo seguidos.
Conforme a reportagem, os atores representados conseguem negociar melhores condições com as empresas que realizam a captura das imagens, chegando a ganhar US$ 2.500 (R$ 13.700) por trabalho. A ByteDance fatura cerca de US$ 10 bilhões (R$ 54 bilhões) com publicidade nos EUA, segundo estimativas.
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