As aranhas são uma história de sucesso na evolução. Surgiram há cerca de 400 milhões de anos e contam com mais de 48 mil espécies espalhadas por todos os ecossistemas da Terra. Além disso, são exímias caçadoras e produzem teias de seda super-resistentes.
Cada tipo faz sua teia de forma especial. Existem aquelas em forma orbital, como as que aparecem em festas de Halloween, ou teias menores, nos cantos das paredes. A verdade é que, segundo Ella Kellner, doutoranda em Ciências Biológicas da Universidade da Carolina do Norte-Charlotte em artigo no The Conversation, cada espécie tem uma teia de “estrutura única especialmente adaptada ao ambiente e à função pretendida”.

Evolução vai muito além das teias
Mas a evolução não fica apenas nas teias. Com a passagem de milhões de anos, o formato do corpo, seus olhos e pernas foram evoluindo para que essa adaptação fosse a mais eficiente possível.
Uma equipe de pesquisadores da UMass Lowell, da Universidade Cornell e do Museu Americano de História Natural, estuda uma família de aranhas chamada Deinopidae para entender seu sistema sensorial e o uso de suas teias. Com isso, espera obter insights de engenharia utilizados para tornar essas aranhas extremamente hábeis para detectar e capturar suas presas.
Conhecidas como aranhas lançadoras, algumas delas desenvolveram olhos maiores e mais sensíveis à luz ambiente, permitindo que detectem e capturem presas quase na escuridão total, afirma artigo publicado no site da instituição.

Essas aranhas tecem uma pequena teia retangular que seguram com as patas dianteiras enquanto estão penduradas de cabeça pra baixo. A aranha espera que um inseto passe por baixo e então expande e estica rapidamente a rede sobre a presa, como um pescador, antes de capturar a presa. Sim, se você lembrou da forma com que o Homem-Aranha captura seus inimigos, não está enganado.
Jessica Garb, professora associada de biologia e pesquisadora da UMass Lowell, em nota ao site da instituição.
O estudo buscou descobrir quais genes ajudam as aranhas a produzir suas teias e quais permitem que seus olhos enxerguem e capturem presas mesmo no escuro. Outro objetivo foi determinar que faz essas teias serem tão resistentes, sendo um dos materiais mais fortes do mundo natural.
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“Elas são mais resistentes que aço ou Kevlar, mas pesam muito menos, podendo ser esticadas até três vezes seu comprimento sem quebrar”, explica Garb, comentando que muitas empresas tentam replicar as propriedades físicas da seda para as mais diferentes aplicações.
Estudo mostram a diversidade da seda produzida pelas aranhas

Esses estudos deixam claro a diversidade das teias produzidas pelas diferentes espécies de aranha, que, segundo Kellner, chegam a seis tipos diferentes de seda, cada um com “propriedades materiais e mecânicas diferentes”. Mas todos são, basicamente, produzidos da mesma forma:
- A aranha começa com uma teia de teste.
- Escolhe onde prender os fios.
- Usa a teia de teste como base.
- Faz a teia principal com raios e espirais.
- A teia aguenta o impacto dos insetos.
- No fim, a aranha vai para o centro.
- Fica esperando a próxima presa.
Por exemplo, a aranha-tecelã depende de teias com fibras mais fortes para tecer suas teias, enquanto a aranha-abajur precisa de um tipo de teia que permita que ela se camufle em superfícies ásperas. Já as aranhas saltadoras, precisam que a teia seja flexível e forte para que ela consiga capturar sua presa.
Por isso, dá próxima vez que você ver uma aranha, tente entender por que ela construiu aquela teia da forma que está e perceba como é linda sua evolução e como ela pode impactar no design, arquitetura e inovação.
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