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Visitante interestelar é analisado em imagem incrivelmente nítida

by Fesouza
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Uma imagem impressionantemente nítida do visitante interestelar 3I/ATLAS foi obtida durante uma atividade de divulgação pública organizada pelo Laboratório Nacional de Pesquisa em Astronomia Óptica-Infravermelha (NOIRLab) da Fundação Nacional de Ciência dos EUA (NSF) em parceria com a Universidade do Havaí (UH)

A captura mostra uma cauda longa e uma coma brilhante (a “cabeleira” de gás que envolve o núcleo), revelando detalhes inéditos sobre o cometa. Cientistas também conseguiram medir cores e sinais químicos, informações essenciais para entender a composição desse raro objeto vindo de outro sistema estelar.

Programa educativo analisou espectro do cometa

Em 27 de agosto, pesquisadores usaram o Espectrógrafo Multiobjeto Gemini (GMOS) no Telescópio Gemini Sul, instalado em Cerro Pachón, Chile, para capturar imagens profundas e coloridas do 3I/ATLAS. O Gemini Sul faz parte do Observatório Internacional Gemini, operado pelo NSF NOIRLab.

Essas observações foram feitas como parte de uma iniciativa organizada pelo NSF NOIRLab em colaboração com o Shadow the Scientists, uma iniciativa criada para conectar o público com experiências científicas. O programa é liderado por Karen Meech, astrônoma do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí (UH IfA).

Nas imagens, o cometa apresenta uma coma significativamente ampla e uma cauda apontando para longe do Sol que se estende cerca de 1/120 de grau no céu (isso equivale a 0,0083 vezes a largura do dedo mindinho – ou seja, praticamente uma pontinha quase invisível, muito menor que a largura de uma unha). Ainda assim, essas estruturas são maiores nessas observações do que em registros anteriores, indicando que o cometa 3I/ATLAS está mais ativo quanto mais se aproxima do Sol.

Estudantes do Havaí e de La Serena, no Chile, participaram remotamente da sala de controle do Gemini Sul por videoconferência. Eles puderam conversar com astrônomos, fazer perguntas e acompanhar o progresso das observações em tempo real. A transmissão teve público também na Europa, Nova Zelândia e outras localidades da América do Sul.

Visitante interestelar é analisado em imagem incrivelmente nítida
Esta imagem é composta de exposições tiradas através de quatro filtros (vermelho, verde, azul e ultravioleta). Conforme as exposições são tiradas, o cometa permanece fixo no centro do campo de visão do telescópio. No entanto, as posições das estrelas de fundo mudam em relação ao cometa, fazendo com que elas apareçam como listras coloridas na imagem final. Crédito: Observatório Internacional Gemini/NOIRLab/NSF/AURA. Processamento de imagens Shadow the Scientist: J. Miller e M. Rodriguez (Observatório Internacional Gemini/NSF NOIRLab), TA Rector (Universidade do Alasca Anchorage/NSF NOIRLab), M. Zamani (NSF NOIRLab)

Além das imagens, o foco principal era obter o espectro do cometa, ou seja, a análise da luz emitida. O espectro mostra quais elementos e compostos estão presentes, permitindo aos cientistas entender as mudanças químicas enquanto o cometa percorre o Sistema Solar.

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Durante a sessão, Bin Yang, professor do Instituto de Estudos Astrofísicos da Universidade Diego Portales, no Chile, ajudou os participantes a interpretar os dados espectrais. 

Meech explicou a importância de cometas interestelares para estudar a formação e evolução de sistemas planetários. “Queríamos observar as cores do cometa, que indicam a composição e o tamanho das partículas de poeira, e obter espectros para medir a química diretamente”, disse ela em comunicado. “Ver a cauda crescer mostra mudanças em relação às imagens anteriores, e o espectro nos deu o primeiro vislumbre da química do 3I/ATLAS.”

Visitante interestelar é analisado em imagem incrivelmente nítida
O Telescópio Espacial Hubble capturou esta imagem do cometa interestelar 3I/ATLAS em 21 de julho de 2025, quando o objeto estava a 445 milhões de quilômetros da Terra. Imagem: NASA, ESA, David Jewitt (UCLA); Processamento de imagem: Joseph DePasquale (STScI)

Visitante interestelar desaparece e volta a ser visto em novembro

Visitantes interestelares são raros. Descoberto em 1º de julho, o cometa 3I/ATLAS é o terceiro confirmado, depois de 1I/ʻOumuamua, um asteroide visto em 2017, e 2I/Borisov, também de natureza cometária, que passou em 2019. 

Diferentemente dos cometas que orbitam o Sol, o 3I/ATLAS segue uma trajetória hiperbólica e vai retornar ao espaço interestelar. Sua passagem rápida oferece aos astrônomos uma oportunidade única de estudar materiais de outro sistema estelar.

Estima-se que ele vai atingir o ponto mais próximo do Sol (periélio) em 29 de outubro. Nos dias anteriores, já deixará de ser visto da Terra, que estará do lado oposto da nossa estrela-mãe. 

Em novembro, quando o objeto reaparecer atrás do Sol, será realizada uma nova sessão do Shadow the Scientists, desta vez do Gemini Norte, no Havaí, permitindo que o público acompanhe mais descobertas sobre este visitante raro.

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