O secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., afirmou em coletiva de imprensa recente que os videogames podem estar entre as possíveis causas da violência armada no país.
“Há muitas, muitas coisas que poderiam explicar isso. Pode haver conexões com videogames, mídias sociais ou até mesmo o uso excessivo de medicamentos psiquiátricos”, disse.
Kennedy destacou que o aumento dos tiroteios em massa não estaria diretamente ligado ao número de armas em circulação. “Tínhamos clubes de tiro na escola, crianças levavam armas e eram incentivadas a fazê-lo. E ninguém entrava atirando nas pessoas”, declarou.
Ele ainda citou exemplos internacionais, como a Suíça, que possui alta taxa de armas registradas, mas não enfrenta o mesmo número de massacres. “O último tiroteio em massa que eles tiveram foi há 23 anos. Aqui, temos a cada 23 horas”, afirmou.
Segundo o político, os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) já iniciaram estudos para investigar a correlação entre o uso de remédios, o tempo de exposição a telas e a violência armada. O relatório divulgado pelo governo não cita videogames diretamente — mas faz referência ao “tempo de tela” como preocupação.
Essa não é a primeira vez que autoridades estadunidenses associam jogos eletrônicos à violência, mesmo sem consenso científico que confirme a ligação.
Declaração acontece em meio a assassinato de Charlie Kirk, influenciador de extrema-direita defensor de armas
As falas de Robert F. Kennedy Jr. ocorrem em meio ao assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, morto a tiros durante um evento na Universidade Utah Valley, em Orem, Utah, na última quarta-feira (11).
Kirk, de 31 anos, foi atingido no pescoço enquanto discursava diante de milhares de pessoas. Vídeos nas redes sociais mostram o momento em que ele respondia a uma pergunta sobre tiroteios em massa quando o disparo aconteceu.

O FBI confirmou que um suspeito foi detido e liberado após prestar depoimento, e que as investigações continuam. A universidade solicitou evacuação imediata do campus, e testemunhas relataram pânico entre os participantes.
Conhecido por liderar o grupo Turning Point USA, Kirk é aliado do presidente Donald Trump e mantinha forte presença digital nas redes sociais, com milhões de seguidores e um podcast popular.
Não é de hoje que videogames são relacionados à violência
O discurso Kennedy reforça um histórico já antigo: a tentativa de relacionar videogames à violência real. Desde os anos 1990, após massacres em escolas americanas, políticos e parte da mídia buscam responsabilizar a indústria dos jogos.
A cada novo atentado, jornais e emissoras de TV tendem a reavivar esse debate — muitas vezes em tom sensacionalista. Foi assim em casos como o massacre de Columbine (1999) e o ataque em Sandy Hook (2012).

Autoridades também utilizaram o argumento em diferentes períodos. Em 2005, a então senadora Hillary Clinton defendeu maior regulamentação para jogos violentos — além de compará-los ao consumo de álcool e tabaco por menores de idade.
O que dizem os estudos relacionados a videogames e violência?
Diversas pesquisas científicas já analisaram a possível relação entre jogos eletrônicos violentos e comportamentos agressivos. Um estudo de 2019 conduzido pelo professor Tobias Greitemeyer, da Universidade de Innsbruck, sugeriu que a exposição prolongada poderia aumentar a agressividade nos jogadores.

Outros trabalhos apontaram que jogos com temáticas violentas podem dessensibilizar o público em relação à violência real ou servir como reforço social para comportamentos agressivos.
No entanto, a maioria dos estudos recentes não encontrou ligação direta entre videogames e crimes violentos. Pesquisas da Universidade de Oxford, por exemplo, indicaram que fatores externos, como ambiente familiar e questões socioeconômicas, têm impacto muito maior.
A própria Entertainment Software Association (ESA), entidade que representa a indústria de games nos EUA, afirma que “vários estudos científicos estabeleceram que não há conexão causal entre videogames e violência”.

O debate sobre a relação entre videogames e violência segue aberto, com políticos, pesquisadores e a indústria apresentando visões divergentes — e muitas vezes sensacionalistas do caso.
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