Nas aulas de Biologia, aprendemos que o ser humano possui 23 pares de cromossomos. Desses 46 totais, 44 são responsáveis por nossas características gerais e apenas 2 respondem pelas características sexuais (que são os cromossomos XX para mulheres e XY para os homens).
Essa breve lembrança dos seus tempos de escola serve para anunciar uma intrigante descoberta científica. Pesquisadores do Instituto de Biologia Evolutiva de Barcelona e do Instituto Wellcome Sanger, do Reino Unido, acabam de divulgar um estudo no qual confirmam qual é o animal na natureza com o maior número de cromossomos.
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Trata-se de uma pequena borboleta nativa das montanhas do Norte da África. A atlas azul (Polyommatus atlantica) possui inacreditáveis 229 pares por célula!
Isso é bem mais do que nós humanos. Mais também do que a maioria das outras borboletas no mundo, que costumam ter entre 31 e 32 pares. Mas o que aconteceu com essa espécie? É isso que o estudo tenta desvendar.

Um processo evolutivo único
- Os cientistas acreditam que as ancestrais da atlas possuíam um número de cromossomos similar a de outras espécies de borboletas.
- No decorrer dos últimos 3 milhões de anos, porém, os autossomos (cromossomos não sexuais) dela se fragmentaram profundamente.
- Ao longo de centenas de eventos de “divisão”, os cerca de 24 cromossomos ancestrais originais se multiplicaram e se tornaram 229.
- As fraturas ocorreram em pontos onde o DNA estava menos firmemente enrolado e, portanto, mais fácil de desembaraçar.
- Alterações cromossômicas como essas são geralmente consideradas prejudiciais à vida, mas a borboleta atlas azul sobrevive há milhões de anos.
- Os cientistas querem descobrir agora o que levou a essa fragmentação.
- Mais importante ainda: querem entender como essa alteração genética não prejudicou a saúde do animal.
“A reorganização dos cromossomos também é observada em células cancerígenas humanas e entender esse processo na borboleta atlas pode ajudar a encontrar maneiras de limitar ou interromper isso em células cancerígenas no futuro”, disse o pesquisador Mark Blaxter, do Wellcome Sanger.
- Você pode ler o estudo na íntegra na revista Current Biology.

Quanto mais cromossomos pior ou melhor?
Quando falamos em seres humanos, as alterações cromossômicas podem levar a determinadas condições de saúde. A monossomia, por exemplo, é a supressão de um dos cromossomos e pode levar à chamada Síndrome de Turner, que causa infertilidade e defeitos cardíacos, renais e autoimunes.
Já as trissomias, ou seja, quando um dos pares se torna trio, podem gerar a Síndrome de Klinefelter e a Síndrome de Down.
Na natureza, no entanto, não existe essa história de quanto mais cromossomos melhor – ou pior. Cada espécie é única e possui a sua contagem própria.
Por exemplo: nós humanos, temos 46 cromossomos, certo? É a mesma quantidade de uma oliveira (Olea Europaea) ou de um nilgai (Boselaphus tragocamelus), que é o maior antílope asiático.

Alguns machos de espécies de formigas possuem apenas 1 cromossomo e a samambaia-língua-de-víbora (Ophioglossum reticulatum) tem incríveis 720 cromossomos por célula.
As informações são do Science Alert.
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