Desde que foi lançada no catálogo do Amazon Prime Video, a série The Boys se consolidou como uma de suas principais produções originais. O sucesso obtido pela obra foi preservado pelo spin-off Gen V, que acaba de chegar à sua segunda temporada com histórias repletas de violência e dramas estudantis.
Boa parte do sucesso das duas obras pode ser atribuído à forma como elas caracterizam seus super-heróis. Ao mesmo tempo que são poderosos, os personagens das histórias são essencialmente humanos, e podem ser mesquinhos, inseguros ou cruéis como qualquer pessoa que conhecemos. Mas será que isso é fruto de a série ter inspirações no mundo real?
Os heróis de The Boys e Gen V são inspirados em pessoas reais?
Essa é uma pergunta que tem duas respostas distintas, que dependem do ponto em que estamos partindo. Caso o quadrinho original de The Boys, assinado por Garth Ennis e Darick Robertson, seja considerado, a resposta é negativa. Segundo eles, a intenção da obra foi desconstruir o gênero de heróis de formas diferentes do que havia sido feito no passado.
- Ao site Retrofuturista, Robertson explicou que a intenção não era satirizar heróis específicos, mas convenções do gênero;
- O Capitão Pátria, por exemplo, é uma grande paródia do conceito do “líder patriótico e branco”, que molda figuras como o Superman e o Capitão América;
- A partir de bases que moldaram vários heróis, Robertson e Ennis adicionaram elementos sinistros, como o niilismo e a corrupção;
- Robertson também explicou que a intenção de The Boys era subverter a maneira como heróis foram usados na cultura popular;
- Além de servirem como fonte de entretenimento, eles também foram usados para promover temas como nacionalismo, interesses corporativos e ideologias sociais.
O desenhista de The Boys explicou que esses também são temas explorados na obra, que tenta realmente imaginar como heróis se encaixariam no mundo real. Segundo ele, a intenção era mostrar que, apesar de poderes mudarem a vida de muitas pessoas, eles são incapazes de corrigir o caráter de alguém.
Adaptações da Prime Video seguem caminhos diferentes
Enquanto os quadrinhos originais trabalham com conceitos mais amplos, a série da Amazon Prime Video prefere adotar referências mais diretas. Em uma entrevista à revista Rolling Stone em 2022, o criador da adaptação de The Boys, Erik Kripke, admitiu que sempre viu sua versão do Capitão Pátria como uma analogia a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
“Ele tem essa mistura realmente combustível de fraqueza completa e insegurança, e esse poder e ambição terrivelmente horríveis, e essa é uma combinação muito mortal”, explicou. “Tudo o que ele quer ser é a pessoa mais poderosa que pode ser, mesmo que ele seja completamente inadequado em sua habilidade em lidar com isso”.
Já em março deste ano, Kripke explicou que a personagem Firecracker é inspirada em Marjorie Taylor Greene, deputada pelo estado da Geórgia. A política de extrema-direita é conhecida por divulgar várias teorias da conspiração, bem como por fazer diversos elogios a Trump — chegando inclusive a imitar o jeito como ele se veste.
Dado que o showrunner de The Boys não é conhecido por suas sutilezas, suas referências e críticas a personalidades do mundo real devem ficar bem evidentes na última temporada da série. E, levando em consideração o clima político atual, isso certamente deve render diversos comentários negativos à produção em um futuro próximo.
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