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Extinção dos dinossauros alterou para sempre a Terra, diz estudo

by Fesouza
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Pesquisadores encontraram novas evidências de que a extinção dos dinossauros deixou marcas nos ecossistemas onde habitavam. O grupo analisou registros preservados em rochas no oeste dos Estados Unidos, que revelaram como o evento redefiniu a história da Terra. A descoberta foi publicada na revista científica Communications Earth & Environment na última segunda-feira (15).

Em estudos anteriores, cientistas identificaram que as formações rochosas registram diferenças entre os períodos pré e pós a presença dos dinossauros. Porém, essas transições eram atribuídas a fatores como a elevação do nível do mar ou a mudanças naturais sem ligação com a vida.

Extinção dos dinossauros alterou para sempre a Terra, diz estudo
Ilustração do mesmo ambiente antes (abaixo) e depois (acima) do fim dos dinossauros. (Imagem: Julius Csotonyi / University of Michigan)

Agora, geólogos examinaram a Bacia de Williston, no oeste dos Estados Unidos, para compreender essas mudanças. Eles descobriram que os dinossauros eram “engenheiros de ecossistemas”, como definiram, que derrubavam vegetação e mantinham áreas abertas cheias de ervas daninhas. O mundo sem eles pôde florescer e rios com grandes meandros centralizaram as reservas de água, revelou o estudo.

“Muitas vezes, quando pensamos em como a vida e os ambientes mudaram ao longo do tempo, geralmente pensamos que o clima muda e, portanto, tem um efeito na vida. Raramente se pensa que a vida possa realmente alterar o clima e a paisagem. A seta não aponta apenas em uma direção”, disse Luke Weaver, líder do estudo e professor da Universidade de Michigan, em um comunicado.

Fim dos dinossauros permitiu que florestas densas se espalhassem

Há 66 milhões de anos, a colisão de um asteroide na Península de Yucatan, atual território do México, desencadeou o fim dos dinossauros. O impacto deixou como marca uma fina camada brilhante de irídio entre as formações rochosas, elemento raro na Terra, mas abundante em meteoritos. Esse vestígio que chamou a atenção da equipe do estudo.

Em Williston, os pesquisadores examinaram uma camada rochosa chamada de Formação Fort Union, depositada após a extinção dos dinossauros. Esse estrato apresenta cores distintas, que estudos anteriores associaram a antigos depósitos de lagoas resultantes de um período de elevação do mar.

Asteroide extinguindo os dinossauros
Ilustração da queda do asteroide que extinguiu os dinossauros. (Imagem: Aunt Spray / Shutterstock)

Porém, o novo grupo suspeitou que esses sinais poderiam ser de depósitos de barra de ponta, que formavam o interior do grande meandro de um rio. “Então, em vez de observar um ambiente tranquilo e com águas paradas, o que estávamos observando era o interior muito ativo de um meandro”, disse Weaver.

O material fluvial encontrado geralmente é definido por camadas de linhito, uma forma de carvão composto por matéria vegetal carbonizada. O grupo especulou que esse estrato surgiu quando florestas densas se espalharam, reduzindo a frequência das inundações dos rios. Com isso, o aporte de argila e areia para as planícies de inundação diminuiu, favorecendo o acúmulo de detritos orgânicos.

“Anomalia geológica” revelou o impacto da extinção dos dinossauros

A evidência que confirmou essa suspeita foi a fina camada de irídio, espalhada sobre grande parte do planeta após a queda do asteroide. Esse estrato carrega três vezes mais desse elemento do que os sedimentos comuns, por isso cientistas o chamam de “anomalia de irídio”.

Os pesquisadores então examinaram uma região da Bacia de Bighorn, também no oeste dos EUA, onde a fronteira K-Pg (termo técnico para a camada que separa o antes e depois da queda do asteroide) não havia sido localizada. Ao examinar formações da época dos dinossauros e dos mamíferos do Paleoceno, o grupo coletou uma fina linha de argila vermelha com cerca de um centímetro de largura.

“A anomalia de irídio estava bem no contato entre essas duas formações, exatamente onde a geologia muda. Essa descoberta nos convenceu de que esse não é um fenômeno exclusivo da Bacia de Williston. Provavelmente ocorre em todo o interior ocidental da América do Norte”, disse o pesquisador.

Extinção dos dinossauros alterou para sempre a Terra, diz estudo
Pesquisador aponta para a anomalia de irídio, um resultado da queda dos asteroide que extinguiu os dinossauros. (Imagem: Luke Weaver / University of Michigan)

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Alterações deixadas pelos dinossauros servem de lição para a humanidade

Ao revisarem a literatura existente sobre o tema, os pesquisadores concluíram que a extinção dos dinossauros foi o ponto de partida para a expansão das florestas. Esse processo favoreceu a retenção de sedimentos e levou à formação de grandes rios.

“Para mim, a parte mais empolgante do nosso trabalho são as evidências de que os dinossauros podem ter tido um impacto direto em seus ecossistemas. Especificamente, a sua extinção pode não ser observável apenas pelo desaparecimento de seus fósseis no registro rochoso, mas também por mudanças nos próprios sedimentos”, comentou Courtney Sprain, coautora do estudo e professora na Universidade da Florida.

Para a equipe, as mudanças globais causadas pelos dinossauros servem de reflexão para o impacto da humanidade sobre o planeta atualmente. O grupo ressaltou que as ações têm um impacto ainda mais rápido, capaz de remodelar os ecossistemas do planeta e também deixar registros.

“A fronteira K-Pg foi essencialmente uma mudança geologicamente instantânea na vida na Terra. O que está acontecendo em nossas vidas é um piscar de olhos em termos geológicos, e, portanto, essa fronteira é a melhor analogia para nossa reestruturação muito abrupta da biodiversidade, das paisagens e do clima”, concluiu Weaver.

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