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Como o discurso de ódio se espalha em comunidades de games

by Fesouza
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As plataformas de games online sempre foram vistas como espaços de diversão e socialização entre amigos. No entanto, elas estão se tornando alvo de autoridades e especialistas em segurança digital, explica matéria no Axios.

Ambientes como Discord, Roblox, Steam e Twitch deixaram de ser centros de interação social, onde milhões de jovens passam horas conectados, para se tornarem espaços para a disseminação de discurso de ódio e radicalização em fóruns fechados e pouco visíveis ao público em geral.

Como o discurso de ódio se espalha em comunidades de games
Fóruns online, como o Discord, estão se tornando espaços para disseminação de discursos de ódio e radicalismo. Crédito: rafastockbr/Shutterstock

Espaços anônimos favorecem o radicalismo

Investigações mostram que esses espaços, normalmente usados de forma anônima, atraem grupos extremistas que foram expulsos das plataformas tradicionais. Eles buscam jovens vulneráveis que estão em busca de conexão.

Apesar de a maior parte das conversas nesses espaços ser inofensivas, o cenário também se tornou um terreno fértil para práticas perigosas que passam despercebidas por moderadores e autoridades.

Extremistas e predadores vão a esses espaços de jogos para encontrar jovens altamente engajados e suscetíveis, muitos dos quais anseiam por conexão.

Mariana Olaizola Rosenblat, consultora de políticas em tecnologia e direito na NYU Stern, ao Axios.

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Ela ressalta que compreender o que acontece nesses ambientes é um grande desafio, já que as salas são fechadas e de difícil acesso. “A maioria dos pesquisadores é basicamente cega a tudo isso. Você não pode entrar nessas salas” para analisar como esses grupos atuam para cooptar os jovens.

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Por facilitarem conversas anônimas, as plataformas facilitam a disseminação de discurso de ódio entre os usuários. Crédito: AnnaStills/Shutterstock

Além disso, Rosenblat lembra que os integrantes desses fóruns muitas vezes disfarçam mensagens extremistas usando a “linguagem de jogos”. Esse recurso faz com que os jovens acabem confundindo a diversão virtual com ideias radicais trazidas para o mundo real.

Plataformas acumulam casos conhecidos de discurso de ódio

A pesquisadora lembra que, embora as próprias plataformas tenham acesso a esses conteúdos, elas investem pouco em moderação e sistemas de proteção, o que torna difícil evitar a propagação de discursos de ódio e outras práticas abusivas.

Nos últimos anos, a mídia tem exposto diversos casos que nasceram nesses fóruns:

Discord

  • Suspeito do assassinato de Charlie Kirk teria confessado em um bate-papo.
  • Usado na organização do protesto Unite the Right (Charlottesville, 2017).
  • Atirador de Buffalo (2022) planejou o ataque na plataforma.
  • Investigação revelou centenas de casos de pornografia de vingança (2018).

Roblox

  • Voltada para crianças, mas criticada por conteúdo sexual, predatório e extremista.
  • Enfrenta processos judiciais nos EUA por falta de proteção a menores.
  • Menina de 13 anos sequestrada e traficada após contato na plataforma.
  • Empresa alega investir em segurança com tecnologia de IA e moderação humana 24/7.

Twitch

  • Transmissão ao vivo do ataque em Buffalo (2022).
  • Conteúdo removido rapidamente; empresa colaborou com autoridades.

Steam

  • Em 2021, pesquisadores identificaram comunidades ligadas a ideologias de extrema-direita e neonazismo.
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A repercussão dos casos está levando governos a tomarem medidas para evitar a disseminação de discurso de ódio, preconceito e outros conteúdos inadequados. Crédito: SergeiShimanovich/Shutterstock

Repercussão política dos casos

Nos Estados Unidos, após o assassinato de Charlie Kirk, as plataformas se tornaram alvo de investigações. A Câmara de Supervisão convocou os CEOs de diversas plataformas para depor no Congresso.

Aqui no Brasil, o governo federal tem adotado algumas medidas. Entre elas estão projetos de leis para regulamentar as redes sociais e as big techs, além de propostas para proteger crianças e adolescentes contra a exposição precoce a conteúdos inadequados. Outras ações incluem medidas administrativas e judiciais para combater o discurso de ódio, a exploração infantil e a desinformação nas plataformas digitais.

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