Como seria ir ao seu médico e, no lugar de correr para descrever os sintomas, fosse possível encontrar alguém disposto a te ouvir sem pressa e que faça perguntas adequadas para entender o problema?
Isso é o que está acontecendo em algumas clínicas administradas pela startup médica Akido Labs. Pacientes, muitos pelo Medicaid, têm acesso rápido e fácil a especialistas dispostos a ouvi-los.

IA analisa as informações coletadas por assistentes médicos
A diferença é que nessas consultas, quem conversa com o paciente é um assistente médico, que coleta o máximo de informações sobre seus sintomas, que depois serão analisadas por um sistema chamado ScopeAI, explica o MIT Technology Review.
Esse sistema de inteligência artificial transcreve e interpreta a conversa, sugere possíveis diagnósticos e até elabora um plano de tratamento. Só então um médico revisa as recomendações, podendo aprová-las ou corrigi-las.
Nosso foco está no que podemos fazer para tirarmos o médico da consulta.
Jared Goodner, CTO da Akido, ao MIT Technology Review.
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Segundo Goodner, isso permite que os médicos atendam de quatro a cinco vezes mais pacientes do que antes. Em um cenário em que a população atendida pelo Medicaid está envelhecendo e ficando mais doente, aumentar a eficiência é essencial para garantir que todos recebam atendimento adequado.
Dúvidas sobre a eficácia do sistema de inteligência artificial
Especialistas, porém, levantam preocupações. Eles afirmam que transferir parte do raciocínio médico para a IA pode ser arriscado, já que existe uma grande diferença de conhecimento entre os médicos e os assistentes automatizados.
Embora a inteligência artificial já esteja presente em outras ferramentas médicas, como exames preventivos que ajudam a detectar doenças, nesses casos ela atua apenas como apoio médico, não como substituta.
E o ScopeAI se diferencia justamente por tentar assumir sozinho tarefas típicas de uma consulta, como colher o histórico do paciente, listar diagnósticos possíveis e apontar o mais provável, muitas vezes sem participação direta do médico.

E isso leva a diversas preocupações:
- Risco de diagnósticos imprecisos pela lacuna entre médicos e IA.
- Possível viés de automação, com médicos seguindo demais as recomendações do sistema.
- Falta de estudos rigorosos que comprovem eficácia e segurança.
- Perda do “toque humano” na consulta.
- Falta de transparência para os pacientes sobre o papel real da IA.
- Desigualdade de acesso entre pacientes do Medicaid e de outros planos.
Como o ScopeAI funciona?
Durante a consulta, o assistente segue uma lista de questões sugeridas pelo sistema, que se adapta de acordo com as respostas do paciente. Ao final, o ScopeAI gera um resumo da consulta com até três diagnósticos prováveis, além de diagnósticos alternativos.
O sistema também sugere encaminhamentos para outros especialistas ou prescrições de medicamentos, junto com uma lista de justificativas para ter chegado a uma determinada conclusão.
No momento, a plataforma está sendo utilizada em clínicas de cardiologia, endocrinologia e atenção primária, além de uma equipe da Akido que atende a população de rua de Los Angeles.
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