A IA no trabalho já é parte do dia a dia de muitos profissionais, mas principalmente na área da tecnologia. Um levantamento recente conduzido pela divisão de pesquisas DORA, do Google, revelou que 90% dos trabalhadores do setor utilizam algum tipo de ferramenta de IA no trabalho, especialmente para escrever ou revisar códigos de software. O número representa um salto de 14 pontos percentuais em relação ao ano passado, consolidando a tendência de que a tecnologia veio para ficar.
No entanto, enquanto gigantes como Google, Microsoft e startups especializadas celebram a rápida adoção, um estudo publicado na Harvard Business Review, conduzido em parceria com pesquisadores de Stanford, lança dúvidas sobre os reais ganhos de produtividade. A pesquisa apontou que muitos funcionários gastam mais tempo corrigindo os chamados “workslops”, que são conteúdos superficiais gerados por IA que parecem úteis, mas pouco contribuem de fato para o avanço de tarefas.

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O lado positivo da IA no trabalho
O entusiasmo em torno da IA é visível dentro e fora do Google. Ryan J. Salva, executivo responsável por ferramentas como o Gemini Code Assist, afirmou à CNN que é “inevitável” que engenheiros da empresa usem a tecnologia em suas rotinas, já que ela está embutida em processos que vão desde a redação de documentação até os próprios editores de código. Para muitos desenvolvedores, a IA representa um alívio em tarefas repetitivas, permitindo que concentrem esforços em desafios mais estratégicos.
Além disso, os números sugerem que a adoção é quase unânime, impulsionada tanto pelo potencial de eficiência quanto pela pressão do mercado. A corrida entre grandes players, como Google, Microsoft, OpenAI, Anthropic e diversas startups, aquece o setor, com investimentos bilionários e soluções que variam de versões gratuitas a pacotes pagos.

O lado crítico: a armadilha do “workslop”
Por outro lado, o estudo publicado na Harvard Business Review destaca um cenário menos animador. A pesquisa realizada com 1.150 trabalhadores mostra que o “workslop” tem se tornado uma dor de cabeça. Em vez de acelerar processos, a IA estaria criando camadas adicionais de trabalho, obrigando profissionais a revisar textos, relatórios ou códigos que chegam prontos, mas não entregam qualidade suficiente.
Esse fenômeno não se restringe a empresas menores. Uma análise feita pelo Financial Times sobre centenas de relatórios corporativos de companhias da bolsa de Nova York apontou que, embora as menções à IA cresçam em reuniões de acionistas, são raros os casos em que executivos conseguem detalhar benefícios concretos. Na maioria das vezes, os riscos aparecem com mais clareza do que as vantagens.

Impacto no mercado de trabalho para jovens
Outro ponto sensível é a situação de profissionais em início de carreira. Dados oficiais do governo estado-unidense mostram que a taxa de desemprego entre recém-formados em ciência da computação já supera áreas como história da arte ou literatura. Entre 2022 e 2025, o número de vagas abertas para engenharia de software caiu 71%, em um cenário agravado por demissões em massa no setor.
A sensação de que a IA virou uma tendência irresistível também aparece no discurso de especialistas. “O desenvolvimento de software é como a indústria da moda: todo mundo corre atrás do novo estilo de calça jeans”, disse o executivo do Gemini à CNN. Essa busca pelo ‘novo’ ajuda a explicar parte da rápida popularização, mas também o desapontamento com os resultados concretos, como mostra a pesquisa de Stanford.
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