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James Webb revela segredos do maior berçário estelar da Via Láctea

by Fesouza
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O telescópio espacial James Webb capturou imagens inéditas da Sagittarius B2, a maior nuvem formadora de estrelas da Via Láctea. Localizada a poucas centenas de anos-luz do buraco negro central da galáxia, essa região imensa concentra poeira cósmica, gás e estrelas em formação numa escala que astrônomos nunca tinham visto com tanto detalhe.

As observações em infravermelho mostraram um mosaico de estrelas jovens, poeira brilhante e áreas tão densas que nem mesmo o Webb consegue atravessar. Esses “vazios” na imagem, na verdade, são berçários onde novas estrelas nascem, escondidas em meio a nuvens espessas.

Sagittarius B2: um berçário estelar no coração da Via Láctea

Com apenas 10% do gás presente no centro da Via Láctea, a Sagittarius B2 responde por cerca de 50% da formação estelar da região. Daí seu status de berçário de estrelas mais ativo da galáxia.

Essa desproporção intriga cientistas e torna o local um verdadeiro laboratório natural para investigar como estrelas massivas surgem e o que torna certos ambientes tão mais férteis que outros.

Webb revela o invisível

Os instrumentos do James Webb conseguem enxergar o que telescópios comuns não captam. A luz infravermelha atravessa parte das nuvens densas de gás e poeira, o que revela estrelas jovens e o brilho da poeira aquecida ao redor delas.

Estrelas, gás e poeira cósmica na nuvem de Sagitário B2 capturadas pelo telescópio James Webb
Estrelas, gás e poeira cósmica na nuvem de Sagitário B2 brilham na luz infravermelha, capturadas pelo NIRCam do telescópio James Webb (Imagem: NASA, ESA, CSA, STScl, Adam Ginsburg e Nazar Budaiev)

No caso de Sagittarius B2, o uso combinado da câmera NIRCam (infravermelho próximo) e do instrumento MIRI (infravermelho médio) mostrou contrastes marcantes. No primeiro, as estrelas se destacam. No segundo, são as nuvens brilhantes de poeira que roubam a cena.

Mesmo assim, há áreas que permanecem escuras nas imagens. Esses trechos não são vazios, mas sim regiões tão densas que nem o Webb consegue penetrar. São verdadeiros casulos cósmicos: blocos de gás e poeira que servem como matéria-prima para o nascimento de estrelas e também como escudo para aquelas ainda jovens demais para emitir luz visível.

Detalhes inéditos de Sagittarius B2

As imagens do Webb revelaram a região de Sagittarius B2 com uma nitidez inédita, destacou o astrônomo Adam Ginsburg, da Universidade da Flórida e líder do programa. A porção chamada Sagittarius B2 Norte, por exemplo, aparece em tons avermelhados devido à poeira aquecida por estrelas massivas recém-formadas.

Esta é uma das áreas mais ricas em moléculas já conhecidas no espaço, mas nunca havia sido vista com tanta clareza. Essa riqueza química interessa astrônomos porque pode oferecer pistas sobre as condições que favorecem o surgimento de estrelas.

O MIRI do telescópio James Webb mostra a região B2 de Sagitário em luz infravermelha média, com poeira quente brilhando intensamente
O MIRI do telescópio James Webb mostra a Sagittarius B2 em luz infravermelha média, com poeira brilhando (Imagem: NASA, ESA, CSA, STScl, Adam Ginsburg, Nazar Budaiev e Taehwa Yoo)

Outro dado curioso é a eficiência da nuvem. Lembra daquela desproporção que intriga cientistas? Ela mostra que Sagittarius B2 é um ponto fora da curva dentro do núcleo galáctico – um ambiente onde a formação estelar acontece de forma muito mais intensa do que o esperado.

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Mistérios ainda sem resposta

Mesmo com as novas imagens, astrônomos ainda não sabem por que Sagittarius B2 é tão mais ativa que o restante do centro da Via Láctea. Uma das hipóteses é que algum processo recente possa ter disparado essa “fábrica” estelar, mas ainda não há consenso.

Outro ponto em aberto é se essa atividade intensa ocorre há milhões de anos ou se é um fenômeno relativamente novo.

As informações coletadas pelo Webb podem ajudar a responder essas questões. No entanto, cada novo dado também levanta outros enigmas. Isso mostra que, quanto mais a ciência avança, mais complexa se torna a compreensão do cosmos.

“A humanidade estuda as estrelas há milhares de anos, e ainda há muito a aprender”, disse o estudante de pós-graduação Nazar Budaiev, também da Universidade da Flórida e co-investigador do estudo, segundo comunicado da NASA.

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