Com cerca de 10 anos de estrada, a franquia Little Nightmares já possui uma base de fãs consolidada no mundo dos games, e a Bandai Namco está ciente disso. Apesar da vontade do estúdio Tarsier de encerrar a série com dois games principais e um spin-off, a publisher resolveu seguir o seu próprio caminho — algo que nem sempre dá certo no mundo dos games.
Em uma parceria com a Supermassive Games, conhecida por títulos como Until Dawn e The Dark Pictures, a companhia anunciou Little Nightmares 3. Desde o primeiro trailer, o título apontava uma vibe similar aos jogos anteriores — com crianças sobrevivendo em um mundo assustador e gigante — mas com uma grande novidade: o gameplay cooperativo.
Com essa nova combinação, o jogo pode ser recebido com desconfiança por fãs antigos, mas também surge como uma nova porta de entrada para quem não está familiarizado com a série. Confira abaixo a análise completa feita com a versão de PS5.
Um pesadelo de criança assustador e familiar

Apesar da mudança de estúdio, a história de Little Nightmares 3 segue o estilo já conhecido da franquia: abertura para interpretação, praticamente nenhum diálogo e muito foco na ambientação.
O jogo te coloca para controlar Low e Alone, duas crianças presas em um mundo de pesadelos, buscando uma rota para sair de lá. Sem muito contexto, o jogador explora diferentes cenários com criaturas assustadoras e ameaças que podem te dar sonhos ruins até na vida real.
Como o game deixa quase tudo em aberto, quem se interessar pela narrativa terá que buscar mais detalhes na internet, incluindo em um podcast feito pela própria Bandai Namco chamado Sounds of Nightmare. Esse tipo de narrativa descentralizada já virou comum em jogos do tipo, abrindo espaço para fãs criarem teorias.
No entanto, mesmo que você não vá atrás de mais detalhes da lore, Little Nightmares 3 entrega uma história fechada, com começo, meio e fim, trazendo uma conclusão para a narrativa de seus protagonistas. E o jogo impressiona ao conseguir, mesmo sem palavras, garantir emoção em sua jornada.
A parte negativa é que a campanha é curta, durando cerca de seis horas, mantendo os padrões do resto da franquia. Além disso, a Bandai Namco lançou dois episódios extras pagos na versão Deluxe, elevando o preço de R$ 182,90 para R$ 274,50 no PC — um movimento, no mínimo, questionável.
Gameplay simples e com suporte para cooperativo
Quando o assunto é jogabilidade, Little Nightmares 3 mantém a essência da franquia, mas com o toque da Supermassive. A atmosfera é mais sombria, e o jogo oferece uma experiência diferente, mas familiar.
A maior mudança mesmo fica para o multiplayer: agora você pode jogar toda a história em duas pessoas, com um jogador controlando Low e outro Alone. No entanto, o jogo também permite experienciar tudo sozinho, com uma inteligência artificial bem competente.
Independente da sua escolha, o gameplay de plataforma é bastante simples. Você precisa seguir em frente, resolver puzzles e sobreviver com Low e Alone, que trazem como armas apenas uma chave de boca e um arco.
O objetivo desses itens, inclusive, não é atacar inimigos: tanto o arco quanto a chave servem como principal propósito de gameplay de cada personagem. Enquanto o arco permite acertar objetos de longe ou tontear inimigos, a chave pode ser usada para quebrar coisas e girar parafusos.
A simplicidade no gameplay acompanha um level design simples e efetivo. Mesmo sem muitas instruções, você consegue descobrir facilmente para onde ir e o que fazer.
Uma porta de entrada assustadora
Essa combinação de multiplayer cooperativo com simplificada torna o título uma boa porta de entrada para a franquia e, também, para o gênero de terror. Apesar de ser protagonizado por duas crianças bem fofas, o jogo está repleto de criaturas assustadoras e uma ambientação que claramente não é voltada para crianças.
O jogo base é dividido em quatro fases com visuais bem característicos e ameaças marcantes, incluindo um bebê gigante, que é, de longe, o menos inspirado entre todos os vilões — não vou dar spoilers para manter as surpresas. As fases também se aproveitam bem de seus ambientes, como uma mansão caindo aos pedaços e um circo recheado de monstruosidades.

A classificação indicativa do game fica nos 14 anos em plataformas como a Steam. Com isso, o título pode ser uma boa pedida para jogar com filhos adolescentes que estão começando a explorar o mundo dos games, ou para aquele gameplay em casal — desde que você tenha dois dispositivos diferentes para jogar.
Para quem joga sozinho, a experiência não foge muito do que já existia em Little Nightmares 1 e 2, com a mesma movimentação travada e limitações que já são conhecidas da franquia. Isso pode atrapalhar em certos puzzles e no ritmo do jogo, mas combina bem com a proposta de controlar crianças assustadas.
Já a inteligência artificial não decepciona, apresentando poucos erros durante o gamplay no modo solo. No entanto, existe um porém: você não pode trocar de personagem jogando sozinho, então terá que ir até o fim com quem você escolheu — e ficar vendo a IA fazer os movimentos dela em certos puzzles.
Limitações
Minha maior decepção com o game fica para a aplicação de seu multiplayer: a Supermassive Games decidiu não aplicar cooperativo local no jogo, o que permitiria jogar em um mesmo dispositivo, em tela dividida, seguindo os padrões de games como Split Fiction.
A empresa disse que a ideia é fazer com que o jogador se sinta sozinho mesmo jogando em dupla. No entanto, na prática, são raros os momentos que justificam essa abordagem e impediram a aplicação do split screen.

E para piorar a situação, o jogo ainda chega sem suporte para crossplay entre diferentes plataformas, garantindo mais uma limitação para jogar. Felizmente, Little Nightmares 3 pelo menos conta com um “passe de amigo”, o que permite jogar online com apenas uma cópia do game — mas é preciso ter PS Plus ou Game Pass se você estiver em um console.
Vale a pena?
Little Nightmares 3 é uma boa porta de entrada para quem está querendo trazer mais pessoas para o mundo dos games, ao mesmo tempo que mantém a franquia viva com seus padrões já conhecidos. Seja sozinho ou em modo cooperativo, a aventura de Low e Alone cativa com sua ambientação e simplicidade.
No entanto, não espere nada de revolucionário por aqui, principalmente na questão cooperativa. O gameplay não traz inovações para a franquia e ainda conta com limitações, como a ausência de multiplayer local ou crossplay.
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Felizmente, o jogo pelo menos traz um passe de amigo, permitindo jogar online com apenas uma cópia do game, e também possui uma demonstração grátis em todas as plataformas. Ou seja, vale a pena testar as águas antes de comprar o jogo com preço cheio.
Nota: 80
Pontos Positivos
- Ambientação sombria e envolvente;
- História que emociona, mesmo sem diálogos;
- Level design intuitivo e eficiente;
- Boa porta de entrada para o gênero de terror;
- Suporte para passe de amigo para coop.
Pontos Negativos
- Não dá para trocar de personagem no modo solo;
- Ausência de cooperativo local;
- Falta de crossplay entre plataformas;
- Conteúdo extra pago já no lançamento;
- Movimentação travada em alguns momentos.
Uma cópia de Little Nightmares 3 foi cedida pela Bandai Namco para review no PS5. O jogo também está disponível no PS4, Xbox One, Xbox Series S/X e PC, bem como no Switch 1 e 2.