Investidores da Tesla votarão nesta quinta-feira (06) uma proposta de pacote salarial extra para o atual CEO da montadora, Elon Musk. O bônus polêmico é atrelado a uma série de metas de desempenho e pode chegar a US$ 878 bilhões, ou R$ 4,72 trilhões em conversão direta de moeda.
O pacote é ao mesmo uma bonificação e um incentivo para que a atual pessoa mais rica do mundo priorize a Tesla e ajude a companhia a virar referência não mais no setor de carros elétricos, mas no promissor campo dos robôs humanoides.
Porém, a votação gerou polêmica entre os acionistas e especialistas em finanças. O fundo soberano da Noruega, sexto maior investidor da montadora sem contar o próprio CEO, já se declarou contrário ao pagamento.
Parte dos investidores não vê com bons olhos a promessa de um bônus tão elevado, que também aumentaria ainda mais a participação de Musk em ações — ele já é dono de 15% da Tesla atualmente, sendo o maior acionista individual da marca.
Os argumentos pró e contra Musk
Musk terá direito a votar a favor de si mesmo, graças a uma brecha nas leis do Texas, onde a Tesla está atualmente situada. Ele ainda segue em busca do seu bônus anterior, de US$ 55,8 bilhões (R$ 299 bilhões), que foi bloqueado por uma juíza do estado de Delaware, que era a antiga casa da montadora.
- O conselho diretor da Tesla e investidores favoráveis ao bônus argumentam que apenas Musk seria capaz de levar a Tesla ao patamar desejado de ser referência em robótica;
- As partes interessadas dizem também que o sucesso de Musk também significaria que ele bateu as metas estipuladas e, portanto, todos que detêm ações da montadora sairiam com muito mais dinheiro;
- O próprio CEO até ameaçou deixar o cargo ou passar a priorizar seus outros empreendimentos (como a SpaceX e a xAI) caso o pacote salarial não fosse aprovado — ele fez promessas parecidas anteriormente, quando outro bônus também esteve em debate entre os acionistas e passou na votação;
- Em resposta a essa ameaça, o conselho argumenta que a saída de Musk “causaria um colapso” nas ações da companhia — o que seria prejudicial inclusive para os investidores que discordam do pacote salarial e poderia prejudicar a marca a longo prazo;
Especialistas consultados pela Reuters, como o professor da Escola de Administração de Yale, Gautam Mukunda, alertam que esse tipo de ameaça “não é trabalho do conselho diretor” e que os integrantes não deveriam concordar com o CEO da empresa, que se tornaria um líder ainda mais centralizador com maior percentual de ações, sobre qualquer demanda.
Para ter direito ao pagamento integral, Musk precisa levar a Tesla ao valor de mercado recorde de US$ 8,5 trilhões (R$ 45 trilhões) até a próxima década, além de entregar um determinado mínimo de carros, robôs humanoides e táxis autônomos.
Atualmente, a Tesla tem um valor de mercado de US$ 1,39 trilhão (R$ 7,47 trilhões) e, ao menos no segmento de carros elétricos, têm visto as vendas despencarem em várias regiões do mundo.

O segmento de táxis autônomos está em fase experimental em uma região dos Estados Unidos, enquanto a promessa de Musk é de que os primeiros robôs Optimus prontos estejam em operação comercial até o fim deste ano.
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