Imagens de satélite mais recentes do Google Earth apontam sinais de possíveis assassinatos em massa e corpos humanos espalhados por bairros, universidades e instalações militares na cidade de Al-Fashir, em Darfur, na região oeste do Sudão. As informações foram divulgadas pelo Laboratório de Yale e o jornal The Guardian.
Al-Fashir foi tomada há uma semana pelas Forças de Apoio Rápido (FAR) após um cerco de 18 meses, vive uma situação de colapso total.
Relatos de sobreviventes apontam para execuções sumárias, estupros, saques e assassinatos de civis, incluindo crianças. O exército sudanês acusa as milícias de terem matado cerca de 2 mil pessoas em apenas dois dias, enquanto as comunicações permanecem interrompidas.
O que dizem as autoridades?

Líderes europeus classificaram a situação como “apocalíptica”. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, declarou que o Sudão enfrenta hoje a maior crise humanitária do mundo.
Durante uma conferência no Bahrein, autoridades do Reino Unido e da Jordânia também condenaram as atrocidades, e Londres prometeu cerca de US$ 6,6 milhões (cerca de R$ 35 milhões na cotação atual) em ajuda humanitária. A ministra britânica Yvette Cooper afirmou que o país já destina 120 milhões de libras (R$ 838 milhões) ao Sudão e destacou o uso do estupro como arma de guerra, com mulheres e crianças sendo as principais vítimas da violência.
A organização Médicos Sem Fronteiras expressou preocupação com o desaparecimento de inúmeros civis que deveriam ter fugido de El-Fasher. Segundo Michel Olivier Lacharité, responsável pelas operações de emergência da MSF, o número de sobreviventes que chegou à cidade vizinha de Tawila é muito pequeno, apontando que milhares tenham sido mortos ou capturados.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estimam que cerca de 65 mil pessoas conseguiram escapar, mas dezenas de milhares permanecem presas na região, que antes do ataque final abrigava cerca de 260 mil habitantes.
🇸🇩 Sudan: This satellite image was captured from space. UAE-backed RSF militant Abu Lulu carried out such a massive massacre of Sudanese civilians that the piles of bodies and flowing blood are clearly visible from orbit. pic.twitter.com/tfWXOEPXyj
— Militant Tracker (@MilitantTracker) November 4, 2025
As Forças de Apoio Rápido do Sudão (FAR) afirmaram ter prendido combatentes por atrocidades em Darfur, incluindo o comandante Abu Lulu, filmado executando civis, mas a ONU duvida do compromisso real do grupo em investigar os crimes. Relatórios apontam que as FAR recebem armas dos Emirados Árabes Unidos, embora o país negue, e que mercenários estrangeiros atuam no conflito.
Com o domínio de El-Fasher, os paramilitares agora controlam toda a região de Darfur, enquanto o Exército resiste no norte e leste. A ONU teme uma nova catástrofe humanitária semelhante ao genocídio dos anos 2000.
Papa pede cessar-fogo no Sudão e condena atrocidades

Durante a oração do Angelus no Vaticano, no último domingo (02), o papa Leão XIV fez um apelo urgente por um cessar-fogo imediato no Sudão e pela criação de corredores humanitários, lamentando com “grande tristeza” as atrocidades em Al-Fashir, em Darfur.
O pontífice denunciou a violência indiscriminada contra civis, especialmente mulheres e crianças, e pediu que a comunidade internacional aja com decisão e generosidade para garantir ajuda às vítimas do conflito.
Mais desdobramentos sobre o conflito no Sudão e esclarecimentos sobre as imagens via satélite do Google Earth, serão atualizadas. Acompanhe o TecMundo para mais notícias sobre tecnologia e geopolítica.
