A Square Enix anunciou na última quinta-feira (06) uma nova rodada de demissões que atinge “quase todas as áreas” de suas operações no Ocidente. Segundo informações do VGC, os cortes fazem parte de uma “reforma estrutural internacional” conduzida pelo presidente Takashi Kiryu, que busca tornar a empresa mais “enxuta” e “ágil”.
A decisão afeta equipes de TI, marketing, controle de qualidade, planejamento e vendas, principalmente nos escritórios da Europa e da América do Norte. De acordo com fontes ouvidas pelo veículo, cerca de 140 funcionários foram informados de que estavam em risco de demissão apenas no escritório de Londres.
A medida, segundo a Square Enix, tem como objetivo reduzir custos e reformular sua estrutura de publicação fora do Japão, com previsão de economia anual de até US$ 19,6 milhões. A companhia destacou que os detalhes da reestruturação ainda serão compartilhados internamente, mas confirmou que os funcionários afetados receberão orientações diretas nos próximos dias.

Essa é a segunda onda de cortes consecutiva nas operações ocidentais da empresa, após uma reorganização semelhante em 2023. O anúncio das demissões, inclusive, coincidiu com a revelação de que a publisher pretende ampliar o uso de inteligência artificial generativa em seus processos de produção e controle de qualidade.
Square Enix quer que IA generativa seja responsável pela qualidade de seus jogos
Durante a divulgação de seus resultados financeiros também na última quinta (06), a Square Enix afirmou que pretende que 70% do controle de qualidade (QA) de seus jogos seja automatizado por IA generativa até 2027. A iniciativa faz parte do plano corporativo “Square Enix Reboots and Awakens”, que busca modernizar os processos de desenvolvimento da empresa.
Para isso, a companhia firmou uma parceria com o Laboratório Matsuo-Iwasawa da Universidade de Tóquio, em um projeto chamado “Desenvolvimento Conjunto de Tecnologia de Automação de Controle de Qualidade de Jogos Usando IA Generativa”. O objetivo, segundo comunicado oficial, é “aprimorar a eficiência dos processos de desenvolvimento de jogos por meio de tecnologias de IA”.
O plano prevê que algoritmos generativos passem a realizar boa parte das etapas de teste e depuração de jogos, tradicionalmente executadas por equipes humanas. A Square Enix acredita que essa medida “melhorará a eficiência operacional e criará uma vantagem competitiva” no mercado.

A adoção de IA em funções criativas e técnicas, no entanto, tem gerado debate na indústria. Em declarações recentes ao Automaton, Motoi Okamoto, produtor da série Silent Hill, afirmou que “a IA pode executar tarefas complexas, mas não substitui decisões ousadas ou criativas que definem um jogo”.
Mesmo com as críticas, a Square Enix reforça que o uso da IA é parte central de sua visão de futuro e deve se expandir para outras áreas além do controle de qualidade nos próximos anos.
Publisher passou por reestruturação em maio deste ano
A nova rodada de cortes ocorre poucos meses após uma reorganização estratégica em maio de 2025, quando a Square Enix anunciou mudanças profundas em sua operação global.
Na época, a empresa apresentou um plano baseado em quatro pilares principais: otimização do desenvolvimento de entretenimento digital, fortalecimento do relacionamento com o público, maior estabilidade corporativa e equilíbrio entre retorno aos acionistas e investimento em crescimento.
Essa nova diretriz também marcou o início de uma estratégia multiplataforma, com foco em levar os principais títulos AAA para diversas plataformas — um movimento que pode representar o fim das exclusividades prolongadas em consoles.

O plano de negócios, que vai até 2027, visa transformar a editora japonesa em uma empresa mais flexível e menos dependente de franquias exclusivas. Jogos como Final Fantasy VII Remake, inclusive, servem de exemplo da transição gradual para lançamentos multiplataforma.
Além disso, a Square Enix cancelou vários projetos não anunciados que não se alinhavam ao novo direcionamento corporativo. Segundo o relatório financeiro divulgado na ocasião, o objetivo é “mudar de quantidade para qualidade”, concentrando esforços em produções com maior potencial comercial e crítico.
E você, acha que a aposta da Square Enix em IA pode melhorar a qualidade dos seus jogos — ou coloca empregos e criatividade em risco? Comente nas redes sociais do Voxel!
