A percepção de que a igualdade de gênero no setor de tecnologia tem piorado ganhou força em 2025. Segundo o relatório State of Gender, divulgado pelo programa Women in Tech do Web Summit, seis em cada dez mulheres que atuam na área acreditam que houve regressão nos avanços de diversidade. A pesquisa mostra ainda que 81% delas se sentem preparadas para liderar, mas enfrentam um ambiente cada vez mais hostil às pautas de inclusão.
O levantamento, realizado com 671 participantes de diferentes regiões do mundo, revela que fatores geopolíticos e o enfraquecimento dos programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) têm afetado diretamente a presença feminina em um setor ainda dominado por homens. Em 2024, 51% das entrevistadas acreditavam em melhorias; em 2025, 60% disseram que o cenário piorou.

Tensões políticas e cortes em diversidade travam avanços
As entrevistadas apontam que a redução de iniciativas de diversidade e o chamado “clima de guerra” global têm limitado o financiamento de projetos voltados à capacitação feminina. Isso resultou em menos recursos para promover igualdade de gênero nas empresas de tecnologia.
De acordo com o relatório:
- 61% discordam que o setor tech esteja tomando medidas eficazes contra a desigualdade;
- 56,5% dizem precisar escolher entre carreira e família, um aumento de sete pontos percentuais em relação a 2024;
- 49% afirmam ter sofrido algum tipo de preconceito ou sexismo nos últimos 12 meses.
Mesmo com maior preparo para liderar, as mulheres ainda relatam falta de representatividade, dificuldade em equilibrar vida pessoal e profissional e preconceitos sutis, como serem interrompidas em reuniões ou terem ideias ignoradas e reapresentadas por colegas homens.

Inteligência artificial pode ajudar na igualdade de gênero
Apesar dos desafios, há otimismo em relação à tecnologia como ferramenta de mudança. Cerca de 77% das entrevistadas usam inteligência artificial diariamente, e três em cada quatro acreditam que a IA pode favorecer a inclusão e a criatividade, ajudando a equilibrar a vida profissional e pessoal.
No entanto, 25% delas ainda temem que essas mesmas ferramentas acabem reforçando vieses de gênero já existentes nos algoritmos.
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O estudo, que antecede o Web Summit Lisboa, reforça que a luta pela igualdade de gênero na tecnologia está longe de terminar. Mesmo com avanços individuais, o setor enfrenta um retrocesso estrutural que ameaça conquistas históricas das mulheres na inovação e na liderança.
As informações são do jornal O Globo.
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