Conforme noticiado pelo Olhar Digital, os astronautas chineses Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie, membros da missão Shenzhou-20, estão em órbita há mais de seis meses. A cápsula trazendo o trio deveria retornar à Terra na última quarta-feira (5), mas a Agência Espacial Tripulada da China (CMSA) anunciou o cancelamento do pouso, sob suspeita de que a nave teria sido impactada por pequenos detritos espaciais, o que poderia tornar a viagem arriscada.
Em uma atualização recente, a CMSA informou que os três astronautas estão em boas condições e seguem trabalhando normalmente na estação Tiangong. Enquanto isso, engenheiros realizam testes detalhados na cápsula reserva que pode ser usada no retorno. A agência ainda não divulgou uma nova data de pouso, mas afirma que a tripulação já está cumprindo protocolos de preparação para uma eventual volta à Terra.
A Shenzhou-20 deveria cumprir o procedimento padrão das missões chinesas: desacoplar do módulo central Tianhe, fazer a manobra de reentrada e pousar em uma área pré-definida na China. Esse é o ciclo habitual das missões tripuladas do país desde a construção da estação Tiangong.

Lixo espacial mudou os planos de retorno da missão Shenzhou-20
No entanto, a possível colisão com detritos espaciais exigiu a ativação imediata dos protocolos de segurança, que incluem inspeções estruturais aprofundadas, simulações de pouso e testes combinados de todos os sistemas da nave. O objetivo é confirmar se a cápsula ainda pode realizar a reentrada com segurança total.
Caso os testes indiquem qualquer risco, um plano alternativo está em avaliação: enviar uma nova cápsula tripulada (mas, desocupada), como a Shenzhou-22, exclusivamente para resgatar o trio. Nesse cenário, a nova nave seria lançada, acoplada à estação Tiangong e usada para trazer os astronautas de volta.
A cápsula Shenzhou-20, por sua vez, poderia ser conduzida para uma reentrada controlada na atmosfera ou deixada em órbita. Embora essa opção ainda não tenha sido anunciada oficialmente, veículos chineses já mencionam preparativos preliminares.

Por enquanto, vários pontos seguem sem resposta. A CMSA não informou a real extensão dos possíveis danos, e ainda não há previsão oficial de retorno. Também não está claro quais critérios técnicos vão orientar a escolha entre a reentrada direta ou o envio de uma nave de resgate. Além disso, detalhes operacionais, como o acoplamento e o cronograma de uma eventual missão adicional, ainda não foram divulgados.
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Outros astronautas já ficaram “presos” no espaço
Com 55 metros de comprimento e dividida em três módulos, a estação Tiangong tem cerca da metade do tamanho da ISS. A estrutura costuma receber uma tripulação de três astronautas por vez, mas foi projetada para acomodar duas equipes simultaneamente quando necessário, o que reduz possíveis desconfortos durante esses períodos de transição.
Apesar do imprevisto, a missão acabou gerando um marco histórico. Com a estadia prolongada, o comandante Chen Dong vai superar os 416 dias acumulados em voos anteriores, ampliando ainda mais seu recorde de tempo total em órbita entre os astronautas chineses.

A situação lembra outros episódios semelhantes, como o ocorrido com Butch Wilmore e Suni Williams, que passaram nove meses na ISS após uma falha na cápsula Boeing Starliner – uma missão originalmente planejada para oito a 10 dias.
Segundo especialistas, casos de “pessoas presas no espaço”, como a tripulação Shenzhou-20, reforçam a necessidade de um sistema de resgate espacial internacional.
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