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Cometa ‘novo’ não sobrevive ao encontro com o Sol e se parte em três pedaços

by Fesouza
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Astrônomos registraram um fenômeno raro na madrugada de 11 para 12 de novembro: o cometa C/2025 K1 (ATLAS) se fragmentou em três pedaços, logo após passar muito perto do Sol

A ruptura foi registrada com precisão pelo telescópio Copernicus, no Observatório de Asiago, na Itália. Segundo as observações, o cometa se despedaçou em dois grandes blocos e um terceiro fragmento menor.

O cometa vinha chamando atenção pela rápida evolução de brilho enquanto se aproximava do periélio (ponto da órbita de um corpo celeste no qual ele fica mais próximo do Sol), ocorrido em 8 de outubro. Sim, ele só se desintegrou cerca de um mês depois – a ruptura é um efeito tardio do aquecimento extremo, não um evento instantâneo.

O aquecimento intenso provocado pela proximidade com o Sol – equivalente a 0,33 unidade astronômica, pouco além da órbita de Mercúrio – já indicava que o núcleo poderia não suportar a jornada.

Sol ‘desmontou’ o cometa ao aquecer seus materiais mais frágeis

O C/2025 K1 é considerado um cometa “dinamicamente novo”. Isto é, um visitante que passa pela região interna do Sistema Solar pela primeira vez. 

Montagem com gráfico e imagem de cometa quebrando em partes
Núcleo do cometa foi submetido a mudanças térmicas para as quais não estava preparado ao ficar muito perto do Sol (Imagem: Reprodução/Instituto Nacional de Astrofísica da Itália)

Estudos preliminares indicam que ele se formou em regiões extremamente distantes e frias, como a Nuvem de Oort, onde materiais gelados permanecem praticamente intactos desde a origem do Sistema Solar. 

Ao entrar pela primeira vez no ambiente quente perto do Sol, o núcleo foi submetido a mudanças térmicas para as quais não estava preparado.

No periélio, o cometa recebeu uma dose intensa de radiação solar. Isso aqueceu rapidamente tanto a superfície quanto as camadas internas do núcleo, o que fez o gelo preso em seus poros virar vapor e escapar em jatos de gás e poeira. 

Esses “estouros” internos funcionam como pequenas explosões, capazes de empurrar partes do cometa em direções diferentes – exatamente o que astrônomos observam quando um núcleo começa a rachar.

Dias antes, instrumentos de monitoramento já tinham detectado dois aumentos repentinos de brilho, sinais típicos de que o cometa expelia material de forma instável. 

O comportamento era um alerta de que o núcleo estava sob forte estresse e poderia se romper. Foi o que ocorreu entre os dias 10 e 11 de novembro, quando as primeiras imagens revelaram a formação dos três fragmentos.

Fragmentos revelam ‘máquina do tempo’ cósmica feita de gelo e poeira

As imagens registradas pelo telescópio Copernicus impressionaram os astrônomos. Elas mostravam dois blocos principais separados por cerca de dois mil quilômetros, além de um fragmento menor à esquerda da dupla. 

Céu noturno com aurora avermelhada no horizonte marcando silhueta de observatório na Itália
Eventos solares intensos fizeram aurora vermelha aparecer no céu de Asiago, na Itália (Imagem: F. Ferrigno/Instituto Nacional de Astrofísica da Itália)

Dados coletados no mesmo período pelo Virtual Telescope Project confirmam a evolução rápida da ruptura. Em apenas 24 horas, um grande pedaço do núcleo se afastou do fragmento voltado para o Sol, o que evidenciou a instabilidade do material remanescente.

Para os pesquisadores, a fragmentação oferece uma oportunidade científica única. Quando um cometa jovem se rompe, expõe camadas internas praticamente intactas desde a formação da nebulosa primordial – o disco de poeira e gás que deu origem aos planetas há mais de 4,5 bilhões de anos. 

Segundo os astrônomos do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (INAF), analisar esses fragmentos permite investigar composição química, densidade, estrutura e porosidade de um corpo que funciona como uma “máquina do tempo” natural, preservando pistas sobre o início do Sistema Solar.

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As equipes envolvidas nas observações devem mergulhar nas imagens nos próximos dias, o que pode revelar detalhes ainda mais finos sobre a ruptura. 

A mesma noite de observações produziu outra cena incomum: uma aurora vermelha intensa apareceu no céu da cidadezinha de Asiago, na Itália – efeito dos fortes eventos solares da semana. Foi um pano de fundo raro para uma das fragmentações de cometas mais marcantes de 2025.

(Essa matéria também usou informações do site Space.)

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