Desde que foi descoberto, o cometa 3I/ATLAS está na mira de diversos telescópios espaciais e terrestres. As observações são analisadas por cientistas do mundo todo, focados em desvendar os segredos do objeto, que é apenas o terceiro visitante interestelar já detectado no Sistema Solar.
Após se encontrar com o Sol no fim do mês passado, o “forasteiro” tem se tornado cada vez mais visível no céu. Em dezembro, ele vai alcançar a distância mínima da Terra, enquanto segue viagem de volta para casa – onde quer que seja.

Atualmente, o cometa tem magnitude de 9.5, brilho insuficiente para ser visto a olho nu e acessível apenas com telescópios de pequeno ou médio porte. Binóculos astronômicos mais potentes até podem detectá-lo, mas somente em noites muito favoráveis – aquelas com céu limpo, baixa umidade e pouca poluição luminosa. Quem não dispõe desse tipo de equipamento pode contar com as transmissões online de observatórios e astrônomos amadores, que vêm mostrando em tempo real o avanço do objeto.
Vamos relembrar a história do 3I/ATLAS
- Quando foi detectado, em julho, o objeto foi temporariamente chamado de A11pl3Z;
- Ele foi identificado como um cometa interestelar logo no dia seguinte, recebendo os nomes de C/2025 N1 (ATLAS) e 3I/ATLAS (entenda aqui);
- Em um dos primeiros estudos sobre o cometa, astrônomos estimaram que o objeto pode ter cerca de sete bilhões de anos;
- Isso faz dele mais velho que o Sistema Solar;
- Não demorou para surgirem especulações sobre possível origem tecnológica alienígena;
- Refutada pela maioria dos cientistas, a ideia foi descartada pela NASA;
- A teoria se baseia em detalhes como a composição química “bizarra” do corpo celeste, com a presença de níquel atômico, por exemplo;
- Missão SPHEREx, lançada pela NASA em março para mapear o céu em infravermelho a fim de investigar a origem do Universo, detectou dióxido de carbono na nuvem de gás que envolve o núcleo do cometa;
- Essa nuvem, chamada coma, brilha em verde e tem quase 350 mil km de extensão;
- Imagens capturadas por telescópios em solo mostram que o 3I/ATLAS desenvolveu uma cauda voltada para o Sol – chamada de anticauda;
- O objeto atingiu o periélio (ponto mais próximo da estrela) em 29 de outubro;
- Antes disso, ele passou relativamente próximo a Marte, sendo analisado por espaçonaves que orbitam o planeta;
- Missões dedicadas a investigar Júpiter e suas luas, como a Juno e a Europa Clipper, ambas da NASA, e a JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA), também estão sendo aproveitadas para estudar o ilustre visitante;
- Após dias desaparecido no brilho solar, o cometa voltou a aparecer no céu da Terra;
- Cientistas notaram que ele apresentou uma mudança de cor e uma aceleração diferente;
- A alteração de cor foi prontamente desmentida pelos cientistas envolvidos na observação, e o “modo turbo” foi explicado em um estudo recente (saiba detalhes aqui);
- O objeto atinge o ponto de aproximação máxima com a Terra dia 19 de dezembro, a caminho de deixar o Sistema Solar.
A trajetória singular do 3I/ATLAS continua a ser cuidadosamente monitorada, já que cada novo dado pode ser crucial para decifrar a composição, comportamento e origem do enigmático visitante interestelar.
Um dos astrônomos ao redor do mundo que estão empenhados em estudar o objeto é Gianluca Masi, fundador e responsável pelo Projeto Telescópio Virtual, do Observatório Bellatrix, em Manciano, na Itália, que programou uma transmissão ao vivo do 3I/ATLAS no YouTube. Se as condições climáticas ajudarem e o céu estiver favorável, a live será na próxima segunda-feira (17), a partir da 1h15 da manhã (pelo horário de Brasília).

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Cauda iônica do 3I/ATLAS continua crescendo
Uma nova imagem do 3I/ATLAS mostra que a cauda iônica o cometa está maior e mais definida, indicando que ele está ficando mais ativo conforme avança pelo Sistema Solar interno. O registro foi feito pelo Projeto Telescópio Virtual, combinando várias fotos de longa exposição capturadas por telescópios remotos.
Mesmo em condições difíceis – com o cometa baixo no horizonte e a Lua 60% iluminada – a cauda aparece clara e extensa. Segundo Masi, o clima favorável permitiu observar detalhes que não tinham surgido em imagens anteriores.

A cauda iônica se forma quando a radiação ultravioleta do Sol remove elétrons das moléculas de gás liberadas pelo cometa. Esses gases se transformam em íons e são empurrados pelo vento solar, criando uma cauda azulada que sempre aponta para o lado oposto ao Sol. Ela é diferente da cauda de poeira, mais amarelada, que tende a seguir a trilha da órbita.
Na nova imagem, o núcleo brilhante do cometa aparece envolto por uma coma compacta, enquanto a cauda iônica se estende por cerca de 0,7 grau no céu. Uma fraca anticauda, formada por poeira, também pode ser vista atrás do núcleo. O conjunto indica um aumento claro de atividade em comparação com observações anteriores.
Como apenas o terceiro objeto interestelar já confirmado, o 3I/ATLAS oferece uma chance rara de acompanhar, em detalhes, como um cometa de outro sistema reage à luz e ao calor do Sol. O crescimento da cauda sugere que mais gelo e poeira estão sublimando, o que pode ajudar os cientistas a entender melhor a composição e a possível origem do ilustre visitante.
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