Cientistas criaram uma versão funcional, na vida real, do robô TARS do filme “Interestelar“. O robô, chamado TARS3D, foi desenvolvido por Aditya Sripada, engenheiro sênior em robótica na Nimble.ai, e seu colaborador de longa data, Abhishek Warrier.

Eles também assinam um artigo chamado “Walking, Rolling, and Beyond: First-Principles and RL Locomotion on a TARS-Inspired Robot” (Caminhando, rolando e muito mais: princípios fundamentais e locomoção por aprendizado por reforço em um robô inspirado no TARS, em tradução livre), que foi finalista do prêmio Mike Stilman na 24ª conferência IEEE RAS Humanoids, em Seul (Coreia do Sul) — evento muito importante na pesquisa em robótica humanoide.
Como é o robô TARS3D e como ele se move
- No vídeo de demonstração, vê-se que o TARS3D tem quatro “pilares” telescópicos, cada um articulado de forma independente;
- A partir de uma visão lateral, dois pilares se rotacionam para frente e os outros dois para trás, formando um “X”;
- Esses pilares têm “pads” curvos nas extremidades superior e inferior que funcionam como “pés” quando o robô anda. Mas, quando ele roda, esses “pads” se estendem para formar algo parecido com uma roda de oito raios — um tipo de roda sem aro;
- Sripada e Warrier afirmaram que esse é o primeiro robô inspirado no TARS que pode tanto andar quanto rolar, o que é bastante significativo.
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Motivações científicas e abordagem técnica
No artigo técnico, os pesquisadores explicam que muitos robôs usam formas biomiméticas (imitando seres vivos), mas que muitas aplicações em ambientes criados pelo homem podem se beneficiar de formas não antropomórficas, ou seja, que não lembram corpos humanos.
Para controlar os movimentos, o TARS3D tem sete graus de liberdade: três articulações rotatórias e quatro prismáticas (as pernas telescópicas). Eles usaram aprendizado de máquina (machine learning), em particular deep reinforcement learning (DRL), junto com otimização, para descobrir modos de locomoção que não seriam fáceis de encontrar apenas por métodos analíticos.
No artigo, os autores relatam que usaram simulações com DRL e observaram que a política aprendida conseguia reproduzir os movimentos analíticos clássicos quando tinham os “priors” corretos, mas também descobriu comportamentos novos e inesperados.

Eles afirmam que a “morfologia biotranscendente” do TARS3D permite múltiplos modos de locomoção que antes não haviam sido explorados, abrindo caminhos promissores para robótica multimodal.
Atualmente, a versão do robô é conectada por cabo, o que limita a autonomia. Além disso, ele é bastante pequeno: mede cerca de 25 cm de altura e pesa cerca de 990 gramas, com todas as partes sendo impressas em 3D.
Apesar dessas limitações, os pesquisadores planejam testar o TARS3D em diferentes tipos de terreno para ver como ele se comporta fora de uma bancada de laboratório.
Motivação pessoal por trás da criação
Sripada contou, ao New Atlas, que começou a construir o TARS3D em novembro de 2022, sem laboratório, sem financiamento e sem vínculo institucional — apenas com noites e finais de semana dedicados ao projeto. Ele disse que se reconectou com “a simples alegria de construir robôs”.
Ele descreveu a experiência como uma mistura de “maravilha, paciência, decepção quando algo falha e uma euforia silenciosa quando finalmente funciona”, e disse ainda que, “em algum momento do processo, você descobre uma pequena nova verdade sobre movimento, persistência e sobre você mesmo”.

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