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Cálice de 4.300 anos pode ter a representação mais antiga da origem do universo

by Fesouza
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Um cálice de prata de 4.300 anos encontrado na Cisjordânia, Palestina, pode trazer a que seria a representação mais antiga conhecida da criação do universo. Descoberto em 1970, o artefato foi enterrado ao lado de um indivíduo de alto status da Idade do Bronze — possivelmente como parte de um ritual ligado ao renascimento espiritual após a morte.

Com apenas 8 centímetros, o cálice de Ain Samiya chama atenção pelo nível de detalhe e pela narrativa visual que parece retratar duas etapas da gênese cósmica, segundo o IFLScience.

Artefato de 4.300 anos pode ilustrar como povos antigos entendiam a origem do universo, unindo símbolos de caos, luz e renascimento.
Artefato de 4.300 anos pode ilustrar como povos antigos entendiam a origem do universo, unindo símbolos de caos, luz e renascimento. Imagem: CC BY-SA 4.0

Do caos primordial à origem do universo

A primeira cena mostra um universo ainda sem forma definida, dominado por uma serpente que simboliza a fusão entre céu, terra, plantas e animais. De acordo com os autores do estudo, essa imagem representa um estágio inicial “em que o céu e a terra, os animais e as plantas estavam fundidos, de modo que não podiam desenvolver seu potencial”.

No painel seguinte, a mudança fica evidente: a serpente aparece derrotada enquanto duas figuras humanoides erguem o Sol. Para os pesquisadores, é o momento em que a ordem supera o caos — uma pista de como antigas culturas imaginavam o surgimento do mundo.

Para ilustrar essa transformação, o cálice reúne elementos que sugerem:

  • A existência de uma serpente como guardiã ou agente do caos inicial.
  • A transição de um mundo indiferenciado para um cosmos estruturado.
  • A participação de figuras humanoides no surgimento da luz.
  • A separação entre céu e terra como marco da criação.
  • Um possível ritual simbólico ligado ao renascimento espiritual.
Cálice de 4.300 anos pode ter a representação mais antiga da origem do universo
Os detalhes do cálice revelam a serpente do caos e figuras humanoides erguendo o Sol, formando uma das narrativas visuais mais antigas já registradas. Imagem: CC BY-SA 4.0

Não é Enuma Elish — é algo ainda mais antigo

Durante muito tempo, pesquisadores acreditaram que as cenas faziam referência ao mito babilônico Enuma Elish. O novo estudo, porém, diz que essa associação não se sustenta: o cálice é mais de mil anos anterior à narrativa de Marduk e Tiamat.

Os autores afirmam que “o cálice de Ain Samiya não retrata cenas do Enuma Elish, visto que o cálice é anterior ao mito de criação babilônico em mais de um milênio e é notavelmente desprovido de imagens violentas”.

A nova hipótese é mais ampla: o artefato pode reunir traços de diferentes tradições mesopotâmicas, criando um relato de criação ainda mais antigo.

Conexões com artes ainda mais antigas

Os pesquisadores também comparam a cena das figuras humanas erguendo o Sol com o motivo do Barco Celestial, encontrado em cerâmicas de 11.500 anos de Göbekli Tepe, na Turquia. A mesma semelhança aparece no prisma de Lidar Höyük, outro objeto que traz narrativas sobre a origem do cosmos.

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Se essa relação estiver correta, o cálice de Ain Samiya pode guardar a mais antiga representação já identificada da gênese cósmica — um possível marco na história das primeiras mitologias humanas.

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