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Review: Marvel Cosmic Invasion é um beat ’em up simples, mas apaixonado

by Fesouza
9 minutes read

O gênero de briga de rua, que fez tanto sucesso na época dos fliperamas, não poderia estar mais bem representado nos dias de hoje. A desenvolvedora e publicadora francesa Dotemu, responsável por sucessos como Streets of Rage 4 e, mais recentemente, Absolum, está na linha de frente dos beat ‘em ups com lançamentos que buscam manter vivo o apelo desse tipo de jogo, especialmente quando falamos de multiplayer cooperativo.

Após emplacar tantos sucessos nos últimos anos, agora chegou a vez de MARVEL Cosmic Invasion resgatar alguns dos heróis e vilões mais emblemáticos da editora de HQs em um jogo de pancadaria que, embora simples em sua essência, é bastante satisfatório de jogar. O Voxel já teve a oportunidade de jogar o novo game, que é produzido pela Tribute Games (de TMNT: Shredder’s Revenge), e conta como foi a experiência no texto a seguir. Confira: 

 Elenco recheado de heróis conhecidos (e outros nem tanto)

Antes de entrar na minúcia do gameplay de MARVEL Cosmic Invasion, vale elogiar o jogo já pelo seu elenco de personagens jogáveis. Além de rostos já esperados, como Wolverine, Capitão América, Homem-Aranha e Tempestade, o jogo buscou figuras menos conhecidas dos quadrinhos, mas que combinam com a proposta do título. É o caso de Bill Raio Beta, Phyla-Vell, Nova, Motoqueiro-Fantasma Cósmico, entre outros.

Todos os personagens compartilham da mesma lógica de comandos, então é muito fácil de escolher e entender seus funcionamentos. Ainda assim, eles são diferentes o suficiente para justificar a decisão por parte dos desenvolvedores. Eles são todos tão divertidos quanto intuitivos de jogar — há quinze no total, uma lista bastante extensa, para os padrões do gênero, e que desperta interesse em testar todos. Felizmente, os desenvolvedores também pensaram em uma forma de tornar a experimentação bastante convidativa.

Captura de tela nº 0

Uma das principais mecânicas do jogo é a necessidade de escolher dois personagens e poder intercalar entre eles livremente durante as partidas. Com apenas um botão, os jogadores podem chamar o outro herói para executar um golpe de assistência e assumir o seu lugar, criando combos inusitados. Parte da diversão também está em descobrir os melhores momentos para estender as sequências e maximizar o dano que você pode causar em um mesmo inimigo.

Os jogadores são recompensados por usar os personagens repetidas vezes, já que eles ganham níveis e liberam benefícios como acréscimo de vida e dano, além de uma técnica passiva que enriquece ainda mais o seu estilo de jogo. É uma progressão bastante linear, então não precisa distribuir atributos e nem nada do tipo. A She-Hulk, por exemplo, passa a causar muito mais dano pelos seus próximos dois ou três ataques depois de agarrar os adversários. Já o Homem de Ferro tem acesso a munição ilimitada por um período após aparar um golpe com êxito.

Eu me vi interessado em progredir com todos os personagens para, no mínimo, descobrir o que cada uma das suas habilidades passivas fazia. Também ajuda o fato de que o modo campanha traz uma dupla de personagens recomendada para cada estágio, com desafios que devem ser cumpridos em troca de recompensas. Isso garante uma rotatividade e, mais uma vez, convida à experimentação de todo o elenco. Foi uma decisão bastante acertada da desenvolvedora e que me divertiu bastante ao longo das minhas sete horas de jogatina.

Competente na sua simplicidade

Como mencionado, MARVEL Cosmic Invasion é um jogo bastante intuitivo. Em essência, ele não faz nada de muito diferente de outros jogos de briga de rua clássicos — e isso não é um demérito. Ainda assim, ele toma algumas decisões interessantes. Por exemplo, existem heróis jogáveis que conseguem voar e outros, não. As fases têm inimigos que seguem a mesma lógica, como se a tela fosse dividida em duas trilhas: o chão e o ar.

Os heróis capazes de voar podem lidar facilmente com os inimigos voadores, enquanto os outros teriam de pular para tentar alcançá-los. Isso “força” algumas escolhas estratégicas na composição da dupla. Eu não ficaria surpreso se muitas pessoas preferirem se equipar com um personagem terrestre e outro voador, a fim de cobrir as duas possibilidades. Não é algo mandatório para chegar ao último chefe, mas com certeza facilita a jogatina.

Captura de tela nº 4

Da mesma forma, há heróis que têm ataques à distância enquanto outros, só corpo a corpo. A chave está na experimentação. Todas as duplas são viáveis em algum nível, então o ideal é encontrar aquela que combine com seu estilo de jogo.

Só tem um detalhe do jogo que não me agradou tanto: o level design. Por um lado, a apresentação das fases é bastante chamativa: elas estão cheias de referências para os fãs de quadrinhos e muitas delas têm perigos que podem afetar tanto jogadores quanto inimigos. Por outro, elas são lineares até demais. O jogo traz mais de uma dezena de estágios, mas poucos deles são memoráveis.

Isso fica ainda mais evidente conforme nos aproximamos do final do jogo. As ideias ficam desidratadas e acabam resultando em um desfecho anticlimático, como se estivesse faltando algo. A impressão é que os esforços foram despendidos na variedade de personagens do elenco, enquanto as fases ficaram em segundo plano. Apesar disso, a qualidade geral do jogo é boa o bastante para compensar esse aspecto — e a pancadaria, que é o que importa de verdade, é bastante satisfatória.

É só juntar a galera e se divertir, independente das plataformas

O multiplayer é a essência dos jogos de briga de rua e MARVEL Cosmic Invasion mostra que fez a lição de casa. Um dos maiores acertos do jogo é o suporte a multiplayer cross-play, dispensando barreiras entre plataformas. É uma das aplicações mais fáceis e diretas que eu já vi: é só criar um grupo no modo desejado (campanha ou arcade), compartilhar o código com seus amigos e pronto. É possível até mesmo se juntar a uma sessão já em andamento — como se alguém chegasse na sua casa, pegasse o controle na hora e começasse a jogar junto.

Também é possível criar salas públicas ou se juntar a jogos que já estão em andamento, desde que estejam configurados para isso, mas o ping é algo que deve ser levado em consideração. Eu participei de sessões que tinham uma latência enorme durante os testes, mas isso é algo bastante improvável de acontecer caso você jogue apenas com pessoas do seu círculo de amizades.

Captura de tela nº 1

O jogo tem, ao todo, suporte para quatro jogadores. E sim, cada um seleciona dois personagens. Em certos momentos, a tela tem de acomodar oito bonecos batendo em múltiplos inimigos ao mesmo tempo, usando seus especiais e tudo mais o que tiverem à disposição. É um caos generalizado, mas ao mesmo tempo uma explosão de serotonina. Espere aqueles clássicos momentos em que o chefe já foi derrotado, mas está sendo “petecado” de um lado para outro da tela, impedindo que o grupo avance para a próxima tela.

Visuais e trilha sonora de altíssima qualidade

É inegável que a Marvel está vivendo um momento excelente nos videogames. De MARVEL Rivals ao vindouro MARVEL Tōkon: Fighting Souls, a editora está dando o sinal verde para a publicação de projetos repletos de personalidade em sua identidade visual. MARVEL Cosmic Invasion não fica para trás, esbanjando uma arte em pixel de altíssima qualidade e que é a especialidade da Tribute Games, como já demonstrado no excelente jogo das Tartarugas Ninja.

Em muitos momentos, os heróis jogáveis remetem às suas versões dos clássicos da Capcom para fliperamas, com animações fluidas e facilmente reconhecíveis. Isso desperta um sentimento de nostalgia indescritível. Mais interessante ainda é ver como personagens menos conhecidos, ou que nunca tiveram a chance de brilhar em clássicos da Era de Ouro dos fliperamas, foram reinterpretados nesse estilo visual.

Captura de tela nº 6

A trilha sonora do jogo também é digna de nota, contando com o envolvimento de um dos meus compositores favoritos: Tee Lopes. Ele trabalhou em jogos como Sonic Mania, Sonic Superstars, TMNT: Shredder’s Revenge e, mais recentemente, SHINOBI: Art of Vengeance. O seu trabalho engrandece a experiência com o jogo, com músicas que realmente imergem na ação.

Vale a pena?

MARVEL Cosmic Invasion é uma grata surpresa aos fãs de jogos de briga de rua. Embora seja mais simples do que outros sucessos da Dotemu, o título entrega um gameplay baseado em duplas refinado e muito viciante. Além disso, ele acerta em cheio na experiência multiplayer (online e offline), variedade do seu elenco de personagens e conteúdo desbloqueável, incentivando o fator replay.

É muito claro que o jogo foi feito por um time que é apaixonado por beat ’em ups e também pelos quadrinhos da Marvel, tendo em vista as participações especiais e referências ao longo das fases. Se você busca um jogo de pancadaria divertido e que dispensa burocracias para se juntar aos seus amigos, é sem dúvidas um dos melhores nomes que o gênero tem a oferecer.

Nota do Voxel: 85

Pontos positivos (prós)

  • Variedade de personagens jogáveis;
  • Gameplay baseado em duplas é viciante;
  • Visuais e trilha sonora;
  • Facilidade para iniciar sessões multiplayer.

Pontos negativos (contras):

  • Level design deixa um pouco a desejar.

O review de MARVEL Cosmic Invasion foi possível graças ao envio de uma cópia antecipada pela assessoria de imprensa da Dotemu. O jogo chega em 1º de dezembro com versões para PC, PlayStation, Nintendo Switch e Xbox, incluindo Game Pass.

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