Amsterdã e os holandeses estão sempre em alerta. Quando fortes tempestades atingem a cidade, todos acompanham de perto os moradores de bairros flutuantes, como Schoonschip, que enfrentam a água com segurança. Suas casas sobem e descem conforme o nível do mar, oferecendo uma solução inovadora para cidades ameaçadas por inundações e mudanças climáticas.
A Holanda lidera esse experimento, mostrando que construir sobre a água é viável, sustentável e até lucrativo. Segundo o site Yale Environment 360, o modelo abre caminho para projetos semelhantes em outras partes do mundo.

Morar sobre a água com segurança e sustentabilidade
Em Schoonschip, 30 casas flutuantes resistem às tempestades graças a pilares de aço que mantêm as construções estáveis, mesmo quando a água sobe e desce.
Nós nos sentimos mais seguros durante a tempestade porque flutuamos.
Siti Boelen, produtora de TV, ao Yale Environment 360.
Essas casas têm estrutura parecida com a de construções comuns, mas com casco de concreto no lugar do porão. Pré-fabricadas com madeira, aço e vidro, algumas possuem três andares, painéis solares e cobertura verde, tornando-se exemplos de sustentabilidade urbana.
Principais vantagens das casas flutuantes:
- Resistência a inundações e aumento do nível do mar;
- Conexão completa com rede elétrica e saneamento;
- Uso multifuncional do espaço urbano;
- Possibilidade de expandir cidades em áreas com escassez de terrenos;
- Redução do impacto ambiental com energia renovável e telhados verdes.

Holanda como modelo global
O escritório Waterstudio, fundado por Koen Olthuis, já projetou 300 casas, escritórios e centros de saúde sobre a água em diversos países. Olthuis afirma: “agora, temos a tecnologia e a possibilidade de construir sobre a água.”
Além da Holanda, projetos surgem nas Maldivas, na Polinésia Francesa e até no mar Báltico. Um projeto no Báltico prevê ilhas para 50 mil pessoas, conectadas por um túnel ferroviário financiado em US$ 16,9 bilhões (aproximadamente R$ 90 bilhões).
O conceito de “cidades azuis” integra moradias acessíveis e preservação ambiental, com recifes artificiais e sistemas de ar-condicionado que usam água do mar.

Desafios e o futuro dos bairros flutuantes
Apesar de promissoras, essas construções enfrentam desafios: vento, chuva intensa e até a passagem de navios podem gerar movimentos perceptíveis.
“Quando me mudei, as tempestades faziam o terceiro andar balançar, sentimos no estômago”, explica Boelen.
Além disso, é necessária infraestrutura especial, como cabos, bombas e microrredes elétricas e de saneamento. Mesmo assim, especialistas afirmam que os benefícios superam os custos, garantindo segurança, expansão urbana e adaptação às mudanças climáticas.
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Se considerarmos que, na segunda metade do século, centenas de milhões de pessoas serão deslocadas pelo aumento do nível do mar, devemos começar agora a ampliar a escala das construções flutuantes, comenta Rutger de Graaf, cofundador e diretor da Blue21.
A experiência holandesa mostra que o futuro das cidades pode estar sobre a água. Bairros flutuantes como Schoonschip combinam inovação, sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas, oferecendo um novo jeito de morar e planejar o futuro urbano.
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