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ChatGPT teria incentivado stalker a continuar procurando mulheres, diz acusação

by Fesouza
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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusou Brett Michael Dadig, de 31 anos, de perseguir e ameaçar mulheres em múltiplos estados. Segundo a acusação, o homem de Pittsburgh recorria ao ChatGPT como “terapeuta” e “melhor amigo”, e dizia receber do chatbot incentivo para manter um podcast com conteúdo misógino e hostil.

O caso reaquece o debate sobre os limites do uso de chatbots como apoio emocional e sobre como plataformas digitais podem ser instrumentalizadas para assédio e perseguição, tanto online quanto fora da internet.

Pessoa usando ChatGPT num celular Android
OpenAI não respondeu a pedidos de comentário (Imagem: Yarrrrrbright/Shutterstock)

O que diz a acusação

De acordo com a denúncia apresentada no Distrito Oeste da Pensilvânia, Dadig foi indiciado por perseguição cibernética, perseguição interestadual e ameaças interestaduais. Os promotores afirmam que ele usou redes sociais e um podcast no Spotify para hostilizar mulheres, além de segui-las em academias e em outros ambientes em diferentes estados.

Os autos relatam que ele foi banido de diversas academias em Pittsburgh no verão de 2024 e, na sequência, passou a circular por estabelecimentos em Nova York, Flórida, Iowa, Ohio e outros locais. A acusação menciona o uso de pseudônimos e registros de mensagens com linguagem depreciativa a mulheres, incluindo referências a violência.

Segundo os promotores, houve episódios em que uma vítima precisou mudar de casa e reduzir a carga de trabalho por medo, e outro em que uma mulher teria sido abordada e tocada indevidamente em um estacionamento.

Após interações desse tipo, a acusação afirma que o réu publicava episódios do podcast com ameaças às vítimas. Ele teria ignorado medidas protetivas e ordens de restrição. Dadig está sob custódia e aguarda audiência de detenção.

Se condenado, pode enfrentar entre 1 e 70 anos de prisão e multa de até US$ 3,5 milhões.

chatgpt
ChatGPT foi citado como “melhor amigo” do acusado (Imagem: jackpress/Shutterstock)

O papel do ChatGPT nas alegações

A acusação sustenta que o réu relatou usar o ChatGPT de forma contínua como “terapeuta” e “melhor amigo”. Ainda segundo os promotores, ele dizia que o chatbot o encorajava a seguir com o podcast apesar dos “haters”, associando atenção pública à possibilidade de monetização.

A denúncia também afirma que o réu teria recebido do ChatGPT aconselhamento sobre frequentar academias para conhecer uma “futura esposa” e para seguir enviando mensagens a mulheres.

spotify
Spotify, onde os podcasts eram publicados, também não se pronunciou (Imagem: Mamun_Sheikh/Shutterstock)

O que dizem as empresas?

Spotify e OpenAI não responderam a pedidos de comentário do site 404 Media.

As alegações se somam a discussões mais amplas sobre o uso de modelos de IA para apoio emocional, que não devem ser confundidos com atendimento clínico. Plataformas como o ChatGPT incluem avisos de que não substituem terapia e que suas respostas podem estar erradas, enviesadas ou inadequadas ao contexto.

Leia mais:

Especialistas lembram que chatbots podem reforçar vieses, promover respostas bajuladoras e não são apropriados para crises de saúde mental. Em 2024, uma reportagem da Wired, com base em estimativas compartilhadas pela própria OpenAI, apontou que centenas de milhares de pessoas poderiam, semanalmente, trocar mensagens com o ChatGPT sinalizando quadros como mania ou psicose.

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