A explosão da inteligência artificial e o crescimento das redes sociais deixaram os usuários atentos e nas mãos dos algoritmos. Especialistas apontam que certas palavras podem afetar a visibilidade de conteúdos, criando um efeito de autocensura.
O fenômeno, explica a BBC, conhecido como Algospeak, mostra como criadores tentam driblar as plataformas usando linguagem codificada, enquanto gigantes como TikTok, Meta e YouTube afirmam que não existem termos proibidos.
O que é o Algospeak e como ele funciona
Algospeak é uma linguagem criada para contornar a suposta censura algorítmica. Usuários codificam palavras ou expressões para garantir que seus conteúdos não sejam penalizados ou ignorados pelo sistema de recomendação das plataformas.
Apesar das negações das redes sociais, há relatos de criadores que percebem quedas de engajamento inexplicáveis ao mencionar certos termos.
Para falar apenas do TikTok, eu raramente pronuncio a palavra ‘YouTube’. Se disser algo como ‘visita meu canal no YouTube’, o vídeo será um fracasso.
Alex Pearlman, influenciador com milhões de seguidores, à BBC.
Situações como essa levaram Pearlman e outros criadores a adotar linguagem codificada, como apelidar Jeffrey Epstein de “Homem da Ilha” para evitar supostas punições.
Botões secretos e regras invisíveis
TikTok, Meta e YouTube afirmam que seus algoritmos priorizam relevância e engajamento, usando bilhões de dados. Postagens só são removidas quando violam normas claras da comunidade. Ainda assim, investigações da BBC e da Human Rights Watch indicam que algumas vozes são amplificadas ou suprimidas, contradizendo a retórica de neutralidade.
- Em 2019, TikTok instruiu moderadores a limitar conteúdos de usuários “feios”, pobres, com deficiências ou LGBTQIAPN+.
- Transmissões ao vivo críticas a governos também eram bloqueadas, embora a empresa negue intenção política.
- Botões secretos foram usados para viralizar conteúdos estratégicos, com possível favorecimento comercial.
O YouTube já enfrentou acusações de desmonetizar vídeos de criadores LGBTQIAPN+, embora negue ter proibido termos específicos. Na prática, as plataformas interferem nas vozes que ganham destaque, mesmo quando afirmam neutralidade.
Festival de música, protestos e imaginário algorítmico
Um caso curioso envolveu um “festival de música” em Los Angeles, que na verdade nunca existiu. Usuários usaram essa expressão como código para driblar o algoritmo durante protestos contra o ICE, gerando viralização e discussão.
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O linguista Adam Aleksic explica que o fenômeno reflete um “imaginário algorítmico”, em que o comportamento do usuário é moldado por crenças sobre o funcionamento das redes. Criadores como Ariana Jasmine Afshar confirmam que a linguagem codificada pode ajudar a evitar a censura, mas reconhecem que grande parte do sucesso depende das próprias regras não transparentes.
“Nenhum de nós sabe o que funciona ou não. Estamos apenas jogando tudo contra a parede para ver como fica”, afirma Afshar
A moderação e as recomendações buscam equilibrar segurança e liberdade de expressão, mas priorizam engajamento e satisfação de anunciantes, reforçando que o objetivo central das redes é gerar lucro.
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