Após anunciar a compra histórica da Warner Bros por US$ 82,7 bilhões, a Netflix começou a detalhar como pretende integrar a HBO, HBO Max e o centenário estúdio ao seu ecossistema. O acordo, que deve ser concluído entre 12 e 18 meses, promete remodelar o mercado de streaming e reacender o debate sobre o futuro dos cinemas.
Em comunicado oficial, a gigante do streaming destacou que planeja manter operações da Warner e até fortalecê-las, em resposta às críticas de que a fusão poderia reduzir janelas de exibição ou prejudicar as produções para telona.
A empresa também afirmou que deseja “potencializar” a marca HBO, citando sua relevância global e importância criativa. No entanto, todo o catálogo será centralizado no streaming da Netflix.
As declarações surgem em meio a reações tensas dentro da indústria. Produtores e cineastas alertaram o Congresso americano sobre o risco de concentração de poder e possíveis danos ao mercado cinematográfico, enquanto a Netflix tenta sinalizar que a união trará mais oportunidades — e não menos.
Netflix promete manter e ampliar o legado da HBO
No comunicado divulgado aos acionistas, a Netflix destaca que pretende preservar a identidade da HBO e aproveitar sua reputação como uma das marcas mais prestigiadas da TV mundial. A empresa cita sucessos como The Sopranos, Game of Thrones e Succession como pilares criativos que continuarão no centro da estratégia.

“Ao adicionar os vastos catálogos de filmes e séries, além da programação da HBO e HBO Max, os assinantes da Netflix terão ainda mais títulos de alta qualidade para escolher”, diz o comunicado. “Isso também permite que a Netflix otimize seus planos para os consumidores, aprimorando as opções de visualização e expandindo o acesso ao conteúdo.”
Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, afirmou que a missão da companhia é “entreter o mundo” e que unir a biblioteca da HBO ao catálogo global da plataforma permitirá “dar ainda mais do que o público ama”. Segundo o executivo, a HBO continuará operando como um selo premium dentro do ecossistema Netflix, com espaço para produções autorais e narrativas mais ousadas.
Internamente, a mensagem tenta tranquilizar fãs e profissionais diante do temor de que a fusão enfraqueça a marca, como aconteceu em outras integrações de Hollywood ao longo da última década. A Netflix também é conhecida por apostar em uma grade de conteúdos mais superficiais, algo bem diferente da abordagem da divisão de TV da Warner.
O futuro dos cinemas sob o comando da Netflix
Um dos pontos mais sensíveis da transação envolve o destino das estreias da Warner Bros nos cinemas. A Variety informou que produtores enviaram uma carta anônima ao Congresso afirmando que a Netflix poderia reduzir a janela teatral para apenas duas semanas antes de migrar os filmes para o streaming combinado.
A Netflix nega essa projeção e fala que pretende manter e até expandir o braço cinematográfico da Warner. “A Netflix espera manter as operações atuais da Warner Bros. e expandir seus pontos fortes, incluindo lançamentos de filmes nos cinemas”, diz o comunicado.

A promessa tenta afastar as preocupações de que a empresa — historicamente focada no streaming — possa desidratar a experiência de cinema. Rivais como Paramount e Comcast, que também participaram da disputa pelo estúdio, haviam prometido manter janelas robustas e produção anual mínima de filmes para salas, argumento que influenciou a resistência pública de diferentes setores da indústria.
Pressão política e movimentos para barrar a fusão
Enquanto a Netflix tenta vender o seu lado da história, a compra já mobiliza figuras influentes de Hollywood. Um grupo de produtores afirmou que a fusão poderia “destruir o mercado cinematográfico” ao centralizar poder de distribuição e reduzir valores de licenciamento nas janelas pós-cinema. Por medo de retaliação, a carta não foi assinada.
Os profissionais pedem ao Congresso que trate o caso com “o mais alto nível de análise antitruste”, citando riscos para empregos, salas de cinema e o ecossistema criativo. A preocupação também menciona declarações antigas de Ted Sarandos, que já disse que “levar pessoas ao cinema não faz parte do modelo de negócios da Netflix”.
Por enquanto, tanto Netflix quanto Warner Bros Discovery evitam comentar as críticas, destacando apenas o potencial econômico e criativo da união. No entanto, a pressão pode influenciar o ritmo das aprovações regulatórias nos EUA.
Netflix promete manter grandes franquias e economizar com o tempo
Além de ampliar o catálogo global, a Netflix prevê aumentar a capacidade de produção nos Estados Unidos com o portfólio maior e a capacidade dos estúdios da Warner. A empresa promete aos acionistas economizar entre US$ 2 e 3 bilhões por ano a partir do terceiro ano após a conclusão da fusão.
A companhia também visa manter franquias como DC, Harry Potter e os clássicos do estúdio em circulação internacional. A expectativa é que a integração leve a um portfólio unificado ainda maior — e que a HBO, mesmo dentro de um guarda-chuva maior, mantenha sua autonomia criativa.
E como fica para o público?
Para os assinantes, a mudança pode representar mais conteúdo premium dentro de uma única plataforma, algo que pode redefinir os rumos do streaming nos próximos anos. A Netflix possui uma das principais plataformas de conteúdo sob demanda do planeta, e o catálogo pode ficar reforçado com a aquisição.
Por outro lado, como já vimos no caso Microsoft e Activision Blizzard, a aquisição gigante também pode causar aumentos no preço da assinatura e demissões em massa. O Game Pass, principal serviço de games do Xbox, dobrou de preço por causa das consequências da compra bilionária no mundo dos games.
No caso da Netflix, a aquisição também pode ter grande impacto na distribuição de filmes no cinema e streaming. Longas mais experimentais e que não possuem sucesso garantido podem acabar ganhando menos espaço nas telonas, o que pode dar fim a sucessos que surpreendem o mercado, como Pecadores e a Hora do Mal.
Essas preocupações devem ser levantadas no processo de aprovação da compra, durante os próximos meses. Enquanto isso, tudo segue normal: tanto HBO Max quanto Netflix continuam operando separadamente.
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