Arqueólogos fizeram uma descoberta notável na antiga cidade maia de Naachtun, localizada na atual Guatemala: um tabuleiro de jogo Patolli, datado do século V, meticulosamente incrustado no piso de uma estrutura.
Diferente de outros achados, esse tabuleiro de cerâmica vermelha não foi apenas gravado, mas sim integrado à arquitetura desde a concepção do edifício, oferecendo novas perspectivas sobre a importância cultural e social dos jogos de tabuleiro na Mesoamérica antiga e a vida das elites maias.
Patolli: o ancestral maia dos jogos de estratégia
- Estudo relata que o Patolli era um jogo de estratégia e sorte de alto risco, popular entre civilizações mesoamericanas como toltecas, astecas e maias, desde 200 a.C;
- Os jogadores apostavam bens valiosos, como colheitas e riquezas, em um tabuleiro em forma de cruz, tornando-o uma parte integral da vida econômica e social;
- Encontrado com frequência em palácios e templos, o Patolli transcendia o entretenimento, servindo para fortalecer laços comunitários e apoiar práticas espirituais;
- A descoberta em Naachtun é singular, pois o tabuleiro foi intencionalmente construído no piso, e não desenhado posteriormente, indicando sua relevância arquitetônica e cultural.

Mosaico de Patolli estava embutido no piso
O Patolli, embora similar em conceito a jogos modernos como o Ludo ou o Monopoly, era muito mais do que um simples passatempo. Sua presença em documentos e códices históricos demonstra a profundidade de seu significado cultural. Antigas civilizações mesoamericanas, incluindo os maias, viam esses jogos como elementos multifacetados, essenciais para a coesão social e rituais.
A maioria dos tabuleiros de Patolli encontrados até hoje consistia em gravuras ou pinturas em paredes e bancos já existentes. Essa característica dificultava a datação precisa e a compreensão do contexto original de uso. No entanto, o achado em Naachtun muda esse cenário. Os pesquisadores, ao escavarem uma vasta área residencial, descobriram um impressionante mosaico de Patolli embutido no chão, uma construção que exigiu cerca de 478 pequenas peças de cerâmica vermelha e laranja.
Conforme destaca o site Phys, a técnica de construção é o que torna este tabuleiro particularmente especial. Sua integração arquitetônica indica que ele fazia parte do projeto original da estrutura, eliminando dúvidas sobre se foi uma adição posterior.

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As dimensões estimadas, de 80 x 110 cm, são consideravelmente maiores do que a média dos tabuleiros previamente encontrados, que variavam entre 40 e 70 cm de lado. O estilo do entorno sugere que esta edificação provavelmente pertencia a uma família da elite maia ou servia como um centro administrativo local, ressaltando o status associado ao jogo.
A datação do tabuleiro, fixada no período Clássico Inicial (400-550 d.C.), foi possível graças à análise da cerâmica recuperada na camada escavada. Esta precisão é crucial para entender como os maias valorizavam os jogos e os integravam não apenas ao cotidiano, mas também a eventos cerimoniais. Os resultados foram publicados no periódico científico da Cambridge University Press.
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