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Pesquisadores brasileiros criam ferramenta que identifica áreas de risco com maior precisão

by Fesouza
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Pesquisadores do ICMC-USP e do Inpe desenvolveram um método capaz de prever deslizamentos de terra com mais precisão, usando dados de São Sebastião, litoral norte de São Paulo. A técnica busca reduzir ambiguidades e alinhar a análise ao comportamento real desses desastres naturais.

O estudo mostra que, com ferramentas estatísticas acessíveis, municípios podem identificar áreas de risco e agir preventivamente, mesmo com recursos limitados, segundo nota da Agência Fapesp.

Pesquisadores comparam técnica tradicional e estatística para identificar com mais clareza as regiões mais vulneráveis a deslizamentos.
Pesquisadores comparam técnica tradicional e estatística para identificar com mais clareza as regiões mais vulneráveis a deslizamentos. Imagem: reprodução/prefeitura de Santa Tereza/RS

Novo método ajuda a prever deslizamentos

O estudo publicado no Scientific Reports compara o método tradicional – que depende da opinião de especialistas sobre fatores como inclinação, proximidade de rios e tipo de solo – com uma versão estatística chamada AHP Gaussiano.

O método utiliza a curva de Gauss, que calcula o peso de cada fator de forma objetiva, sem depender apenas da opinião humana.

Cláudia Maria de Almeida, pesquisadora do Inpe e coautora do estudo, em nota.

Rômulo Marques-Carvalho, doutorando do ICMC-USP e primeiro autor do estudo, acrescenta: “Mesmo que o ganho numérico seja pequeno, o método reduz dúvidas e se aproxima mais do que acontece de verdade com os deslizamentos”.

Fatores como elevação, inclinação, proximidade de rios e estradas e tipo de solo são analisados estatisticamente pelo novo método.
Fatores como elevação, inclinação, proximidade de rios e estradas e tipo de solo são analisados estatisticamente pelo novo método. Imagem: divulgação/UFGRS

Como funciona na prática?

O AHP tradicional compara os fatores aos pares para definir qual é mais importante. O AHP Gaussiano faz isso de forma estatística, usando dados reais do terreno, como:

  • Elevação e inclinação das encostas
  • Distância de rios e estradas
  • Tipo de solo e cobertura do terreno
  • Padrões de ocupação urbana e construções

Isso permite criar mapas de risco mais precisos e confiáveis.

Para validar o método, os pesquisadores analisaram imagens aéreas de alta resolução (10 cm) de São Sebastião, complementadas com fotos do Google Earth e PlanetScope. Foram catalogadas 983 coroas de deslizamento (pontos de início) e 1.070 polígonos de cicatrizes (áreas afetadas).

O resultado? O AHP Gaussiano classificou 26,31% da área como de risco muito alto, contra 23,52% pelo método tradicional, mostrando que a nova abordagem identifica melhor as áreas mais perigosas.

Pesquisadores brasileiros criam ferramenta que identifica áreas de risco com maior precisão
Deslizamento de terra causado por fortes chuvas na praia de Boiçucanga, cidade de São Sebastião, SP, no Carnaval de 2023. Imagem: Nelson Antoine – Shutterstock

Por que isso importa?

Além dos deslizamentos, o método pode ajudar a prevenir outros problemas ambientais, como incêndios florestais, desmatamento, rebaixamento do solo e desertificação.

Leia mais:

Segundo André Ferreira de Carvalho, orientador de Marques-Carvalho, as mudanças climáticas aumentam a frequência desses desastres, tornando ferramentas como o AHP Gaussiano ainda mais importantes.

“O método é simples de usar”, diz Marques-Carvalho. “Uma prefeitura precisa apenas de dados geoespaciais básicos e um computador comum com QGIS, um software livre de análise de mapas”.

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