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Corrida da IA acelera e torna chips descartáveis em poucos anos

by Fesouza
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A corrida pela inteligência artificial (IA) levou a indústria de tecnologia a investir cerca de US$ 400 bilhões (aproximadamente R$ 2 trilhões) em chips e data centers apenas neste ano.

Mas cresce a preocupação: esses chips estariam ficando obsoletos rápido demais, colocando em risco lucros, empresas e até a economia, explica o TechXplore.

Menos de um ano após o Blackwell, a Nvidia já projeta o Rubin, com desempenho 7,5 vezes maior, encurtando o ciclo de vida dos chips.
Menos de um ano após o Blackwell, a Nvidia já projeta o Rubin, com desempenho 7,5 vezes maior, encurtando o ciclo de vida dos chips (Imagem: Hairem/Shutterstock)

Chips cada vez mais potentes — e descartáveis

Antes do boom da IA generativa, empresas de computação em nuvem trabalhavam com uma vida útil média de cerca de seis anos para chips e servidores. Esse cenário mudou drasticamente.

A combinação de desgaste e obsolescência tecnológica torna difícil sustentar essa previsão.

Mihir Kshirsagar, do Centro de Políticas de Tecnologia da Informação da Universidade de Princeton, à AFP

O principal motivo é a velocidade com que novos chips vêm sendo lançados. A Nvidia, líder absoluta do setor, anunciou um salto de desempenho impressionante: menos de um ano após lançar o chip Blackwell, revelou que o Rubin, previsto para 2026, será 7,5 vezes mais potente. Com isso, equipamentos recém-adquiridos passam a perder valor em ritmo acelerado.

De acordo com o analista Gil Luria, da D.A. Davidson, nesse cenário os chips de IA podem perder entre 85% e 90% do valor em apenas três ou quatro anos. O próprio CEO da Nvidia, Jensen Huang, reconheceu o problema ao afirmar que, após o lançamento do Blackwell, “quase ninguém queria a geração anterior”.

Para investidores mais cautelosos, a rápida obsolescência dos chips de IA reforça o temor de uma possível bolha no setor.
Para investidores mais cautelosos, a rápida obsolescência dos chips de IA reforça o temor de uma possível bolha no setor (Imagem: royyimzy/iStock)

Quando a conta começa a assustar

Além da obsolescência acelerada, há outro fator preocupante: falhas técnicas. Chips de IA operam sob cargas extremas, aquecem intensamente e apresentam quebras com mais frequência. Um estudo da Meta sobre o modelo Llama apontou uma taxa anual de falhas de 9% no hardware utilizado.

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Para investidores mais céticos, como Michael Burry — famoso por prever a crise de 2008 —, o cenário lembra perigosamente uma bolha. Ele chegou a chamar a situação de “fraude” em uma postagem recente.

Analistas, como Kshirsagar e Burry, estimam que a vida útil real desses chips seja de apenas dois a três anos, bem abaixo do que muitas empresas consideram em seus balanços. Isso pode afetar diretamente os lucros, já que prazos menores de depreciação aumentam os custos no curto prazo.

A diversificação protege as big techs, mas companhias concentradas em infraestrutura de IA sentem mais o impacto.
Diversificação protege as big techs, mas companhias concentradas em infraestrutura de IA sentem mais o impacto (Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)

Quem corre mais risco nessa corrida da IA

Nem todas as empresas estão igualmente expostas. Gigantes, como Google, Amazon e Microsoft contam com receitas diversificadas. Já companhias mais focadas em infraestrutura de IA enfrentam um cenário mais delicado.

Entre os principais riscos estão:

  • Endividamento elevado para comprar chips de última geração.
  • Dependência excessiva de poucos clientes de nuvem.
  • Data centers caros que precisam ser atualizados com frequência.
  • Chips usados como garantia em empréstimos.
  • Dificuldade para captar capital se a lucratividade cair.

Algumas empresas tentam reduzir o impacto reaproveitando chips mais antigos em tarefas menos exigentes. Segundo Jon Peddie, da Jon Peddie Research, modelos de 2023 ainda podem ser úteis como backup ou para aplicações secundárias — desde que isso faça sentido economicamente.

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