O token é uma forma de registro virtual que existe em uma blockchain, o banco de dados das criptomoedas. Geralmente, ele é encontrado como moeda virtual e pode ser utilizado para a movimentação livre de valor e informações, sem que seja necessária uma entidade central. Dessa maneira, no mundo das criptomoedas, ele é tido como uma representação digital de um ativo, que pode ser dinheiro ou algum tipo de investimento.
Outro ponto muito importante é que existem diferentes tipos de token. Um deles são os utility tokens, que proporcionam uma utilidade, como acesso a um serviço, troca por produtos ou até mesmo descontos. Um exemplo disso são os fan tokens, ativos digitais de times de futebol.
Ao saber disso, a pergunta que fica na mente de muitas pessoas é a seguinte: será que vale a pena investir em fan token? Para responder a esse questionamento, buscamos a opinião de uma especialista, Marina Fuzeti Fagali, Head de Comunicação & Corporate Affairs no Grupo Chiliz Brasil, líder global em soluções de blockchain para esportes e entretenimento.
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Motivos para investir em fan token
A criação do fan token para os clubes de futebol é algo que viabiliza a extração do potencial que a torcida tem de interagir com o time do coração e, ainda, receber recompensas por isso.
Três fatores principais
Marina Fuzeti Fagali utilizou um exemplo dado pelo professor Thomas Malone, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), para explicar o engajamento das pessoas ao investir em algo:
“O ser humano tende a se engajar com algo a partir de três fatores: dinheiro, amor e glória. O terceiro fator, que eu acho que é onde talvez a gente entre no diferencial, é a glória, pois ela é o status, o qual proporciona o senso de pertencimento, sendo capaz de entregar um valor além do financeiro, além do amor pelo clube, e que consegue fazer você se sentir especial, se sentir parte”, disse Marina.
“E nesse lugar os clubes não conseguiam chegar, porque, numa relação unilateral em que o torcedor entrega o tempo inteiro para o clube — ele compra o ingresso, compra camisa, vai ao jogo, torce, se esgoela, sofre —, o que ele recebe em retorno? Algo que não é controlável e estável, que é o resultado de campo. Mas o clube não sabe quem é esse torcedor, não entrega um valor para ele, não consegue trabalhar outras formas. Então, a gente falou: ‘Poxa, existe uma oportunidade aqui’”, explicou a executiva.
“Quando você fala de fan token, ele cumpre as três premissas. Nós entregamos dinheiro, amor e glória. ‘Mas por quê?’ Porque ele é um ativo desenvolvido para ser um ativo de utilidade, mas isso não elimina o caráter financeiro dele.”
Lado financeiro do investimento
Marina aproveitou para explicar melhor essa questão financeira por meio do investimento em fan token. Segundo ela, a pessoa pode obter retorno por meio da interação do torcedor no aplicativo.
“Então, ele (fan token) pode ser usado como um ativo financeiro, pois, se você estiver em uma exchange e inserido dentro do mercado de finanças centralizadas, consegue trabalhá-lo como um ativo financeiro”, disse a especialista.
“A partir do momento em que o fan token está na carteira e vai havendo interação no aplicativo (Socios.com), você vai ganhando pontos. Quanto mais tokens, mais pontos você ganha por cada interação. Hoje, o que mais remunera nesses pontos é um mecanismo de staking, que é basicamente você investir esse fan token dentro daquele ecossistema e travá-lo por um determinado período”, explicou.
Marina afirmou que o sistema funciona como um Tesouro Direto do torcedor de futebol, em que, em vez de os benefícios serem dinheiro, eles são pontos. A partir desses pontos, o torcedor consegue obter retorno por meio da troca por experiências.
Experiências
As experiências que os torcedores podem receber em troca são diversas, pois dependem da disponibilidade do clube em determinado momento.
“Desde lá na Europa, a gente (Grupo Chiliz) fez algumas pessoas poderem viajar com seus clubes. Tivemos um caso que, como torcedora de futebol, eu acho incrível: com o Atlético de Madrid, um torcedor fez parte da foto oficial da temporada. Aquela foto que, se o clube for campeão, vai estar na capa de todos os jornais, tinha dois torcedores junto com os atletas”, exemplificou Marina.
A executiva ainda destacou que há opções mais “básicas”, como a conquista de ingressos, camisas autografadas etc.
Participação em decisões
Por meio do fan token, os torcedores também conseguem participar de pequenas decisões do clube. Marina citou como exemplo a possibilidade de votar na frase que fica no vestiário e na música que toca no aquecimento, no estádio.
Apesar de algumas pessoas acharem isso irrelevante, a executiva afirmou que muitos torcedores se importam com esse tipo de oportunidade.
“A gente tirou essas funcionalidades por um tempo, porque estava muito nessa discussão se era útil ou não, se a galera queria ou não queria. Quando tiramos, fizemos várias pesquisas, e todo mundo ama poder votar e ver que a bandeirinha do escanteio foi algo em que ele votou, ou então que não votou porque não gostou, mas a maioria curtiu. E você tem tudo isso registrado. É possível saber exatamente quantas pessoas votaram, em quê, qual foi o melhor jogador da temporada. Isso, para o torcedor, é se sentir parte. A tal da glória. Ele pensa: ‘Estou participando do meu time, não estou só indo lá assistir de forma passiva. Estou, de fato, construindo e entendendo isso junto. Eles estão me ouvindo’. Isso tem muito valor na comunidade”, afirmou Marina.
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