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Que fim levou a Frigidaire, marca que era sinônimo de geladeiras?

by Fesouza
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Uma das marcas americanas de eletrodomésticos mais famosas do século XX, a Frigidaire também fez sucesso no Brasil, principalmente a partir da década de 1950, no segmento de geladeiras. No entanto, não se vê mais produtos dela à venda no mercado nacional há um bom tempo.

Fundada em 1916 na cidade de Fort Wayne, em Indiana (Estados Unidos), quando recebeu o nome de Guardian Frigerator Company, ela começou a se destacar pouco tempo depois, com o lançamento do primeiro refrigerador elétrico autônomo. Isso aconteceu em 1918.

O produto revolucionou a conservação de alimentos, dando início ao período da refrigeração moderna. A novidade também chamou a atenção do empresário William C. Durant, fundador da General Motors (GM) e cofundador da Chevrolet, que decidiu investir no recém-lançado negócio.

Após a chegada da gigante do setor automotivo, a empresa adotou o nome Frigidaire em 1919, dando início à ampliação da sua área de atuação, passando a fabricar, também, outros produtos. Mas a linha refrigeradores não foi deixada de lado, é claro, passando até a receber mais atenção.

Marca virou sinônimo de geladeira

Depois da compra pela GM, a Frigidaire foi colocada na mesma área que a Delco-Light, responsável por fabricar rádios e outros acessórios automotivos. Pouco depois, passou a atuar como divisão independente, onde também eram fabricados os compressores e aparelhos de ar-condicionado para veículos.

A chegada do novo investidor aumentou sua capacidade de produção de geladeiras, tornando-a bastante competitiva no mercado americano. Em 1929, alcançou a marca de 1 milhão de refrigeradores fabricados e já chegava a outros países, ganhando mais destaque após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Com tamanha popularidade, a subsidiária da General Motors virou referência no segmento, se tornando sinônimo de geladeira. Tanto nos EUA quanto no Canadá e outros países, os consumidores usavam o nome Frigidaire para se referir aos refrigeradores.

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As geladeiras Frigidaire ganharam tanta popularidade que a marca se tornou sinônimo do produto. (Imagem: Wikimedia Commons)

Esse fenômeno, que também se repetiu no Brasil, é o mesmo que aconteceu com marcas como Gillette, utilizada como referência para lâminas de barbear, e Chiclets, que em muitos países tomou o lugar do termo goma de mascar. Bombril, Nutella, Durex e Band-Aid são outros exemplos disso.

Além dos refrigeradores, a empresa ganhou destaque na fabricação de congeladores domésticos, lavadoras, secadoras e fogões elétricos. Seu pioneirismo apareceu, ainda, na produção de ar-condicionado doméstico, com o know-how aproveitado pela GM no desenvolvimento da versão automotiva do equipamento de climatização.

A partir do sucesso da companhia, outras gigantes americanas passaram a investir em tecnologias de refrigeração, inclusive marcas até mais antigas do que ela, como General Electric e Whirlpool. A concorrência resultou em produtos inovadores, trazendo mais opções para os consumidores.

Frigidaire no Brasil

Marcando presença em diferentes países, a GM começou a exportar, também, os itens da Frigidaire, que traziam frases como “Produto da General Motors” ou “Divisão de Ambiente Doméstico da General Motors”. O Brasil foi um dos países que recebeu os refrigeradores.

Porém, as versões importadas custavam caro, dificultando a compra pelas famílias de baixa renda. Mesmo assim, a demanda aumentou na década de 1940 e a marca resolveu produzir as geladeiras Frigidaire no Brasil a partir de 1951, na planta industrial da GM em São Caetano do Sul (SP).

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As versões nacionais dos refrigeradores Frigidaire eram feitas na fábrica da GM em São Caetano do Sul. (Imagem: General Motors/Divulgação)

Essa decisão, com a produção dos refrigeradores ao lado dos automóveis, foi fundamental para mudar o cenário da linha no mercado nacional, tornando os produtos mais baratos e acessíveis. Em 1970, ela alcançou a marca de 1 milhão de geladeiras produzidas na fábrica paulista.

Aumentando sua fatia no Brasil, a empresa reforçou a presença trazendo mais produtos Frigidaire, embora sem repetir o sucesso dos refrigeradores. A fabricação das geladeiras na GM de São Caetano seguiu até 1979, quando a montadora vendeu a divisão de eletrodomésticos nos EUA.

Novas trocas de donos

Fazendo parte da General Motors durante 60 anos, a clássica marca de eletrodomésticos ganhou novos donos no final da década de 1970. Ela foi adquirida pela White Consolidated Industries, fundada no século XIX e que, à época, era dona da White Westinghouse e da Kelvinator.

O negócio, que girou em torno de US$ 120 milhões, o equivalente a R$ 645 milhões na cotação atual, sem atualizar os valores da época, impulsionou o segmento de eletrodomésticos da companhia, fazendo-a se aproximar dos maiores concorrentes. Mas a Frigidaire administrada pela White Consolidated Industries não durou muito tempo.

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A Frigidaire pertenceu à GM de 1919 a 1979. (Imagem: Wikimedia Commons)

Interessada em ampliar sua presença nos EUA, a Electrolux fez proposta para adquirir o conglomerado ao qual a marca de geladeiras pertencia. Depois de algumas divergências, a venda da White Consolidated Industries para a gigante sueca foi fechada em 1986.

Desde então, a Frigidaire pertence à Electrolux, uma das maiores fabricantes de eletrodomésticos do mundo. Fundada em 1919 na Suécia, a companhia tem como principal concorrente a Whirlpool, dona da Consul, Brastemp e KitchenAid, entre outras.

A Frigidaire ainda existe?

Administrada pela Electrolux, a icônica fabricante de refrigeradores ainda existe e comercializa diversos outros produtos. Itens como fogões, micro-ondas, fornos elétricos, lavadora e secadora, cafeteiras, air fryer, ferro de passar, ar-condicionado e processadores de alimentos são alguns dos que trazem a marca.

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Produtos da Frigidaire atualmente à venda nos EUA. (Imagem: Frigidaire/Divulgação)

Mas cabe ressaltar que, no momento, os produtos da Frigidaire são vendidos apenas na América do Norte. Mesmo com a Electrolux tendo fábricas no Brasil, não existem planos de retomada da marca no país, pelo menos por enquanto.

Dessa forma, a alternativa para os consumidores interessados em comprar eletrodomésticos da Frigidaire em 2025 é a importação desses produtos. Quanto aos modelos de geladeiras antigas, alguns ainda são encontrados à venda na internet e em bazares, funcionando, de acordo com os anúncios.

Você tem ou teve geladeira ou outro produto da Frigidaire? Conta pra gente sobre a sua experiência com a marca, comentando nas redes sociais do TecMundo.

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