A Ilha de Páscoa é conhecida por suas estátuas de pedra com rostos gigantes no topo. Mas o local guarda mais maravilhas do que essa: décadas atrás, pesquisadores estudaram a ilha e encontraram uma bactéria que poderia revolucionar a medicina.
Tudo começou em 1964, quando uma viagem científica chamada Expedição Médica à Ilha de Páscoa saiu do Canadá para Rapa Nui (o nome polinésio da ilha).

Ilha de Páscoa tem bactéria que revolucionou a medicina
A expedição de 1964 queria estudar a biosfera da Ilha de Páscoa. Isso porque, na época, havia uma proposta de construção de aeroporto que poderia ameaçar a comunidade local com espécies e patógenos invasores.
Segundo o IFLScience, o objetivo era documentar o ecossistema da ilha antes que ele fosse alterado pela construção. No entanto, uma das amostras de solo coletadas revelou algo que os pesquisadores não esperavam: uma bactéria chamada Streptomyces hygroscopicus.
A análise da amostra revelou que a bactéria liberava diversos compostos químicos e enzimas. Um dos compostos, a rapamicina, foi isolado pela primeira vez em 1972 – e revelou que ela tinha propriedades antibacterianas e antifúngicas.

Rapamicina foi uma surpresa para a medicina
Mais pesquisas envolvendo a rapamicina – conhecida clinicamente como sirolimus – foram conduzidas ao longo do tempo.
Um dos estudos descobriu que ela é capaz de inibir uma proteína chamada mTOR, que tem papel central na regulação do crescimento celular, do metabolismo e das respostas imunológicas. Ao reduzir a atividade da mTOR, a rapamicina suprime o sistema imunológico, podendo ser uma alternativa para diminuir a rejeição de órgãos em transplantes.
Esse mesmo mecanismo também retarda o envelhecimento celular, reduz a inflamação e se mostrou promissor no combate a alguns tipos de câncer.
No geral, trata-se de um imunossupressor que virou um medicamento muito utilizado na medicina moderna. O potencial é tanto que o valor de mercado do sirolimus estava estimado em US$ 328 milhões globalmente em 2024, com expectativa de passar dos US$ 522 milhões até 2033.

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Pesquisadores defendem a importância da Ilha de Páscoa
- Apesar da rapamicina (ou sirolimus) ser amplamente utilizada na área médica, pouco crédito é dado à Ilha de Páscoa;
- Ted Powers, professor de biologia molecular e celular na UC Davis, foi um dos pesquisadores que trabalhou com a rapamicina. Ele defende que o medicamento deve ser usado em benefício da medicina, respeitando a contribuição da Ilha de Páscoa;
- “Gostaria que a comunidade científica retribuísse. O importante é iniciar um diálogo, ouvir o que os Rapa Nui esperam alcançar e trabalhar com eles”, disse em maio deste ano.
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