A história do Game Boy, a lendária linha de portáteis da Nintendo

A Nintendo teve ao longo da história uma linha de aparelhos que revolucionou o mercado de games mais até do que os seus consoles mais famosos. É o Game Boy, o portátil que teve uma série de gerações, mas foi importante para a indústria desde a primeira geração.

Ele não foi o primeiro portátil da história para jogos, mas com certeza é o mais popular comercialmente e também o mais influente. A seguir, conheça a história, curiosidades e o que fez com que essa tecnologia fosse lembrada até hoje e mesmo por quem não viveu esse período.

O caminho dos portáteis

No fim da década de 1980, o console Famicom (que no ocidente virou o NES, que a gente chama por aqui de Nintendinho) já estava no fim da geração bem sucedido nas vendas, agora encarando novos rivais como o Mega Drive.

Em termos de portáteis, a própria Nintendo lançou em 1980 o Game&Watch, um aparelho pequeno e simples em funcionamento, de um único jogo e com poucos elementos gráficos. Ele ganhou várias versões diferentes e indicava um caminho interessante para a marca.

Mas ele não foi o pioneiro da indústria. Em 1979, a empresa de brinquedos Milton Bradley lançou o Microvision. Ele foi o primeiro console de mão ou portátil, com 11 jogos em cartuchos, uma tela LCD competente e boa bateria. Porém, ainda era cedo para esse tipo de projeto.

A primeira geração do Game Boy

É então que surge a figura de Gunpei Yokoi, designer que virou uma lenda na indústria — ele criou o próprio Game&Watch, ajudou a produzir jogos como Metroid e foi o responsável pelo direcional em forma de cruz.  Ele se juntou a Satoru Okada e uma equipe de pesquisa e desenvolvimento em um novo projeto.

Em 21 de abril de 1989, acontece o lançamento do Game Boy no Japão, com um impacto inicial já dominante e especificações técnicas interessantes:

  • Uma única opção de cor, com o corpo do aparelho todo em um cinza;
  • Uma tela de menos de 3 polegadas, que só exibia quatro tons de uma mesma cor;
  • O processamento equivalente com a geração 8 bits, do Nintendinho;
  • Quatro pilhas AA, que duravam no máximo 15 horas;
  • Um acessório inédito e opcional: o cabo Game Link, que permitia partidas e outras interações entre duas pessoas lado a lado, cada uma com o seu portátil e jogo ligados.

Os primeiros títulos do Game Boy foram Alleyway, Baseball e Yakuman, todos mais discretos, além do destaque Super Mario Land.

Gunpei Yokoi. (Imagem: Reprodução/Nintendo)

Como esperado, o Game Boy vendeu todo o estoque de 300 mil unidades em duas semanas no Japão. O funcionamento por cartuchos era intuitivo e o aparelho tinha uma biblioteca bem variada. Além disso, a Nintendo acertou ao priorizar o tempo de duração das pilhas do que uma maior qualidade de imagem.

A situação melhorou ainda mais em julho de 1989, quando o ele começa a sair em outros países, inclusive nos Estados Unidos. Isso porque ele passa a ser vendido em conjunto com Tetris – e isso muda a história do Game Boy e de Tetris para sempre, porque esse foi um casamento perfeito entre o portátil e mini-game de puzzle que resultou em uma quantidade absurda de vendas.

A partir de 1992, ele ganha um novo gás com a chegada de Kirby’s Dream Land, a estreia da personagem em um jogo bem mais ousado pro portátil). No ano seguinte, sai The Legend of Zelda: Link’s Awakening e também a primeira aparição do personagem Wario. Outros títulos da geração que se destacam incluem Metroid 2 e uma versão de Donkey Kong. Foram mais de 100 milhões de unidades vendidas dessa primeira geração.

O visual de Tetris no portátil. (Imagem: Reprodução/Nintendo)

Os rivais até existiram, mas era difícil competir. A Sega tentou com o Game Gear, mas ele pecava nas maiores qualidades do rival: ser compacto e o tempo de bateria. O Atari Lynx não teve chances já com a empresa em um momento ruim financeiramente, e o NEC Turbo Express até tinha ótimo poder de processamento, mas foi mal comercialmente.

No Brasil, fora a venda em mercados como o Paraguai por importação, o Game Boy só chegou ao país oficialmente pela representante Playtronic em 1994.

Sequências e variações

A Nintendo aproveitou a boa fase. Em 1994, sai o Super Game Boy, um adaptador que permitia que cartuchos do portátil fossem jogados em um Super Nintendo.

Mas teve ainda o Virtual Boy, um projeto do próprio Yokoi bem experimental, que usava Realidade Virtual antes da tecnologia estar bem desenvolvida. Com gráficos na cor vermelha, um headset desconfortável de usar e poucos jogos, ele virou um capítulo pouco lembrado da trajetória da empresa.

O cartucho Super Game Boy. (Imagem: Reprodução/eBay)

Já em 1996 temos o lançamento no Japão de Pokémon Red e Green, que dois anos depois chegam em outros países como Red e Blue. Assim como aconteceu com Tetris, a dupla somada vira o cartucho mais vendido do Game Boy e dá sobrevida ao portátil original, mesmo já tanto tempo depois do lançamento.

Pokémon virou um fenômeno até hoje, com anime, jogos, cartas e muitos outros produtos. A partir do Game Boy, trocar Pokémon com os amigos inclusive para evoluir algumas espécies ou batalhar pelo cabo Link virou um diferencial.

Ainda em 1996, sai o Game Boy Pocket, uma versão mais compacta que funcionava só com duas pilhas e melhorava bastante a qualidade da tela. Dois anos depois, o Japão ganha o Game Boy Light, um modelo bem avançado com retroiluminação para permitir a jogatina em ambientes com pouca luz.

Uma versão a cores

Só em outubro de 1998 sai o Game Boy Color, a segunda geração e o primeiro portátil retrocompatível, que lia cartuchos do Game Boy comum. Ele exibia até 56 cores no display e o processador era bem melhor, o que também permitia imagens e jogabilidade mais complexas, além de ser vendido em versões com cores diferentes.

São vários jogos ótimos dessa geração: a dupla The Legend of Zelda Oracle of Ages e Seasons, a geração Pokémon Gold, Silver e Crystal, jogos da franquia Dragon Quest de RPG e até versões diferentes de títulos famosos para consoles, como Donkey Kong Country.

As variações do Color. (Imagem: Reprodução/Shopee)

Os rivais dessa vez foram diferentes: eles incluíam o Neo Geo Pocket da SNK, que teve versão Color também e focava em games de luta, e também o Wonderswan, um projeto do Gunpei Yokoi já fora da Nintendo.

Nasce o Game Boy Advanced

Curiosamente, o Color teve um período de suporte curto. A geração seguinte veio rápido e com um salto técnico considerável: em 2001, já sem Yokoi e com Okada assumindo a liderança da equipe, a Nintendo anuncia e lança o Game Boy Advance, ou GBA.

Ele tem um processador 32 bits avançado, melhor resolução de tela e um formato diferente, na horizontal e com mais ergonomia. Ele também é retrocompatível, além de trazer gatilhos na parte superior.

O GBA. (Imagem: Divulgação/Nintendo)

O GBA rendeu jogos ótimos, como as aventuras de Metroid Fusion, o excelente Final Fantasy Tactics Advance, o RPG pouco lembrado Golden Sun, a franquia Mario & Luigi, três Castlevania de alta qualidade, o primeiro Fire Emblem de lançamento global e, claro, mais uma geração muito bem sucedida de Pokémon.

Esse portátil vendeu menos de 100 milhões de unidades, o que foi uma redução no geral, mas longe de ser considerado um fracasso.

Já em 2003, a novidade é o Game Boy Advance SP. Essa não é exatamente uma nova geração: ele tem o mesmo desempenho do anterior, mas apresenta um design bem mais compacto em forma de flip ou concha.

Esse modelo atendia dois grandes pedidos da comunidade: o uso de uma bateria recarregável em vez de pilhas e a backlight, ou seja, a luz que permitia a você jogar em ambientes escuros ou com alta incidência de luz.

O fim da marca

A mudança de geração acontece mesmo em 2004, quando a fabricante japonesa revela o Nintendo DS. Neste ponto, ela abandona a marca Game Boy em favor do nome da própria empresa em um aparelho que, inicialmente, foi anunciado como uma alternativa e não um substituto do GBA.

O DS, já sem o nome Game Boy. (Imagem: Divulgação/Nintendo)

O DS tem dois painéis, um deles sensível ao toque e controlado com uma caneta especial. Aumentando as boas notícias e confirmando que ele fazia parte da família mesmo, o DS era retrocompatível com o GBA.

A quantidade de jogos bons dessa geração é especialmente alta de novo, continuando as franquias da marca e de parceiras em vários gêneros.

O próximo lançamento, na verdade, não é uma nova geração. Em 2005, temos o Game Boy Micro, o último com o nome “Game Boy” da Nintendo. Esse dispositivo fora do convencional só funcionava com jogos do GBA por causa do tamanho dos cartuchos e era realmente pequeno. Mas ele foi mal em vendas, algo raro para a essa família.

O Game Boy Micro. (Imagem: JCD1981NL/Wikimedia Commons)

Saltando para 2011, chega outro fenômeno. É o Nintendo 3DS, com inovações que incluem a alavanca que liga o efeito estereoscópio para 3D sem óculos.

As vendas do 3DS começaram mornas por causa do alto preço, mas ele se torna mais acessível a ponto de bater recordes. Ele também tinha uma biblioteca variada, em especial com grandes títulos das franquias da própria Nintendo e a eShop para vendas digitais.

Ela mesma aproveitou a popularidade e, em vez de mais gerações, lançou variantes e versões como o 3DS XL, o New 3DS e o 2DS, que miravam diferentes gostos e também bolsos. A linha 3DS só foi descontinuada em 2020, enquanto a loja digital eShop só encerrou as vendas de jogos três anos depois.

O legado do Game Boy na Nintendo

Todas essas inovações nos fazem chegar em 2016. É o nascimento do Nintendo Switch, um console principal da empresa, mas também um híbrido por ser jogado como portátil. Aqui, o 3DS seguia como pilar da Nintendo, enquanto o Wii U acabou descontinuado.

Agora em 2025, a novidade é o Switch 2 com um poder de processamento bem elevado e o uso do joy-con como mouse. Nos dois consoles, assinantes da plataforma online podem jogar alguns títulos de diferentes gerações do Game Boy pra matar as saudades ou conhecer clássicos.

O Nintendo Switch. (Imagem: Divulgação/Nintendo)

Os portáteis tiveram muitos acessórios: 

  • uma combinação de câmera com uma pequena impressora;
  • o Transfer Pak, para jogar Pokémon no console Nintendo 64;
  • o Mobile Game Boy Adapter, um cabo para se conectar com celulares;
  • o Game Boy Player, usado para jogar cartuchos em um Game Cube;
  • o e-reader para GBA, um scanner de cartões que desbloqueava alguns conteúdos.

Além disso, a emulação de quase toda a linha de portáteis é acessível há anos no PC e até no celular, o que auxilia inclusive do ponto de vista de preservação.

Em especial em países como o Brasil, isso tornou o Game Boy e as suas continuações plataformas carregadas de nostalgia, ou que foram apresentadas pela primeira vez nesse contexto alternativo a quem não teve um na época ou nem era nascido quando esses portáteis dominavam o mercado.

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