Entre as muitas tecnologias desenvolvidas pela humanidade nos últimos dois séculos, algumas delas se destacam pela quantidade de inovações e a mudança para melhor que elas permitiram para a indústria e no cotidiano da sociedade. A lâmpada elétrica é um exemplo que se encaixa em todas essas categorias.
Esse equipamento de aparência simples e com uma funcionalidade bastante objetiva — iluminar um ambiente — tem uma longa trajetória até chegar nos modelos atuais, passando por vários pesquisadores e avanços importantes. A seguir, conheça um pouco mais sobre o tema.
Os experimentos pioneiros
A luz principalmente durante a noite antes da lâmpada elétrica era gerada nas casas e indústrias de forma bem mais artesanal e também perigosa, com velas, recipientes com pedaços de pano e algum óleo ou lamparinas com algum material inflamável.
Assim como outras invenções que são base da indústria, a lâmpada envolve uma série de avanços pontuais de pesquisadores que nem sempre sabiam do trabalho um do outro, além de décadas de aperfeiçoamento e protótipos defeituosos ou que avançavam só um pouco.
Em 1809, Humphry Davy criou a primeira fonte de luz a partir de eletricidade. Ele fez um experimento colocando uma tira de carbono entre os polos de uma bateria, com um arco luminoso gerado pela passagem da corrente. Esse é o funcionamento básico desse objeto, aqui chamada de lâmpada de arco voltaico.
A ideia básica dessa criação já era transformar energia elétrica em energia térmica (para esquentar um ambiente, mesmo que pouco) e luminosa. Daí vem o nome lâmpada incandescente, que nesse caso é a luz feita por um material que fica muito quente.
Os britânicos Warren de la Rue e Joseph Swan são outros pioneiros que contribuíram pra esses avanços nas décadas seguintes, mas hoje são menos lembrados.
Thomas Edison e a lâmpada “definitiva”
A figura principal dessa mudança com certeza é Thomas Alva Edison, um dos maiores inventores da história, com mais de mil patentes registradas e várias empresas abertas. Ele é uma figura bem controversa por vários motivos, de experimentos com animais e eletricidade até se apoderar de patentes desenvolvidas por funcionários do seu laboratório, além de perseguições contra rivais. É inegável, porém, todo o seu papel na ciência em múltiplos campos.
Em 21 de outubro de 1879, Edison registrou o sucesso no teste de uma lâmpada elétrica incandescente, com filamento de algodão carbonizado em um bulbo a vácuo. Ela ficou acesa por 45 horas até dar defeito, o que era uma enorme quantidade de tempo praquele período.

O diferencial dele foi, primeiro, patentear a invenção já no ano seguinte e ter a proteção jurídica dos direitos. E segundo e mais importante ainda: conseguir em seguida criar junto da lâmpada uma alimentação em larga escala para elas, permitindo a comercialização da lâmpada em conjunto com o fornecimento industrial da eletricidade. A Edison Electric Light Company já existia nessa época.
Aliás, o imperador brasileiro Dom Pedro II, que também foi um grande admirador do Graham Bell e trouxe o telefone para o país bem cedo, rapidamente encomendou também a iluminação pública ao país.

Ele inaugurou na Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II – atual Central do Brasil – o início da iluminação elétrica permanente do país em 1879 com lâmpadas de arco voltaico. Mas a primeira fábrica de lâmpadas do Brasil, da General Electric no Rio de Janeiro, só abriria em 1921.
A luz se expande
Foi só dois anos depois que Edison demonstrou sua criação publicamente em Londres, mas já um pouco melhorada. Ele foi ao longo dos experimentos trocando o material do filamento e um feito de bambu dava uma vida útil pra lâmpada de mil e 200 horas.
Já no início de 1882, ele criou a primeira estação elétrica desenvolvida especialmente para iluminação pública, com seis dínamos a vapor chamados de ‘Jumbo’. Eles geravam 100 quilowatts de eletricidade cada um, o suficiente para acender 1,2 mil lâmpadas da época. Em 4 de setembro, a empresa de Edison ligou pela primeira vez lâmpadas elétricas em uma via pública. Foi em Wall Street, que hoje é o centro financeiro de Nova York.
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Swan chegou a resultados similares um pouco antes que Edison e, para evitar processos, eles se tornaram parceiros em uma empresa com o nome de ambos que produziu lâmpadas por bastante tempo. A loja de departamentos Macy’s, nos Estados Unidos, foi uma das primeiras a usar esse equipamento conjunto.
A rivalidade entre Edison e Tesla
E claro que teve também a briga do Edison contra o inventor Nikola Tesla, em especial por causa da disputa da patente das aplicações de corrente. Aqui, estamos falando de duas formas: a corrente contínua, em que os elétrons se movem em um só sentido, e a corrente alternada, em que eles mudam de direção com frequência em um mesmo trajeto.
Edison sabia que a corrente contínua tinha um alcance bem menor e exigia maiores gastos, mas dizia que a alternada era menos eficiente e mais perigosa no caso de choques. Ele passou a fazer uma campanha contra o uso da corrente alternada, incluindo até uma exibição pública em que ele eletrocutou um elefante com essa tecnologia para mostrar os riscos, além de tirar contratos da concorrência.

Todo esse processo foi chamado de batalha ou Guerra das Correntes, uma disputa que envolveu não só os dois cientistas, mas também o poderoso empresário George Westinghouse, que tinha uma companhia com o seu sobrenome. Curiosamente, Tesla foi funcionário do Edison, mas deixou o trabalho por discordâncias e pra seguir os próprios inventos. Ele felizmente teve a carreira resgatada nas últimas décadas, depois de passar muito tempo sendo menos conhecido.
Em 1892, a Westinghouse ganhou a concorrência para iluminar a Feira Mundial de Chicago, um grande evento daquele ano. O sucesso levou a sua companhia a ter autorização para criar a usina hidroelétrica na região das Cataratas do Niágara. Com isso, a empresa virou uma gigante ainda maior do fornecimento de eletricidade no país e deu a vitória na guerra para Tesla e a Westinghouse.
A corrente utilizada majoritariamente hoje em dia na distribuição doméstica de energia é a alternada — em especial pela capacidade de transmissão de energia de forma eficiente por longas distâncias.
Uma verdadeira indústria da luz
Essa postura de alguns industriais da época tirou de cena figuras muito importantes pra essa história. É o caso de Lewis Latimer, um inventor autodidata negro, de origem pobre. Em 1882, ele criou uma lâmpada incandescente de filamento de carbono envolto em papelão que durava mais tempo e era mais acessível do que outras lâmpadas no mercado. E foi muito por causa dele, que depois foi até trabalhar pro Edison, que esse tipo de produto foi ficando barato.
Já em 1892, temos a formação oficial da gigante General Electric, absorvendo a empresa de Edison e com o cientista já fora do controle acionário. Ela foi uma fusão entre a marca dele e a Thomson-Houston Company, sendo que a GE segue como uma multinacional poderosa até hoje em muitos setores da indústria, sem atuar diretamente com lâmpadas.

Avançando mais alguns anos, em 1897 a Shelby Eletronic Company, de um rival do Edison, comercializa a chamada lâmpada de Chaillet. Ela é de filamento grosso e pouca potência, menos conhecida, mas tem uma história curiosa por trás.
Uma dessas lâmpadas foi ligada em 1901 pelo corpo de bombeiros na cidade de Livermore, na Califórnia e é conhecida como Centennial Bulb, por estar funcionando há mais de 120 anos com poucas exceções, incluindo quedas de energia e duas mudanças de sede.
Existe a teoria de que, em 1924, fabricantes de lâmpadas fizeram um acordo para limitar a validade dos objetos, ou então toda a indústria quebraria e ninguém mais venderia lâmpada. Esse é um conto bastante citado quanto o assunto é obsolescência programada, mas exige alguns cuidados: o cartel realmente existiu e envolvia acordos conjuntos de limitação nas lâmpadas, mas não foi uma medida global e durou no máximo 20 anos.
Essa consolidação é também marcada pelo dia 18 de outubro de 1931, quando Thomas Edison morre aos 84 anos. Todas as lâmpadas da cidade onde ele morava foram apagadas durante um minuto como um sinal de respeito ao inventor.
E olha que curioso: foi nos anos 1930 que desenhos como “Betty Boop And Grampy” começam a imortalizar a ideia de que uma lâmpada acendendo representa uma pessoa tendo uma ideia.
Novos formatos
Por volta de 1900, a demanda por lâmpadas elétricas já era de 45 milhões de unidades só nos Estados Unidos, período em que já nasceram outras composições e aparências desse produto.
- Em 1902, Georges Claude cria a lâmpada neon ao gerar descargas elétricas dentro de um tubo com gases nobres;
- Quatro anos depois, em 1906, a GE registra a patente de uma lâmpada incandescente com filamento de tungstênio, que era uma melhor alternativa do que os atuis;
- Em 1932 é criada a lâmpada Anglepoise, um modelo de luminária com um braço móvel e lâmpada na ponta. Muito usado em decoração e no cinema, ele é também a lâmpada da Pixar, tanto no visual do protagonista do primeiro curta dela, Luxo Jr., quanto da logo do estúdio de animação;

- Já em 1938 surgiu a lâmpada fluorescente, uma mistura de gases, eletrodos e um tubo de vidro transparente — econômica, mas com mercúrio na composição;
- Só em 1955 os engenheiros Emmet Wiley e Elmer Fridrich, ambos da Philips, criaram oficialmente a lâmpada halógena. Por poder atingir temperaturas mais altas, ela emitia mais luz do que as rivais, apesar do um consumo mais alto em energia;
- A lâmpada de vapor de sódio, que tinha alta eficiência e durabilidade, surge em 1962. Até por isso, esse tipo de iluminação mais amarelada foi muito usado em vias públicas, além de praças e parques;
E o LED?
Uma tecnologia que muita gente acredita ser contemporânea já tem várias décadas de vida: em 1963 foi criada a lâmpada de LED. A primeira delas, do engenheiro Nick Holonyac, só emitia luz em vermelho e por anos foi usada apenas como indicador de que algo estava ligado ou em uso.
A HP, por exemplo usou eles em um visor numérico na calculadora científica HP-35 na década seguinte. Foi preciso muito tempo e pesquisa para que esse formato crescesse em tamanho e utilidade.

Só por volta de 1994 que a empresa japonesa Nichia apresenta o primeiro LED azul, desenvolvido por Shuji Nakamura, Isamu Akasaki e Hiroshi Amano, que ganharam um prêmio Nobel em Física em 2014 por essa invenção. E o Nakamura ainda foi o responsável pelo LED branco, uma variante com bem mais brilho.
A modernização das lâmpadas
Por volta de 1999, o Diodo Emissor de Luz ou LED estava desenvolvido o suficiente para virar uma lâmpada de iluminação de todo um ambiente. E aí ele explodiu, tanto que, a partir de 2012, lâmpadas fluorescentes e halógenas gradualmente são inutilizadas e trocadas, mas claro que isso depende muito da estrutura e da prioridade disso pra cada país.
O Brasil tem o compromisso de tirar todas as lâmpadas fluorescentes do mercado até o fim de 2025, substituindo elas em especial por modelos de LED sem metais pesados na composição.
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E, para além desse protagonismo do LED, tem ainda um setor que a gente não falou: o de lâmpadas inteligentes e automação, com a iluminação fazendo parte de todo um ecossistema de uma casa conectada.
Esse segmento teve início em 2012 quando a Signify, que na época se chamava Philips Lighting, apresentou ao mercado um kit com três lâmpadas modelo E27 e um aplicativo para celular que controlava intensidade, cor e se ela estava ou não ligada. A linha Philips Hue foi uma das primeiras desse setor, praticamente dando início ao mercado de Internet das Coisas para iluminar ambientes a partir de controle remoto.

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O setor hoje em dia busca principalmente a combinação entre eficiência energética sustentável e avanços tecnológicos, com lâmpadas personalizáveis pelo usuário pra algo muito além de só acender e apagar. Isso fora a constante busca por fontes alternativas de fornecimento de eletricidade, como é o caso da energia solar.
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