No ano passado, durante a minha certificação na Singularity University, meu professor Michael Housman soltou uma frase que, na época, soou como hipérbole de palco:
“Para a IA, o que aconteceu ano passado é como se tivesse acontecido há uma década.”
Essa semana, enquanto eu rascunhava esta coluna, a realidade provou que ele estava sendo conservador.
Comecei a escrever focado no lançamento do Gemini 3, que pegou o mercado de surpresa liderando todos os benchmarks possíveis. Mas, se eu tivesse publicado aquele rascunho, ele já estaria obsoleto hoje.
Num intervalo de dias — não anos, dias — vimos o lançamento do Grok 4.1 e, nesta segunda-feira, do Opus 4.5.
Embora no meu “Benchmark Harold” (o uso no mundo real) eu continue preferindo o Claude pela usabilidade, os números brutos mostram algo assustador: a liderança técnica agora dura apenas o tempo de um press release.
A profecia de 2018
Para entender o que está acontecendo, precisamos voltar a 2018. Dario Amodei, hoje CEO da Anthropic (mas na época pesquisador da OpenAI), escreveu um post seminal.
Lá, ele cravou: o poder computacional para treinamento de IA não segue a Lei de Moore. Ele dobra a cada 3,4 meses.
Na época, parecia teoria. Hoje, é a regra que dita o ritmo do mercado.
Sinais de campo
Olhe para os dados que estamos vendo agora. A velocidade é vertical.
1. Julho (há meros 4 meses): O Grok 4 era o estado da arte. Ele alcançou 15,9% em um benchmark de alta complexidade. Era quase o dobro do segundo colocado. Parecia imbatível.
2. Hoje: A barra de corte desse mesmo benchmark já saltou para a casa dos 40%.
O Gemini 3 Deep Thinking (com um custo computacional absurdo, é verdade) está lá na ponta. O Opus 4.5 colou nele em questão de dias.
Estamos vendo modelos dobrarem sua capacidade de processamento e qualidade a cada trimestre. O que antes era uma evolução geracional de software, agora acontece entre uma estação do ano e outra.
O loop infinito
Por que essa aceleração inconcebível?
Porque não somos mais apenas nós, humanos, escrevendo as regras. É a IA construindo a próxima geração de IA. Entramos num ciclo de feedback positivo onde ferramentas mais inteligentes criam arquiteturas ainda mais inteligentes.
Conclusão
É difícil visualizar o futuro quando o presente muda toda segunda-feira. Mas uma coisa é certa: a obsolescência não é mais sobre “não usar tecnologia”, é sobre “qual versão” você está usando.
O gráfico de evolução deixou de ser uma curva suave para se tornar uma parede vertical.
A pergunta que eu deixo para você nesta semana é:
O seu negócio está desenhado para um mundo que muda a cada 10 anos, ou você já tem agilidade para pivotar a cada 3,4 meses?