A corrida global pela inteligência artificial (IA) ganhou um novo competidor. A Universidade Mohamed bin Zayed de Inteligência Artificial (MBZUAI), instituição de pesquisa fundada nos Emirados Árabes Unidos, anunciou o lançamento do K2 Think, um modelo de raciocínio que promete entregar desempenho equivalente aos sistemas mais avançados do mercado, mas com uma estrutura muito menor e custos reduzidos.
O anúncio acontece em um cenário de forte disputa entre os grandes centros de desenvolvimento de IA. No início do ano, o laboratório chinês DeepSeek apresentou o modelo R1, que surpreendeu por superar soluções da OpenAI com custos de treinamento significativamente mais baixos. Agora, os Emirados Árabes querem marcar presença nesse mercado em rápida expansão.
Um modelo mais compacto
- Com 32 bilhões de parâmetros, o K2 Think é bem menor que o R1, da DeepSeek, que soma 671 bilhões.
- Ainda assim, segundo os pesquisadores da MBZUAI, o desempenho é comparável aos sistemas de ponta da OpenAI e da própria DeepSeek.
- O modelo foi construído sobre o Qwen 2.5, da Alibaba, e testado em hardware fornecido pela fabricante de chips Cerebras.
- O desenvolvimento foi realizado em parceria com a G42, empresa de tecnologia do país que mantém vínculos com a Microsoft.
- A equipe destaca que o K2 Think se mostrou competitivo em benchmarks como AIME24, HMMT25 e LiveCodeBenchv5, voltados a matemática, programação e ciências.
Estratégias técnicas
De acordo com Hector Liu, diretor do Instituto de Modelos Fundamentais da MBZUAI, o desempenho foi alcançado com o uso de técnicas como o fine-tuning supervisionado de cadeias de raciocínio (CoT) e o test-time scaling, que aplica recursos extras de computação durante o processo de inferência.
“O especial do nosso modelo é que o tratamos mais como um sistema do que apenas um modelo”, afirmou Liu em entrevista à CNBC. “Não basta liberar o código. Nós o implantamos e buscamos constantemente maneiras de aprimorá-lo.”
A posição dos Emirados Árabes na corrida da IA
O avanço reflete a estratégia dos Emirados Árabes de se consolidar como referência global em inteligência artificial, ao mesmo tempo em que busca diversificar sua economia para além do petróleo. O movimento coloca o país em competição direta com potências como Estados Unidos e China, que dominam o setor com grandes investimentos e infraestrutura.
Ainda assim, o desafio é grande. Empresas como OpenAI e gigantes da tecnologia americana largaram na frente, enquanto a China considera a IA um eixo estratégico há anos. Além disso, parcerias como a da G42 com a Microsoft já despertaram atenção nos Estados Unidos por conta das conexões da companhia com o mercado chinês.
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Foco em ciência e inovação
Apesar do desempenho comparável ao de chatbots como o ChatGPT, o objetivo do K2 Think não é atuar como assistente virtual. Segundo Richard Morton, diretor administrativo da MBZUAI, o sistema foi projetado para apoiar tarefas específicas em áreas como matemática e ciências.
“O raciocínio fundamental do cérebro humano é a base de todo processo de pensamento”, disse Morton à CNBC. Ele ressaltou que, com o modelo, problemas que levariam anos e milhares de especialistas para serem resolvidos podem ser analisados em muito menos tempo.
Para Morton, a principal lição do projeto é clara: “É possível fazer muito mais com menos.”
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