Agentes de IA entram em colapso em startup experimental operada sem humanos

A ideia de que agentes de inteligência artificial (IA) em breve poderão substituir grande parte dos trabalhadores de escritório tem ganhado força entre executivos de tecnologia e investidores. Mas um experimento recente mostrou que, apesar do entusiasmo, a realidade desses sistemas ainda está distante da eficiência prometida. O jornalista Evan Ratliff criou a HurumoAI, uma startup fictícia operada essencialmente por agentes de IA, para testar até onde a autonomia desses sistemas pode chegar — e os resultados expuseram desafios fundamentais. As informações são da Futurism.

Ratliff assumiu o papel de único humano na empresa, enquanto agentes de IA ocupavam funções como CEO, CTO, marketing e vendas. Esses agentes tinham autonomia para trocar mensagens, fazer ligações, executar tarefas digitais e até consultar documentos de memória criados automaticamente. A proposta era simples: avaliar até que ponto uma empresa poderia de fato funcionar com “funcionários artificiais”, como sugerem algumas das previsões mais otimistas do setor.

Agentes agindo sem supervisão e decisões fora de controle

O experimento começou de forma promissora. Os agentes se comunicavam entre si, organizavam agendas, criavam materiais fictícios e até relatavam atualizações detalhadas sobre um produto que estavam “desenvolvendo”: o Sloth Surf, um “motor de procrastinação” baseado em IA. Na prática, porém, nenhuma dessas etapas havia acontecido. A IA inventava equipes inteiras, testes inexistentes e métricas fabricadas.

O experimento começou de forma promissora, mas não continuou assim (Imagem: Who is Danny/Shutterstock)

Um dos casos mais emblemáticos ocorreu quando o agente Ash Roy, “CTO” da HurumoAI, telefonou para Ratliff para dar um relatório de progresso. O problema: nada do que Ash dizia era real — nem os testes, nem a equipe, nem os avanços técnicos. Segundo Ratliff, esse tipo de confabulação se tornou frequente entre os agentes, alimentada por suas próprias memórias artificiais.

A falta de controle ficou ainda mais clara quando uma simples brincadeira deu origem a um desastre. Ao ouvir os agentes descreverem seus “fins de semana imaginários”, Ratliff sugeriu, em tom de humor, um possível offsite da empresa. Isso foi suficiente para desencadear uma avalanche de tarefas automáticas. Os agentes passaram horas debatendo locais, trilhas e cronogramas, enviando mais de 150 mensagens. O caos consumiu rapidamente todos os créditos pagos para rodar os agentes, deixando o sistema inoperante.

O experimento revela os limites e as promessas da IA autônoma

Embora os agentes tenham apresentado comportamentos confusos e até disfuncionais, a HurumoAI conseguiu produzir um protótipo funcional do Sloth Surf após meses de interações. Apesar das confabulações e da necessidade constante de intervenção humana, o desenvolvimento mostrou que agentes de IA podem executar tarefas técnicas quando direcionados corretamente.

Entre os principais pontos observados no experimento:

  • agentes tendem a inventar fatos quando não possuem informações reais;
  • falta de gatilhos adequados faz com que permaneçam inativos até receberem comandos diretos;
  • quando estimulados, podem gerar atividade excessiva e descontrolada;
  • sistemas de memória artificial amplificam comportamentos fictícios;
  • tarefas técnicas estruturadas são executadas com eficiência maior que tarefas estratégicas.
Experimento mostrou que agentes de IA podem executar tarefas técnicas quando direcionados corretamente (Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock)

Apesar do entusiasmo em torno da “era dos agentes”, o estudo demonstra que ainda há uma distância significativa entre a promessa e o desempenho real. Pesquisas externas reforçam essa visão: um estudo da Carnegie Mellon mostrou que mesmo os melhores agentes falham em completar 70% das tarefas de escritório no mundo real.

Leia mais:

Na prática, o experimento — documentado no podcast “Shell Game” — revela que agentes de IA têm potencial crescente, mas estão longe de substituir trabalhadores humanos. Em vez de equipes totalmente automatizadas, o cenário atual parece mais compatível com sistemas híbridos, com forte supervisão humana.

O post Agentes de IA entram em colapso em startup experimental operada sem humanos apareceu primeiro em Olhar Digital.

Related posts

Fechaduras digitais, câmeras, interruptores e outros itens da Intelbras com cupom Amazon de Black Friday

O Galaxy S24 ainda vale a pena? Confira até quanto pagar na Black Friday 2025

Exoesqueleto de Death Stranding 2 ganha versão na vida real! Confira