Algoritmo do Facebook reforça estereótipos de gênero, diz órgão europeu

Um órgão europeu de direitos humanos determinou que o algoritmo de anúncios do Facebook permite discriminação de gênero, segundo matéria da CNN.

A decisão, considerada por especialistas como um marco, reforça a necessidade de responsabilizar empresas de tecnologia pelo impacto de seus sistemas automáticos sobre os usuários.

Algoritmo do Facebook reforça estereótipos de gênero, indicando consideradas masculinas, como mecânico, principalmente para homens. Imagem: tomertu/Shutterstock

Como o algoritmo reforça estereótipos

O Instituto Holandês para os Direitos Humanos concluiu que o algoritmo do Facebook reforçava estereótipos de gênero na Holanda. Profissões tradicionalmente femininas eram promovidas a mulheres, enquanto ocupações consideradas masculinas, como vagas para mecânicos, eram direcionadas principalmente a homens.

A decisão surge após investigação da Global Witness, que analisou anúncios de emprego em seis países — Holanda, França, Índia, Irlanda, Reino Unido e África do Sul — e encontrou padrões de viés semelhantes globalmente. Quatro queixas foram apresentadas pelo Bureau Clara Wichmann (Holanda) e pela Fondation des Femmes (França).

Meta se posiciona, mas mantém restrições

A empresa destacou que já aplica restrições de segmentação em anúncios de emprego, imóveis e crédito em mais de 40 países, incluindo França e Holanda.

“Não permitimos que os anunciantes segmentem esses anúncios com base no gênero”, explica Ashley Settle, porta-voz da Meta, em comunicado de 2023.

Além disso, a plataforma afirma trabalhar com acadêmicos e grupos de direitos humanos para estudar e melhorar a equidade algorítmica, mas não detalhou como o algoritmo de anúncios é treinado.

A Meta afirma não permitir que anunciantes segmentem esses anúncios com base no gênero e que trabalha com grupos de direitos humanos para melhorar seu algoritmo. Imagem: Piotr Swat/Shutterstock)

Qual o impacto da decisão?

Especialistas afirmam que, embora a medida do Instituto não seja juridicamente vinculativa, tribunais podem usá-la como referência em futuras ações legais.

O advogado holandês Anton Ekker, especialista em IA e direitos digitais, explica que a decisão pode levar a multas ou ordens para modificar algoritmos que reforcem desigualdades de gênero, raça, etnia ou religião.

Hoje é um grande dia para os usuários holandeses do Facebook, que agora têm um mecanismo acessível para responsabilizar empresas multinacionais de tecnologia.

Berty Bannor, representante do Bureau Clara Wichmann, à CNN.

Para Rosie Sharpe, da Global Witness, a medida representa um passo importante para responsabilizar empresas pelo impacto discriminatório de seus algoritmos.

A Meta mudou suas políticas de conduta de ódio, permitindo, agora, que mulheres e pessoas trans sejam tratadas de forma depreciativa, sem que o usuário seja punido. Crédito: Vitalii Vodolazskyi/Shutterstock

Mudanças polêmicas nas políticas da Meta

A decisão acontece após a plataforma anunciar a descontinuação de programas de diversidade, equidade e inclusão, alterações em suas políticas de conduta de ódio e o fim dos programas de verificação de fatos por terceiros nos EUA.

Leia mais:

Algumas mudanças incluem a remoção de restrições que proibiam comentários depreciativos sobre mulheres ou pessoas trans, permitindo agora determinadas expressões com base em “discurso político e religioso”.

Por exemplo, usuários podem se referir a “mulheres como objetos domésticos ou propriedade” ou chamar pessoas transgênero ou binárias de “isso”, sem serem punidos.

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